Após vitória de Maduro, Venezuela segue “em direção ao desastre”

Está claro que Maduro não encontrou uma solução para conter o colapso do país

Bloomberg

Nicolás Maduro governa a Venezuela desde 2013, após a morte de Hugo Chávez (Foto: Reprodução)

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(Bloomberg) — Nicolás Maduro está tentando se juntar à lista de presidentes vitalícios. Seu maior obstáculo é a crise econômica que ele ajudou a criar na Venezuela.

No domingo, ele venceu com folga uma eleição à revelia das autoridades internacionais e boicotada pela oposição. Foi a evidência mais clara até agora de que a experiência socialista tem pouco apoio no país.

Maduro, 55 anos, pode se juntar a Robert Mugabe, do Zimbabwe, ao cubano Fidel Castro e a Nursultan Nazarbayev, do Cazaquistão, como líder máximo por décadas de uma nação considerada pária pela comunidade mundial.

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No entanto, o sucessor escolhido a dedo pelo falecido Hugo Chávez lidera uma população enfurecida pela fome e pela carestia. O regime tem sido punido e isolado. O vice-secretário de Estado dos EUA, John Sullivan, afirmou no domingo que as sanções à indústria petrolífera do país passariam por “revisão ativa” – o que pode piorar a escassez de comida, medicamentos, eletricidade e até água.

Na noite de domingo, a autoridade eleitoral da Venezuela anunciou a vitória de Maduro, com quase 68 por cento dos votos, enquanto o segundo colocado, o ex-governador Henri Falcón, teve 21 por cento. O número mais relevante foi o de comparecimento às urnas: somente 48 por cento, a menor parcela para uma eleição presidencial desde que Chávez assumiu o poder, em 1999.

Apagar das luzes

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Eleitora de Falcón, a cabelereira desempregada Briceida Vallenilla, 50 anos, observava o local de votação vazio no bairro operário de San Juan, em Caracas. “Eu sempre disse que ninguém deve reclamar se não fizer sua parte pela mudança”, ela afirmou. “Agora me sinto enganada. Depois de amanhã, não vou mais perder meu tempo.”

Não está claro se o baixo comparecimento às urnas ocorreu pela desilusão de quem já apoiou o regime ou se foi uma resposta ao boicote convocado por dissidentes que alegam fraude na eleição. O que está claro é que Maduro, que já foi motorista de ônibus e ministro das Relações Exteriores, não encontrou uma solução para conter o colapso do país.

Zeros cortados

Maduro prometeu uma “revolução econômica”. Mas a moeda virtual que ele criou para escapar das sanções fracassou e ele foi obrigado a cortar três zeros do sofrido bolívar. Logo vão vencer bilhões de dólares em dívidas e credores como a ConocoPhillips estão confiscando ativos da estatal petrolífera PDVSA. A hiperinflação pode chegar a 13.000 por cento neste ano e o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a economia vai encolher 15 por cento.“É um trem em alta velocidade em direção ao desastre; aparentemente o governo não tem plano para consertar isso”, disse Phil Gunson, analista do grupo International Crisis que trabalha em Caracas.

Maduro atribui os problemas da Venezuela a um “bloqueio financeiro” e a sabotagens por empresários e políticos da oposição. Neste mês, o governo assumiu o controle do Banesco Banco Universal, que era a maior instituição financeira de capital privado do país, e prendeu seus diretores. As autoridades acusam o banco de facilitar ou esconder “ataques contra a moeda”.

©2018 Bloomberg L.P.

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