Bolsa pode ir a 100 mil pontos com governo Bolsonaro, avalia ex-diretor do BC

Luiz Fernando Figueiredo, CEO da Mauá Capital, destacou que o diagnóstico dos problemas econômicos já está feito - e que a agenda de Bolsonaro está mais alinhada às reformas

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Muitos economistas mostram ceticismo com relação à aprovação da agenda de reformas para o Brasil e para a retomada da confiança no próximo governo, independentemente de quem saia vencedor das eleições no próximo domingo. Mas esse não é o caso de Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central, sócio fundador da Mauá Capital e que recentemente chegou a ser cotado para ser o novo presidente do BC em caso de eleição de Jair Bolsonaro. 

Figueiredo não comentou os rumores sobre integrar um eventual governo do candidato do PSL, mas, em entrevista ao InfoMoney, destacou um cenário mais positivo para o Brasil do que via no começo do ano. O motivo para tanto é a maior visibilidade com relação às eleições, em meio às maiores chances de Bolsonaro, visto como mais pró-mercado, ganhar o pleito.

“Neste ano tomamos o cuidado na Mauá Capital, por conta do risco eleitoral e das dúvidas sobre o que ia acontecer, de nem ter risco em Brasil, focando mais nos EUA e na América Latina. Mais recentemente, nós voltamos [a investir em Brasil], uma vez que entendemos melhor que o processo [eleitoral] estava indo na direção do Bolsonaro, com uma agenda positiva. Assim, nós passamos a ter mais posição em Brasil e pela primeira vez no ano são as posições mais importantes no nosso portfólio”, afirma Figueiredo.

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A Mauá Capital possui R$ 6 bilhões em ativos sob gestão e apresenta um desempenho 161% do CDI em 3 anos.

O ex-diretor do BC reforça que, em caso de governo Bolsonaro e se o exterior ficar estabilizado, o Ibovespa pode chegar entre 95 mil a 100 mil pontos entre o final de 2018 e o começo do ano que vem.

Isso à medida que os principais atos da agenda da equipe econômica, liderada por Paulo Guedes, sejam implementados. Uma das premissas para que o Ibovespa chegue a esse patamar, contudo, é de maior estabilidade nos mercados mundiais que, nas últimas semanas, vêm sendo um fator limitante para voos maiores da bolsa brasileira.

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“O cenário internacional não está claro nem para o positivo nem para o negativo, mas o padrão de volatilidade aumentou. Não quer dizer que vai ser ruim, mas aquele voo espetacular parece que chegou ao fim. O cenário internacional pode piorar? Pode. Pode afetar o Brasil? Sem dúvida”, apontou Figueiredo.

Neste sentido, o ex-diretor do Banco Central faz uma comparação do Brasil a um barco que está hoje numa situação de tamanha submersão e que precisaria chegar à superfície para que o ambiente internacional tenha um impacto maior para os ativos.

“Nossa economia está parada há mais de 5 anos, a ociosidade é gigantesca. Para crescermos, nem precisaríamos de investimentos no curto prazo. Claro que eles são necessários para crescermos de forma sustentável, mas nós temos um componente cíclico que nos ajuda muito se a confiança se restabelecer a partir de uma agenda boa, de retomada, de sustentabilidade fiscal”, acredita o gestor.

Para o próximo governo, a visão segue de que há riscos em riscos e há muitos desafios. Porém, a equipe do candidato com maiores chances de ganhar, Bolsonaro, está dando sinais de que tem um diagnóstico correto sobre os problemas da economia e está em busca de um melhor ambiente para implementar reformas.

As primeiras sinalizações do candidato do PSL, de inclusive buscar manter nomes da equipe econômica do atual governo de Michel Temer, são muito boas em meio ao capital humano do governo nesta área. “A capacidade que eles têm de experiência é altíssima. E eles têm a mesma visão ideológica de uma agenda liberal. Há um alinhamento muito grande. Então é muito melhor ter alguém que já está ali no dia a dia e que pode ajudar no processo de transição”, avalia Figueiredo.

Prioridades e otimismo cauteloso

Na área econômica, aponta o gestor, a prioridade é resolver a questão fiscal, que está afetando brutalmente a confiança e fazendo com que a economia não cresça. “Nossa dívida não para de subir e daqui a pouco ela vira uma das maiores do mundo, até para parâmetro de países emergentes”, reforça.

Dessa forma, Figueiredo avalia que a reforma da previdência é um dos pontos essenciais para uma maior sustentabilidade fiscal, já que ela é uma fonte enorme e crescente do déficit. “O problema não é só que o déficit é muito alto, ele não para de crescer, todo ano ele cresce 0,5% do PIB, então o governo tem que cortar, cortar e cortar”. 

Ao ser questionado sobre se a reforma da previdência tem apelo na população, Figueiredo ressaltou que uma mudança na previdência que reduza fortemente os privilégios e melhore a condição das pessoas receberem no futuro sem dúvida é popular.

A grande questão passa a ser a comunicação e, neste sentido, ele acredita que haverá uma melhora. “As pessoas estão vendo que, desse jeito, o governo não vai ter condições de pagar a previdência. E sentindo que é melhor arrumar a previdência para que todo mundo se beneficie no futuro”, afirma.

Porém, mais no curto prazo, a população está querendo sair da agenda PT, o que ficou muito claro já, não só na eleição presidencial, mas também na eleição da Câmara, e do Senado.

“Claro, há dúvidas sobre o próximo governo, por enquanto a visão é de não querer o que está aí e sim algo novo. A população está apreensiva, também está com muita dúvida, estamos com 14 milhões de desempregados. Então não dá para ninguém ficar muito otimista. Mas sair dessa situação tão ruim já vai ser uma melhora muito grande”.

Já sobre a campanha adversária, de Fernando Haddad, que recentemente deu sinalizações mais pró-mercado, Figueiredo ressaltou que o discurso é mais vazio e com pouca convicção: “é conversa dos últimos 15 minutos de campanha, desfazendo tudo que estava no programa em uma semana antes. Não dá para acreditar nisso e a população está dizendo que não acredita nisso, com toda a razão“.

Porém, em meio ao cenário que se desenha para as eleições, ele aponta que a estratégia da Mauá é estar mais positivo com Brasil, escolhendo ativos com uma maior relação risco-retorno e que, caso haja volatilidade, possam ter uma boa performance. “Não estamos correndo um risco muito alto, mas a gente está positivo com o Brasil”, afirmou. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.