Bolsonaro consolida apoio de fiéis, mas se distancia de novos eleitores

Com pouca estrutura partidária, palanques, recursos financeiros e tempo de rádio e televisão, Bolsonaro deve se concentrar no próprio eleitor para superar adversidades

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O novo levantamento XP/Ipespe mostrou uma tendência de alta nas intenções de voto do deputado Jair Bolsonaro (PSL) na pesquisa espontânea da corrida presidencial, na semana em que participou do programa Roda Viva, da TV Cultura. O parlamentar agora lidera este cenário com apoio de 17% dos eleitores, uma oscilação positiva de 2 pontos percentuais em relação a uma semana atrás.

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Bolsonaro está tecnicamente empatado com o ex-presidente Lula (PT), citado por 13% dos eleitores. A pesquisa espontânea, quando não são apresentados nomes de candidatos aos entrevistados, é muito útil para mostrar o nível de cristalização de apoio a cada um.

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Por este critério, apenas Lula e Bolsonaro têm patamar razoável de votos. Preso há quase 4 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o petista está inelegível e tem chances remotas de participar da disputa, em função da Lei da Ficha Limpa. Sobra o militar da reserva, os demais nadam muito atrás.

“Se a eleição fosse hoje, em quem você votaria (espontânea)”

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Por outro lado, a pesquisa XP/Ipespe também mostrou que a rejeição a Bolsonaro atingiu seu maior patamar já registrado: 57%, tecnicamente empatado com o líder neste indesejável ranking, Lula, com 61%. O parlamentar também apresentou oscilação para baixo de 1 ou 2 pontos percentuais em todos os 4 cenários estimulados de primeiro turno testados.

A elevação da reprovação à candidatura do deputado reforça as dificuldades que ele terá para crescer em outras faixas do eleitorado, sobretudo quando são consideradas desvantagens competitivas.

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Com pouca estrutura partidária, palanques, recursos financeiros e tempo de rádio e televisão, Bolsonaro deve se concentrar no próprio eleitor. A ideia é não perder os votos com os quais conta hoje. Em uma eleição fragmentada, pode ser o suficiente para garantir presença no segundo turno. Neste sentido, seu principal adversário na primeira etapa da disputa é o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), nome apoiado pelo “blocão”.

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Tido como principal nome da centro-direita na disputa, Alckmin ainda patina nas pesquisas. Para conseguir chegar ao segundo turno, o tucano terá de marchar em direção aos eleitores de Bolsonaro, Álvaro Dias (Podemos) e daqueles que não declaram apoio a ninguém. Fatia significativa deste eleitorado apoiou uma candidatura do PSDB à presidência em pleitos anteriores, mas no momento mostra menor disposição em repetir a dose.

Considerando cenário mais provável de disputa entre esquerda/centro-esquerda e direita/centro-direita no segundo turno, Alckmin e Bolsonaro disputariam a mesma vaga. Considerando a abissal diferença a favor do tucano em termos de estrutura, o deputado precisa manter-se forte entre seus eleitores até o fim para avançar, resistindo a pressões e ataques ao longo da corrida. Para Bolsonaro, a regra é manter viva a fé de sua base.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.