BofA lista 5 temas que devem chamar a atenção dos investidores em 2013

Infraestrutura, reformas, intervenção do governo, câmbio e migração dos investimentos deve estar no foco dos investidores no próximo ano

Lara Rizério

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SÃO PAULO – De olho em 2013 e apostando que o ano será melhor para os ativos latino-americanos, o Bank of America Merrill Lynch listou cinco temas que devem ter papel central nas discussões econômicas, principalmente no Brasil. Dentre os pontos que devem chamar a atenção dos investidores por aqui, estão a infraestrutura, as reformas, a intervenção governamental, o câmbio e a migração dos investimentos de renda fixa para a renda variável. 

Veja abaixo os principais pontos que os investidores devem se atentar com relação à economia brasileira no próximo ano:

1. Infraestrutura. Apesar do forte ano de 2012, a equipe do BofA, formada por Felipe Hirai, Marina Valle e Marcos Buscaglia, espera um outro bom ano para o setor de infraestrutura, uma vez que os governantes precisam continuar a estimular o desenvolvimento econômico através do investimento em diversos setores, como no logístico. “Diferente deste ano, em que existiram mais anúncios do que execução, esperamos maior entrega de projetos em 2013”, afirma a equipe de análise. 

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No Brasil, os investimentos públicos em infraestrutura através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) alcança os seus estágios finais com gastos de apenas 38,5% da previsão de gastos de US$ 1,7 trilhão para o quadriênio 2011-2014. Contudo, os analistas do banco norte-americano acreditam que os prazos para que sejam entregues construções e outros projetos para megaeventos esportivos (como Olímpiadas e Copa do Mundo, com a construção de rodovias, aeroportos, entre outros) aumenta a confiança sobre o foco do governo em investimentos. 

Neste ambiente, a participação do setor privado se torna fundamental, avaliam, uma vez que somente o setor público é incapaz de arcar com todas as demandas de investimentos necessários para o País. 

2. Reformas. Os analistas ressaltam que, no Brasil, houve algumas mudanças tanto nos impostos quanto nas regras de trabalho, o que deve continuar no próximo ano. Entre eles, está a desindexação do mercado financeiro, fazendo com que investidores tenham que sair das aplicações relacionadas à Selic e de taxas de inflação. 

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Ainda no campo das reformas trabalhistas, o governo estaria procurando por mudanças nas regras de imigração via facilitação da entrada de trabalhadores estrangeiros qualificados em setores estratégicos. Entre eles estariam o petroquímico, óleo e gás e tecnologia. De acordo com a equipe de análise, estas mudanças devem ocorrer uma vez que o Brasil não tem uma mão de obra qualificada. Sendo assim, o governo procura aumentar a produtividade dos países e da competitividade.

3. Intervenção. Durante o ano de 2012, o Brasil sofreu várias intervenções do governo de forma a estimular alguns setores ou regular os preços e taxas cobradas por outros – energia e bancos, respectivamente. Além disso, o governo aumentou a regulação no setor de telecomunicações, controlou os preços da gasolina e exerceu uma grande influência no setor industrial pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Entretanto, ressaltam, a economia brasileira fracassou em conseguir uma aceleração econômica.

Desta forma, as preocupações dos próximos períodos devem se concentrar em como o governo deve reagir ao fraco crescimento econômico. Assim, a intervenção deve continuar, em meio à uma combinação de estímulo da atividade e de controle da inflação. Agora, afirma a equipe, o destaque deva ser na ativação dos investimentos pelas empresas, apoiado pela redução da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que é a taxa cobrada para os empréstimos pelo BNDES.

Os setores mais suscetíveis a intervenções, de acordo com a equipe do BofA, são os de concessões rodoviárias, telecomunicações, portos, infraestrutura e construção. “De qualquer modo, nós acreditamos que os impactos de intervenções já estariam precificadas pelo mercado”, avaliam. Para eles, os riscos de intervenção podem continuar ou até mesmo crescer, devido aos números ruins da economia. Entretanto, apontam, talvez seja hora de mudar após tantas intervenções na economia.

4. Câmbio. As intervenções no mercado de câmbio, apontam os analistas, tornam as perspectivas de que a moeda continue desvalorizada em 2013. Assim, eles ainda veem sinais de desvalorização da moeda brasileira caso o crescimento econômico se esteja mais fraco do que o esperado em 2013. Os analistas avaliam ainda que a recente desvalorização do real frente ao dólar deva ser positivo para o Brasil, principalmente para os papéis de setores de materiais básicos. 

5. Mudança no portfólio. Em meio a tantas mudanças econômicas, o estrategista-chefe do BofA, Michael Hartnett, espera uma transição dos investidores da renda fixa para a variável, impulsionado pela expectativa de recuperação no segundo semestre do próximo ano, com as estimativas de upsides devendo aumentar. Assim, Hartnett tem uma perspectiva otimista para o mercado de ações e crédito, pessimista para títulos públicos e neutro em commodities. 

Em diferentes análises, o Brasil pode ser um dos maiores beneficiários, assim como o México, uma vez que eles são altamente correlacionados com os mercados globais, sendo um dos maiores da região. Além disso, o Brasil pode se beneficiar do forte desconto das ações, assim como uma melhora das condições econômicas chinesas, que podem aumentar o preço das ações de empresas de commodities. 

Por outro lado, empresas de setores regulados, como de energia e telecomunicações, apesar de apresentarem métricas positivas para o investimento, preocupam devido à intervenção do governo, apontam os analistas. Desse modo, a equipe do BofA se mantém cautelosa para investir nesses segmentos.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.