Bloomberg questiona quem é menos popular no Brasil: a Copa do Mundo ou a presidente?

De acordo com correspondente da agência de notícias, popularidade de Dilma está ainda menor do que a da Copa, que é alvo de protestos pelo País

Lara Rizério

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SÃO PAULO – “Você sabe que há um problema quando Dilma Rousseff, a presidente do Brasil –  talvez o País mais louco por futebol na Terra -, tem que recorrer a uma campanha de relações públicas para vender à população os benefícios de sediar a Copa do Mundo deste ano”.

É assim que o correspondente da Bloomberg para a América Latina Raul Gallegos inicia o seu texto, que ressalta que, para o Brasil, esta é uma resposta reveladora de uma virada impressionante para o País e para a presidente. Desde junho, quando milhares de brasileiros de classe média foram para as ruas para protestar contra os serviços públicos de má qualidade e os gastos excessivos em estádios de futebol, a Copa do Mundo passou de uma fonte de orgulho para uma responsabilidade política, afirma.

Para Gallegos, o verdadeiro problema para Dilma é que ela está buscando a reeleição em outubro e um fracasso durante os jogos de futebol poderia “desferir o golpe final”. “Não é de se admirar que Rousseff esteja tão ansiosa para convencer os brasileiros a sorrir para as câmeras”, ressalta.

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A Bloomberg ressalta os últimos esforços de Dilma Rousseff, que está em uma “campanha inegável” para a promoção do País. Gallegos citou a participação de Dilma no Fórum Econômico Social, em Davos, para conquistar os investidores em meio a recente desempenho econômico medíocre do Brasil, enquanto até grandes astros como o ex-jogador de futebol Pelé saíram em defesa da Copa.

Porém, o colunista ressalta que o Brasil possui problemas maiores do que as manifestações, uma vez que seis dos doze estádios da Copa do Mundo ainda não estavam prontos em janeiro. Além disso, os protestos sugerem que as medidas de segurança podem não ser suficientes para o evento. Está ainda em jogo a capacidade das companhias aéreas e dos aeroportos brasileiros para lidar com a demanda dos torcedores que irão viajar pelo Brasil para assistir aos jogos.

E avaliou:” a realidade é que a administração de Dilma é muito menos popular do que o torneio de futebol global”, mencionando uma pesquisa realizada pelo instituto Datafolha no Brasil publicado em outubro que mostrou que 63% dos brasileiros apoiam a Copa do Mundo, acima do índice de aprovação de Dilma, de cerca de 41% em novembro, de acordo com outra pesquisa. 

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Neste cenário, Gallegos aponta a fala de um porta-voz do PT (Partido dos Trabalhadores), de Dilma Rousseff, José Américo Dias. Ele afirmou que os brasileiros estão fartos de políticos em geral mas avaliou que, se a Copa tiver qualquer significado político em 2014, não será contra, mas a favor de Dilma. Isso porque ela será um sucesso absoluto, na visão de Dias. 

Contudo, apesar da “insatisfação” dos brasileiros com a Copa, Gallegos conclui: “se a raiva dos brasileiros e a frustração com a administração de Dilma é justificado, esta é uma questão a ser resolvida nas urnas. Porém, os brasileiros preocupados com a imagem e as suas próprias riquezas, devem esperar que tudo corra bem com a Copa do Mundo”, afirma.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.