Bolsa: movimento de ajuste é de curto prazo ou podemos esperar novas quedas?

Analistas visualizam algumas alterações no cenário, mas seguem otimistas e descartam reversão de tendência

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Rendendo-se a um movimento de ajuste mais expressivo, o Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, encerrou suas negociações nesta quarta-feira (06) em forte baixa de 2,09%, cotado a 52.049 pontos.

Em um dia marcado por um movimento generalizado de realização de lucros, apenas 6 das 59 ações que fazem parte da composição do índice encerraram o dia em leve alta. Esse foi o terceiro pregão seguido de desvalorização para o Ibovespa, que apenas nesta semana já acumula perdas de 2,57%.

O movimento de revisão de carteiras por parte dos investidores não se limitou ao mercado brasileiro. Na Europa e nos Estados Unidos, os principais índices acionários, que também acumulam forte desempenho recente, registraram perdas significativas nesta sessão. O mercado de commodities metálicas também sofreu com o movimento de realização de lucros.

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Política monetária foi o assunto do dia

Basicamente, política monetária foi o assunto do dia. Logo pela manhã, o Banco Central Europeu não frustrou as expectativas da maioria e aumentou a taxa básica de juro em 0,25 ponto percentual, para 4,00% ao ano.

Mais até do que a própria decisão, a grande expectativa girava em torno do discurso de Jean-Claude Trichet, presidente do BCE, já que existia o receio de que a autoridade monetária sinalizasse novos aumentos dos juros em futuro próximo.

E foi o que ocorreu. No fim da manhã, Trichet afirmou que as projeções do BC europeu para a inflação e PIB (Produto Interno Bruto) neste ano foram elevadas e que política monetária da região seguirá acomodativa.

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Novidades “abalaram” o otimismo do mercado

Nos Estados Unidos, política monetária também esteve em evidência depois que o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, em discurso na terça-feira, afastou ainda mais a possibilidade de cortes no juro básico norte-americano no curto prazo.

A notícia de que custo da mão-de-obra nos EUA acima do esperado no primeiro trimestre, com desaceleração da produtividade, também contribuiu para a deterioração do humor dos investidores.

A equipe da NGO Corretora comenta que a fala de Bernanke e os dados recentes sobre atividade e evolução dos preços “abalaram” o otimismo do mercado dos EUA ao fortalecerem a tendência de manutenção da taxa de juro básica este ano e mais, ao “reacenderem” a preocupação com a inflação.

Ninguém gosta de correr riscos desnecessários

Refém do cenário anteriormente descrito, os ativos brasileiros de renda variável registraram expressiva desvalorização. O clima de cautela dos investidores foi elevado ainda pela expectativa em torno do término da reunião de junho do Comitê de Política Monetária do Banco Central.

Mesmo considerando que a aposta majoritária era de que o Copom iria acelerar o ritmo de afrouxamento monetário, analistas destacam que havia no mercado quem trabalhasse com a hipótese de um corte de 25 pontos-base ser implementado. “Ninguém gosta de correr riscos desnecessários. Quem já acumulava ganhos significativos, optou pela cautela”, disse um operador que preferiu não ser identificado.

Redução da Fed Funds Rate mais distante?

A análise, no entanto, é de que os investidores realizaram lucros em cima de percepções que realmente podem ter algum impacto real sobre a tendência dos mercados acionários: o futuro da taxa básica de juro das grandes economias do mundo, principalmente a dos Estados Unidos.

“Há neste momento uma percepção de que o Fed está mais distante de um corte e mais próximo de uma alta na taxa de juro, e este quadro cria desconforto e promove movimentos mutantes por parte dos investidores”, completam os analistas da NGO Corretora.

Álvaro Bandeira, da Ágora Corretora, entretanto, minimiza a possibilidade de alta do juro básico nos EUA neste ano e diz acreditar que os novos dados sobre atividade e inflação apenas vão postergar uma possível redução da taxa. “Se antes se trabalhava com a possibilidade de redução da Fed Funds Rate no início do segundo semestre, agora, a aposta é de isso vá ocorrer mais tarde, nos últimos meses do ano”.

Tendência de alta no médio e longo prazo segue inalterada

A percepção dos analistas consultados pela InfoMoney é de que o ajuste verificado nestes últimos pregões, principalmente, nesta quarta-feira, poderá até se estender por mais alguns dias, sem que a tendência de alta no médio e longo prazo seja alterada. Sob a ótima da análise técnica, o Ibovespa poderia recuar de volta ao patamar dos 50 mil pontos ou um pouco menos, sem que o canal de alta seja perdido.

A análise fundamentalista também apresenta uma visão favorável. Apesar da forte e rápida escalada recente do mercado de ações brasileiro, os analistas de Merrill Lynch e Credit Suisse acreditam que as ações nacionais ainda operam com múltiplos atrativos e apresentam-se como uma das melhores opções entre o grupo de países emergentes.

Ajustes deverão se limitar ao curto prazo

Os analistas da corretora Coinvalores parecem concordar: “conforme acompanhamos neste ultimo mês de maio, a Bolsa de Valores de São Paulo registrou sucessivos recordes, com isso, avaliamos que o atual momento para os investidores seja passível de realizações”.

“Contudo, acreditamos que deverão se limitar ao curto prazo, sem comprometer as perspectivas para os horizontes mais longos. Recomendamos, aos investidores, redobrarem as atenções ao longo do mês de junho, mas não acreditamos que seja o momento para optar por investimentos mais conservadores”.

A notícia de que o Copom acelerou o ritmo de afrouxamento monetário e cortou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual na noite de quarta-feira (6), para 12,00% ao ano, completa esse cenário.

É importante ressaltar, no entanto, que na próxima sessão saem dados econômicos importantes nos Estados Unidos. Assim, além de refletir a decisão do Copom, o mercado acionário brasileiro deverá na sexta-feira ser influenciado pelas novidades econômicas e pelo desempenho dos mercados internacionais na quinta-feira.

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