Bolsa do Egito tem melhor pregão em 1 ano após ultimato contra presidente

Índice EGX 30 sobe 4,9% nesta terça-feira, após exército egípcio dar 48 horas para Mohammed Morsi resolver crise política do país

Carolina Gasparini

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SÃO PAULO – Não só no Brasil e na Turquia os governantes têm sentido pressão devido às manifestações populares que tomaram conta dos países e levaram milhões de pessoas às ruas. No Egito, a situação é ainda mais avançada, visto que o presidente Mohammed Morsi recebeu um ultimato na última segunda-feira do exército egípcio para resolver a crise política nas próximas 48 horas. Mesmo em meio à esse cenário instável, o mercado acionário do Egito mostra que os investidores estão bastante otimistas, com o índice EGX 30 registrando seu maior patamar de fechamento em um ano.

Apesar da pressão popular e das manifestações violentas sobre o governo do país, a bolsa de valores egípcia subiu por todo o pregão desta terça-feira (2). O EGX 30, índice acionário do mercado local, registrou alta de 4,9%, com 4.986 pontos em Cairo. O índice acumula cinco dias consecutivos de alta, nos quais subiu 10,2%, mas ainda apresenta variação negativa no ano, de 6,6%.

Em comparação, no dia 3 de junho a bolsa da Turquia despencou 10,5%, fechando com sua menor pontuação em 10 anos, em meio aos protestos que agitaram o país contra o governo autoritário do primeiro-ministro do país, Tayyip Erdogan, no cargo desde 2003. Por aqui, o Ibovespa chegou ao seu menor patamar desde 2009 no final de junho, embora analistas de mercado coloquem outros fatores como mais significativos para explicar a queda do nosso índice.

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No país do norte da África, o agito social mobilizou também membros da oposição, com Naguib Sawiris, fundador do partido Free Egyptian Party dizendo à rede norte-americana CNBC que é a hora de Morsi retirar-se do governo “com dignidade”. Sawiris afirma que a quantidade de pessoas nas ruas protestando contra Morsi corresponde ao triplo de votos que ele recebeu para se tornar presidente.

Morsi não dá sinais de renúncia
Apesar dos clamores para o fim do governo de Morsi, o atual presidente não dá sinais de que renunciará. O exército egípcio, que se aliou ao povo na luta contra  enviou um ultimato ao presidente, para que ele aceite partilhar o poder político do país para resolver a crise que se instaurou no país até quarta-feira, o que foi rejeitado por Morsi, através de uma declaração feita pelo gabinete do presidente. Ela garantiu ainda que Morsi continuará com seus próprios planos de reconciliação, independente de ultimatos ou pedidos.

No entanto, o presidente está sozinho em seu caminho, com seis ministros renunciando aos cargos desde domingo, incluindo os dois porta-vozes do governo. Apesar do envolvimento das forças armadas, o chefe do Comando do Exército, general Abdel Fattah Al Sissi e a FSN (Frente de Salvação Nacional), principal coligação da oposição, rechaçaram a possibilidade de um golpe militar no país.

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Obama avalia situação com preocupação
A agitação no Egito reverbera até nos EUA, que há muito tempo tem financiado o exército egípcio como um apoio para a segurança de Israel. Não está claro até que ponto o país tem sido informado sobre as ações do exército, mas uma autoridade local disse à Reuters que não acredita no sucesso de um golpe sem a ajuda norte-americana.

Em uma conferência na África do Sul, o presidente dos EUA, Barack Obama, garantiu no sábado que está observando a situação no Egito com preocupação, pedindo aos partidos que resolvam suas diferenças. A Casa Branca emitiu um comunicado confirmando uma ligação telefônica de Obama para Morsi, no qual o presidente afirmou que os EUA estão comprometidos com o processo democrático no Egito e não apoiam um partido ou grupo único.

Obama também ressaltou a Morsi que a atual crise só pode ser resolvida através de um processo político.

Segunda revolta popular em 3 anos
Em 2011, a população egípcia foi às ruas por 18 dias exigindo a renúncia do ditador Muhammad Hosni Mubarack, que governava o país desde 1981. Em um movimento sem um líder revelado e que conseguiu unir a população egípcia por meio da divulgação dos protestos via redes sociais. A onda de protestos provocou a renúncia do Mubarack, que logo depois foi julgado por crimes de guerra e contra a humanidade – durante as manifestações, 850 pessoas foram mortas.

Mohammed Morsi foi o primeiro presidente civil eleito democraticamente no país, o que ocorreu em 2012, após a renúncia de Mubarack. No meio tempo entre os dois mandatários, os militares assumiram o comando do Poder Executivo do país de forma interina.

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