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SÃO PAULO – Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga afirmou que, com ou sem o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o Brasil caminha para o “caos profundo” se não mudar de rota através de reformas. “É disso que estamos falando. Não é uma aspirina e um suco de laranja que vai resolver.” Segundo ele, o PT desperdiçou sua chance e o impeachment, desde que dentro de suas regras, seria uma solução para destravar a crise econômica.
Ele também foi incisivo ao defender uma mudança política: “chegou a hora. O PT fez essa lambança toda, imperdoável”, afirmou ele ao jornal, ao defender “uma nova liderança”. “Pessoalmente, preferia que fosse o PSDB, mas pode ser qualquer outra, desde que seja moderna”, acrescentou.
Para ele, o Brasil ainda não está barato (como foi observado por muitos no começo do mês) o suficiente para compensar o risco de investir. Segundo Armínio, superada a crise atual, o crescimento não volta se não for equacionada a dívida pública. O economista diz não acreditar que batemos o fundo do poço: “infelizmente, até para estabilizar vai ser preciso trabalhar bastante. Não vou dizer que seja um poço sem fundo, mas não se corrigirá sozinho”.
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Fraga afirmou ainda que, apesar da crise política, existe uma janela para reformas mais amplas: “pode-se chegar a um ponto em que o medo domine e, se houver um mínimo de dignidade política e diagnóstico, pode ser que comece o processo.” Neste sentido, ele elogiou o documento do PMDB chamado “Ponte para o Futuro”, divulgado no final do mês passado.
“Temos que mostrar que uma alternativa mais transparente e mais liberal, com um Estado melhor, é muito mais progressista que o que tivemos aqui. O modelo atual é um modelo saturado, um Estado que no fundo não atende aos mais pobres. Eles foram beneficiados, sim, com melhorias importantes, mas há um dinheiro enorme indo para outros lugares e sendo desperdiçado. Essa é uma boa briga política”.
Fraga, que seria o ministro da Fazenda caso Aécio Neves (PSDB) fosse o vencedor das eleições presidenciais do ano passado, afirmou ainda que não se “desintoxicou” da “nojeira” da campanha eleitoral e prefere não pensar na possibilidade de voltar à vida pública. “Sou muito de bem com a vida, e não me arrependo de ter me dedicado boa parte do ano passado para ajudar o Aécio, mas não é da minha natureza estar permanentemente engajado nisso”.
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