Bolsonaro ataca Alexandre de Moraes e diz que país “quase” viveu uma crise institucional

Presidente diz que decisão foi "política" e que o magistrado chegou ao topo da estrutura do Judiciário por "amizade" com o ex-presidente Michel Temer

Marcos Mortari

(Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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SÃO PAULO – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) subiu o tom, nesta quinta-feira (30), contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu ontem (29) a nomeação de Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal.

Em sua tradicional entrevista em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente disse que a decisão foi “política” e que o próprio magistrado chegou ao topo da estrutura do Poder Judiciário por “amizade” com o ex-presidente Michel Temer (MDB).

A decisão de barrar o nome de Ramagem, atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi tomada liminarmente pelo ministro, atendendo a pedido feito pelo PDT, que viu na ação de Bolsonaro um desvio de finalidade.

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O escolhido é amigo do presidente e de seus filhos e sua nomeação ocorreu no bojo da saída do ex-juiz Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que reclamou de diversas tentativas de interferência na Polícia Federal. O estopim para o pedido de demissão de Moro foi a exoneração de Maurício Valeixo, seu aliado, do comando da corporação.

A relação do presidente com o escolhido foi um dos motivos para o veto à nomeação. Bolsonaro, no entanto, rebateu: “Como é que o senhor Alexandre de Moraes foi para o Supremo? Amizade com o senhor Michel Temer. Ou não foi?”, questionou nesta manhã.

Em cerimônia de posse de André Mendonça para o Ministério da Justiça e Segurança Pública e de José Levi para a Advocacia-Geral da União, ontem, o presidente chegou a ler os dois primeiros artigos da Constituição, para ressaltar a independência entre os Poderes, insinuando que a decisão de Alexandre de Moraes desrespeitou o preceito.

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Hoje, na entrevista a jornalistas, Bolsonaro mencionou o fato de Ramagem comandar a Abin e suas experiências profissionais anteriores como indicadores de que ele estaria apto a suceder Valeixo no comando da PF.

“Se não pode estar na PF, não pode estar na Abin também. No meu entender, uma decisão política, política. E ontem [quarta] comecei o pronunciamento falando da Constituição. Eu respeito a Constituição e tudo tem um limite”, afirmou o presidente.

A despeito das recomendações de auxiliares no sentido contrário, Bolsonaro disse que irá recorrer da decisão e que espera que a decisão do tribunal seja tão rápida quanto a que suspendeu a nomeação de Ramagem.

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“Vai recorrer. Conversei ontem com o Jorge [Oliveira, ministro da Secretaria-Geral], conversei também com outros ministros. E vai recorrer. Lamento agora que não tem tempo. Agora demora semanas, meses. Eu espero que seja tão rápida quanto a liminar”, disse.

O presidente ressaltou que, mesmo “chateado”, cumpriu a determinação judicial, mas que “não engoliu” a decisão. “Eu não engoli ainda essa decisão do senhor Alexandre de Moraes. Não engoli. Não é essa a forma de tratar um chefe do Executivo que não tem uma acusação de corrupção, que faz todo o possível pelo o seu país, sacrifica sua família, sacrifica seus amigos, sacrifica a todos”, reclamou.

Para Bolsonaro, Moraes quase gerou uma crise institucional ao desautorizar sua decisão com “uma canetada”. O presidente disse, ainda, que, por coerência, o magistrado agora deveria barrar o nome de Ramagem para a Abin.

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“Agora, eu pergunto ao senhor Alexandre de Moraes: o senhor vai tirar o Ramagem da Abin? É tão importante quanto o diretor-geral da Polícia Federal. Se ele não pode ir para a PF, ele não pode ficar na Abin. Senhor Alexandre de Moraes, aguardo de vossa excelência uma canetada para tirar o Ramagem da Agência Brasileira de Inteligência. Para ser coerente”, provocou.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.