Bolsonaro diz que só discutirá ajuda à Amazônia se Macron “retirar insultos contra ele”

"Primeiramente, o senhor Macron tem que retirar os insultos que faz a minha pessoa. Ele me chamou de mentiroso. Depois, pelas informações que eu tive, a nossa soberania está em aberto na Amazônia. Para conversar ou aceitar qualquer coisa com a França, que seja com as melhores intenções possíveis, ele vai ter que retirar essas palavras", afirmou o presidente  

Lara Rizério

(Marcos Corrêa/PR)

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SÃO PAULO – Em declaração feita nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil não discutirá ajuda à Amazônia a menos que “o presidente francês Emmanuel Macron retire os insultos contra ele”. Ontem, os países do G7 anunciaram uma ajuda de US$ 20 milhões para combater as queimadas. 

O presidente brasileiro disse que Macron  chamou de “mentiroso” e ameaçou a soberania da Amazônia ao falar sobre a definição de um “status internacional” da Amazônia. Ontem, o líder francês questionou a conveniência de conferir um status internacional à floresta caso os líderes da região tomem decisões prejudiciais ao planeta.

Associações e organizações não governamentais (ONGs) levantaram a questão de definir um status internacional para a Amazônia. “Este não é o quadro da iniciativa que estamos tomando, mas é uma questão real que se impõe se um Estado soberano tomar medidas concretas que obviamente se opõem ao interesse de todo o planeta”, disse Macron. “As conversas entre (Sebastián) Piñera (presidente do Chile) e Bolsonaro não vão nessa direção, acho que ele está ciente desse assunto. Em qualquer caso, quero viver com essa esperança.” Macron garantiu, no entanto, que construiu a iniciativa que será proposta às Nações Unidas “para respeitar a soberania de cada país”. 

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Bolsonaro disse que os ataques de Macron são descabidos e que o Brasil não discutirá a ajuda até que haja garantia de que a soberania do país será respeitada.

“Primeiramente, o senhor Macron tem que retirar os insultos que faz a minha pessoa. Ele me chamou de mentiroso. Depois, pelas informações que eu tive, a nossa soberania está em aberto na Amazônia. Para conversar ou aceitar qualquer coisa com a França, que seja com as melhores intenções possíveis, ele vai ter que retirar essas palavras”, afirmou. 

Vale destacar que ontem a Secretaria de Comunicação Social (Secom) anunciou que o Palácio do Planalto rejeitaria a ajuda financeira de US$ 20 milhões oferecida pelos países do G7 para conter as queimadas na Amazônia.

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O aporte tinha sido anunciado ontem (26), no último dia da cúpula do G7, em Biarritz, por Macron. A maior parte da verba oferecida pelo G7, grupo que reúne os sete países mais industrializados do mundo, serviria para enviar aviões para combater os focos de incêndio na Amazônia.

Apesar da questão do meio ambiente e dos incêndios na Amazônia ter sido um dos principais assuntos do G7, a declaração final do encontro foi enxuta e não abordou o tema. O governo brasileiro acredita que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descrente em relação ao aquecimento global e aliado de Bolsonaro, foi fundamental para evitar que Macron conseguisse aprovar uma declaração mais incisiva sobre a Amazônia.

Macron adotou desde a semana passada uma postura forte contra as queimadas florestais. O presidente francês chegou a publicar uma mensagem no Twitter na qual dizia que “nossa casa” estava em chamas.

A postagem desagradou ao governo brasileiro, principalmente a cúpula militar, que alegou um risco de violação de soberania. Além disso, como Macron ameaçou se opor ao acordo de livre-comércio entre União Europeia (UE) e Mercosul, o governo Bolsonaro acusou o francês de oportunismo político.

Nos últimos dias, Bolsonaro e Macron trocaram acusações e críticas em público, elevando a tensão diplomática entre Brasil e França. No mês passado, o presidente brasileiro também cancelou uma reunião com o chanceler francês, Jean-Yves Le Drian. 

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(Com Ansa)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.