ASSISTA: Lula abre Assembleia Geral da ONU após novas sanções; Trump fala em seguida

Presidente brasileiro fala em Nova York sobre democracia, fome e soberania, um dia após novas sanções contra Moraes

Marina Verenicz

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cumpre a tradição e discursa na abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York nesta terça-feira (23), um dia após o governo Donald Trump anunciar novas sanções contra o Brasil, aplicando a Lei Magnitsky à esposa do ministro Alexandre de Moraes, Viviane Barci de Moraes, e ao instituto Lex, ligado à família do magistrado.

No palco mais simbólico da diplomacia internacional, Lula deve reforçar bandeiras que tradicionalmente leva às cúpulas multilaterais: defesa da democracia, combate à fome e fortalecimento da governança global. O presidente também deve insistir na proteção da soberania brasileira, em um momento em que cresce a tensão com os Estados Unidos.

A sessão está prevista para começar às 10h (horário de Brasília) – assista ao vivo no player acima.

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Pouco depois, às 10h50, Trump sobe à tribuna para dar o seu discurso, na primeira ocasião em que o mandatário americano divide espaço com Lula desde que tomou posse para seu segundo mandato, em janeiro deste ano.

No total, mais de 30 líderes mundiais discursam nesta terça-feira: 14 pela manhã e o restante a partir das 16h.

Tradição brasileira

O Brasil é historicamente o primeiro país a discursar na Assembleia Geral. A tradição remonta à década de 1950 e se consolidou a partir de 1955. Lula falará logo após a abertura formal feita pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, e pela presidente da Assembleia, a alemã Annalena Baerbock.

Será o 10º discurso de Lula na ONU ao longo de seus três mandatos. Ele só se ausentou em 2010, quando preferiu focar na campanha de sucessão que elegeu Dilma Rousseff (PT).

Logo após o brasileiro, falará o presidente anfitrião, Donald Trump. No total, mais de 30 líderes mundiais discursam nesta terça-feira, 14 pela manhã e o restante a partir das 16h.

Crise entre Lula e Trump

A abertura da Assembleia da ONU será marcada por discursos que devem expor a maior divergência diplomática entre Brasil e Estados Unidos em oito décadas de reuniões anuais.

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Lula deverá defender o multilateralismo, pedir cooperação climática e propor alternativas para os atuais conflitos bélicos. O brasileiro também deve criticar medidas unilaterais de comércio, com menção indireta às tarifas impostas por Washington — sanções que, no caso do Brasil, incluem restrições comerciais e medidas punitivas contra autoridades.

Trump, por outro lado, deve reforçar o papel dos EUA como potência central, criticar a agenda de sustentabilidade e assumir defesa enfática de Israel no conflito da Faixa de Gaza, além de endurecer o tom contra o avanço de outras potências globais.

Embora Lula provavelmente não cite Trump nominalmente, os Estados Unidos serão o principal alvo de sua fala, em um gesto que cristaliza o clima de atrito entre os dois países.

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O contraste é inédito: em 201 anos de relações diplomáticas, Brasil e Estados Unidos nunca chegaram à ONU tão distantes em suas agendas.