BofA visita Brasil e mostra sentimento dúbio: cenário é de confiança e de preocupação

Estrategistas do BofA visitam o Brasil e saem com visão positiva sobre virada em meio à confiança do governo, mas também destaca preocupação dos investidores locais; confira o que eles acharam

Lara Rizério

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O Bank of America Merrill Lynch passou uma semana visitando investidores locais e os formuladores de política local. E quais são as conclusões que a visita do estrategista Claudio Irigoyen e do economista David Beker?

Segundo eles, o governo está plenamente empenhado em restaurar a credibilidade, tanto do lado fiscal quanto em relação à política monetária. “Os investidores locais que conhecemos acreditam que se chega ao fim do ciclo de aperto, enquanto as dúvidas-chave à frente são o momento e as perspectivas de aceleração do crescimento”, afirmam Beker e Irigoyen.

O compromisso fiscal segue forte, afirma o BofA, avaliando que o governo está totalmente comprometido em entregar a meta fiscal, apesar das surpresas negativas. Os cortes no Orçamento a serem anunciados nas próximas semanas são um evento-chave para se assistir.

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Petrobras e racionamento de energia parecem fora do caminho. O lançamento do resultado auditado foi um grande alívio para a administração. A empresa está focada agora no Plano Estratégico e nos processos de desalavancagem. Com relação à energia, a dupla do BofA afirma que as chuvas no início deste ano reduziram significativamente o risco de racionamento de energia elétrica em 2015. Chuvas voltarão ao foco no final do ano, quando a nova temporada de chuvas começa.

Segundo eles, a expectativa é sobre como o governo fará para ativar a economia, ligando a “ignição”.

Foco se move para o crescimento de ignição. “Em nossas reuniões com o Ministério da Fazenda e do Planejamento, a afirmação é de que o governo espera que os investimentos melhorem aconfiança para criar uma inflexão rumo ao crescimento à frente. O governo trabalhando em um plano de concessão, que incluirá pedágios em estradas e também com aeroportos. A ideia é anunciar o programa nas próximas semanas ea expectativa é para maiores taxas de retorno e pagamentos antecipados para ajudar as contas fiscais”, destacam.

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Além disso, o BNDES deverá reduzir seu desembolso de R$ 190 bilhões para entre R$ 170-175 bilhões este ano, também diminuindo o financiamento em infraestrutura.

Do lado da política monetária, o BofA observa que o Banco Central do Brasil continua a entregar uma mensagem “hawkish” (mais dura), notando que é possível obter a inflação a 4,5% até o final de 2016, e que quer manter os impactos secundários do realinhamento tarifário restrito a este ano. O cenário mais provável para eles é um outro aumento da Selic em 50 pontos-base em junho.

Por outro lado, a incerteza política deverá manter-se elevada, mas o cenário de base é para as medidas fiscais serão aprovadas pelo Congresso. “A votação sobre mudanças no seguro-desemprego na semana passada foi uma vitória para o governo, mas a margem apertada mostrou que o governo precisa evitar surpresas negativas”, afirmam.

Já em relação ao cenário internacional, há um consenso de que o Federal Reserve não deve elevar as taxas de juro antes de setembro. 

Piorar antes de melhorar
Consultados pelo estrategista e pelo economista do BofA, os investidores locais continuam preocupados com as perspectivas de crescimento, com o abrandamento da atividade econômica se acelerando nos próximos meses. E, com a economia mais devagar, haverá uma redução da pressão salarial devido à diminuição do emprego. 

No entanto, a inflação deve seguir resiliente devido ao forte componente inercial. Há capacidade para atingir o superávit primário de 1,2% do PIB neste ano, além do objetivo mais ambicioso de 2% no ano que vem. No entanto, a avaliação é de que se o ministro da Fazenda Joaquim Levy conseguir 70% da economia pretendida, o ajuste já é significativo e suficiente para evitar um rebaixamento do rating soberano. As principais preocupações estão na incapacidade do PT para controlar o Congresso, as manifestações de rua e as dinâmicas da política interna.

Com relação à política monetária, o que se vê é um cenário um pouco confuso em relação à trajetória futura. Dado o tom da última Ata, a expectativa é por uma nova alta de 50 pontos-base com possíveis novas altas à frente. Além da aprovação de iniciativas fiscais adicionais pelo Congresso, não há nenhum evento significativo antes da próxima reunião para justificar uma mudança no ritmo. Os participantes do mercado local veem como improvável que a meta de 4,5% para a inflação será alcançada até o final de 2016.

Já quando se trata do câmbio, há um consenso de que o real ainda precisa de enfraquecer significativamente, mas espera-se uma menor volatilidade. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.