Armínio Fraga diz que o País segue um “caminho insustentável”

Para o ex-presidente do BC, o Brasil enfrenta, também, uma crise "política e policial", em função dos desdobramentos da Operação Lava Jato.

Estadão Conteúdo

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O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga evitou nesta quinta-feira, 3, comentar os riscos e rumores de uma eventual saída do atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy, após desgastes no governo. Para o economista, o País segue um “caminho insustentável” e não há uma “resposta mais completa e mais convincente” sobre o quadro de crise econômica. Fraga avalia que o Brasil enfrenta, também, uma crise “política e policial”, em função dos desdobramentos da Operação Lava Jato.

“Levy é uma pessoa importantíssima. Essa é uma questão política, não sou político”, despistou Fraga após participar de palestra na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio. “Estamos vivendo um momento muito tenso por várias razões, economia em recessão, crise política, crise policial. Espero que isso se corrija. A mistura de incerteza econômica com incerteza política faz com que, na prática, a política domine hoje”, afirmou o ex-presidente do BC.

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Questionado se ele enxerga uma saída política para a situação, Fraga indicou que “no momento, não”. Para ele, “algumas boas propostas” foram apresentadas, mas ainda não começaram a gerar resultados.

“Enquanto país, temos uma vocação para fazer marola sem abordar as questões. Essa confusão toda atrapalha. As pessoas estão preocupadas com muitos assuntos ao mesmo tempo e não conseguem dar uma resposta mais completa e convincente nesse quadro de crise. Não adianta tapar o sol com a peneira, é preciso dar uma resposta à altura”, afirmou.

Para Fraga, a proposta de orçamento do governo para 2016, com déficit de cerca de R$ 30 bilhões, “põe pressão” ainda maior sobre a crise atual. “A sensação é que a responsabilidade fiscal está suspensa. O caminho é insustentável. É aritmética, óbvio. Não tem como ter juros de 7% fazendo a dívida crescer. Até onde isso pode ir? Ninguém acredita que vai continuar para sempre. A questão é o que fazer e como”, disse.

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O economista defendeu ainda que o Banco Central atue para alcançar a meta de inflação, mas sinalizou que, sozinha, a instituição não conseguirá melhorar o cenário macroeconômico. “O Banco Central tem que perseguir a meta de inflação. E tem que contar com a colaboração de outras áreas do governo, tipicamente a área fiscal. As coisas estão ligadas”, pontuou.

O ex-presidente do BC ainda indicou que há risco de o País perder o grau de investimento, mas enfatizou que não é o principal problema da economia hoje. “Não sou obcecado com essa questão. Está em risco, com certeza. Mas é um aspecto limitado da coisa, diz respeito à capacidade de o Brasil pagar sua dívida externa. Me preocupo com o quadro geral”, concluiu.

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