Bernanke dirige-se ao Senado tentando se reeleger e manter autonomia do Fed

Especialistas preveem duros questionamentos por parte dos senadores em face do recente escândalo dos bônus da AIG

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SÃO PAULO – O mandato de Bernanke no Federal Reserve aproxima-se do fim e começam os debates em torno de sua reeleição, já indicada pelo presidente dos EUA, Barack Obama. O processo tem episódio fundamental nesta quinta-feira (3), quando o chairman tem uma audiência marcada em Washington frente ao Comitê Bancário do Senado.

O evento chama menos atenção por qualquer possível interferência na indicação de Obama – um segundo mandato de Bernanke é considerado como altamente provável por especialistas – e mais pelos duros questionamentos que ele deve enfrentar.

Na última quarta-feira, o senador Bernie Sanders afirmou que o Fed de Bernanke fez pouco para os cidadãos comuns norte-americanos e muito para os grandes bancos. Sanders referia-se a escândalos de pagamento de bônus em Wall Street, que recentemente vieram à tona no país.

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A seguradora AIG concedeu US$ 165 milhões em bônus de final de ano a seus executivos mais bem pagos, mesmo tendo sido resgatada pelo Fed de uma completa bancarrota, despertando grande descontentamento entre os contribuintes norte-americanos, que ainda se deparam com altas taxas de desemprego.

Autonomia do Fed em risco

Se por um lado Bernanke será praticamente interrogado pelos senadores, que tentam aplacar a raiva de seus eleitorados, em contrapartida ele terá a oportunidade ideal para tentar dissuadir o Senado norte-americano de seus recentes projetos de lei que visam uma redução dos poderes do Fed.

Um desses projetos é o de Christopher Dodd, senador democrata e também presidente do Comitê Bancário ao qual Bernanke se dirigirá. Dodd propõe uma drástica redução no escopo de atividades do Fed, deixando-o responsável apenas pela condução da política monetária. A proposta do senador também prevê mudanças no sistema de votação dos dirigentes regionais da autoridade e do Fomc (Federal Open Market Committee). “Seria o fim da independência do Fed”, afirmam analistas.

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No entanto, o projeto mais temido por Ben Bernanke é o do deputado republicano Ron Paul. De acordo com sua proposta, todo ato da autoridade, incluindo decisões de política monetária, poderão estar sujeitos a uma auditoria por parte do Senado. Para Bernanke, isto sujeitaria o Fed a pressões políticas, suscitando dúvidas no mercado quanto à capacidade da autoridade de manter a inflação sob controle.

Entenda o sistema

Indicado pela primeira vez pelo ex-presidente norte-americano George W. Bush, Ben Bernanke termina seu primeiro mandato à frente do Federal Reserve em 31 de janeiro. Sua reeleição é altamente provável, já que conta com o apoio de 12 dos 23 membros do Comitê Bancário do Senado.

O sistema norte-americano determina que, após indicado por Barack Obama, o segundo mandato de Bernanke seja aprovado em primeira instância pelo Comitê, para somente depois ser submetido ao aval de todo o corpo do Senado, onde também não deve encontrar muita resistência para ser aprovado, uma vez que sessenta das cem cadeiras da Casa são ocupadas por democratas.

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