Bernanke já disse como, mas o risco para a estratégia de saída é o “quando”

Presidente do Fed aponta as ferramentas, mas analistas continuam em dúvida sobre melhor hora para empregá-las

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SÃO PAULO – Cercada de expectativas, a visita semestral do presidente do Federal Reserve – Ben Bernanke – ao congresso dos EUA trouxe a tona dois temas cruciais para a autoridade monetária: a estratégia de saída do ciclo de alívio e sua autonomia.

“O glamour e a excitação em torno do testemunho de Bernanke foram ofuscados pelo artigo
ao Wall Street Journal”, comentou Chris Tennet-Brown, analista do banco Commonwealth, sobre o texto publicado momentos antes de sua apresentação. Em sua avaliação, não houve surpresas no discurso, que apenas trouxe uma visão levemente mais positiva sobre a economia dos EUA.

Como destaca a equipe do Dasnke Bank, Bernanke sintetizou alguns dos argumentos anteriormente divulgados na minuta do Fed, embora tenha sido capaz de delinear pontos práticos que envolverão a estratégia de saída do atual ciclo de alívio monetário.

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Desculpa

Ainda assim, a recepção dada pelo mercado à fala de Bernanke foi desfavorável. Como ressalta Miriam Tavares, diretora de câmbio da AGK Corretora, “os participantes do mercado estavam buscando realizar lucro e usaram os comentários de Bernanke como um pretexto”.

Ainda houve reação, ao final do pregão, mas ficou claro que as palavras do presidente do Fed não contribuíram para aumentar a confiança dos investidores nos cenários futuros para atividade econômica e inflação.

Mais do mesmo

Tanto no artigo ao WSJ, quanto em seu discurso ao Congresso, Bernanke afirmou possuir ferramentas suficientes para reverter a atual política monetária, classificada como extremamente agressiva, como o pagamento de juro sobre os depósitos de bancos privados junto ao Federal Reserve.

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“Temos poucas dúvidas sobre a capacidade do Fed em reduzir ou esterilizar o excesso de reservas quando a hora chegar”, confiam os analistas do banco francês Société Générale. No entanto, o grande risco está sobre avaliar a hora apropriada para agir, afirmam.

Embora o desenho esteja pronto, “não há horizonte temporal ou condições para a remoção da política de acomodação”, aponta o Danske Bank. Embora algumas das medidas tenham um processo natural de remoção, as conectadas aos programas de recompra de ativos necessitarão de postura ativa do Fed.

Independência

Ressaltada por parte dos economistas como fundamental para a estabilidade monetária, a independência do Federal Reserve é ameaçada por propostas legislativas que buscam aumentar a supervisão do Congresso sobre o Federal Reserve. Tais medidas entraram em discussão após as ações extraordinárias adotadas, especialmente pela grande elevação da base de ativos e obrigações do banco central norte-americano.

Bernanke, todavia, teme que tais exigências sirvam para constranger a atuação dos membros do Federal Reserve, abrindo espaço para a revisão de decisões sobre política monetária e operações consideradas de caráter técnico.

“Isto poderia aumentar o temor sobre inflação e levar à elevação dos rendimentos dos Treasuries”, concluiu o Société Générale, para quem o Fed confiará mais em suas projeções econômicas que nos indicadores de momento.

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