Bolsonaro estanca 1 ano de reprovação em alta; avaliação positiva é de 24%, diz Ipespe

A confirmação de uma reversão na tendência que se registrava havia 12 meses, porém, ainda depende das próximas rodadas da pesquisa

Marcos Mortari

O presidente Jair Bolsonaro discursa em Brasília (Foto: Alan Santos/PR)

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SÃO PAULO – Após quase um ano de crescimento praticamente ininterrupto de seus índices de reprovação, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) parece ter estancado a perda de prestígio junto ao eleitorado. É o que mostra nova rodada da pesquisa Ipespe, encomendada pela XP Investimentos.

De acordo com o levantamento, realizado entre os dias 25 e 28 de outubro, 24% dos entrevistados avaliam como “ótima” ou “boa” a atual administração, em uma oscilação ascendente de 1 ponto percentual em relação à fotografia de setembro.

Já os que classificam a gestão Bolsonaro como “ruim” ou “péssima” somam 54% do eleitorado ‒ segunda pior marca do mandato, perdendo em apenas 1 p.p. para o percentual registrado no mês anterior. O movimento está dentro da margem de erro, de 3,2 pontos percentuais.

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Com isso, o saldo de avaliações positivas e negativas, que já foi de +23 pontos percentuais em fevereiro de 2019, agora está em -30 pontos. A confirmação de uma reversão na tendência que se registrava havia 12 meses, porém, ainda depende das próximas rodadas da pesquisa.

Segundo o levantamento, 20% classificam o governo como “regular” ‒ 2 p.p. a mais em comparação com os dados de setembro. Outros 2% não souberam ou não quiseram responder.

A pesquisa Ipespe contou com 1.000 entrevistas telefônicas, realizadas por operadores com eleitores de todo o país em amostra proporcional à população nacional.

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O intervalo de confiança é de 95,5%, o que significa que, se o questionário fosse aplicado mais de uma vez no mesmo período e sob mesmas condições, esta seria a probabilidade de o resultado se repetir dentro da margem máxima de erro, estabelecida em 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

A melhora na margem do apoio a Bolsonaro observa-se sobretudo entre eleitores das regiões Norte e Centro-Oeste (de 26% para 30%) e Sul (de 22% para 27%).

O presidente também recuperou espaço entre eleitores com 55 anos ou mais (de 26% para 29%), entre aqueles com nível de escolaridade em Ensino Fundamental (de 18% para 22%) e os que não trabalham (de 16% para 23%).

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Também houve crescimento entre as duas faixas com renda mais baixa: aqueles que recebem até 2 salários mínimos por mês (de 18% para 21%) e os com renda familiar entre 2 e 5 salários mínimos (de 24% para 29%).

E Bolsonaro recuperou terreno entre os eleitores evangélicos (de 30% para 39%). Este grupo corresponde a 26% da amostra da pesquisa e já chegou a depositar apoio na ordem de 53% ao atual governo.

O Ipespe também mostra que, em um cenário binário de avaliação do governo, 64% desaprovam a maneira como Bolsonaro vem administrando o país. Outros 30% aprovam. Os números são os mesmos registrados um mês atrás e marcam a maior distância do atual mandato.

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O alívio nos indicadores para o governo acompanha a continuidade da melhora do sentimento do eleitorado em relação à pandemia do novo coronavírus. Segundo o levantamento, 23% dos entrevistados dizem estar com muito medo do surto de Covid-19.

Trata-se do patamar mais baixo desde fevereiro de 2020, quando apenas 21% apresentaram essa resposta. Seis meses atrás, este grupo correspondia a 55% dos entrevistados.

No sentido oposto, 35% dos eleitores dizem não estar com medo do coronavírus ‒ também o maior nível em 20 meses (49%). Foi um salto de 10 pontos percentuais de agosto para cá. Outros 41% dos entrevistados afirmam estar com um pouco de medo da pandemia.

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Apesar da melhor percepção em relação à crise sanitária, não houve melhora na percepção sobre a atuação de Bolsonaro no enfrentamento à Covid-19. Segundo o levantamento, 57% avaliam negativamente a postura do mandatário, contra apenas 21% de classificações positivas.

Para efeitos de comparação, governadores mantêm 42% de avaliações positivas e 21% negativas. E a imagem de prefeitos é ainda melhor: 51% e 15%, respectivamente.

O levantamento também mostrou que oscilou de 61% para 59% o grupo dos eleitores que consideram as notícias recentemente veiculadas na televisão, nos jornais, nas rádios e na internet majoritariamente desfavoráveis a Bolsonaro. Já os que veem um noticiário mais favorável ao mandatário oscilaram de 9% para 7% de setembro para cá.

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A notícia mais lembrada pelos eleitores foi a de que Bolsonaro relacionou a vacina contra Covid-19 ao risco de contrair AIDS ‒ o que não encontra respaldo na realidade. Na sequência aparecem fatos relacionados à “CPI da Pandemia”, ao “descaso com a pandemia” e ao novo Auxílio Brasil.

Embora a tendência de alta na reprovação presidencial por ora tenha cessado, voltou a crescer o descontentamento do eleitorado com a política econômica.

O Ipespe mostra que 67% acreditam que a economia do país está no caminho errado ‒ pior patamar do atual mandato, uma alta de 8 pontos percentuais em três meses. Já os acreditam que a economia está no caminho correto representam 24% dos respondentes.

O levantamento, por outro lado, mostra que 57% dos entrevistados acreditam ser grandes as chances de manterem o emprego nos próximos seis meses ‒ 2 pontos percentuais a mais do que em setembro.

O grupo dos que veem como baixas as chances de manutenção do posto atual caíram de 37% para 33% em um mês.

Quanto à expectativa de endividamento, caiu de 23% para 20% o grupo de entrevistados que acreditam que diminuirão suas dívidas nos próximos seis meses. Mas os que acreditam que as dívidas crescerão no período oscilou de 35% para 34%.

O Ipespe também perguntou aos eleitores sobre o Auxílio Brasil ‒ programa de transferência de renda que o governo federal tenta tirar do papel para substituir o Bolsa Família. Segundo o levantamento, 84% dos eleitores tomaram conhecimento do benefício, mas apenas 11% acreditam que serão contemplados.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.