Após rejeição, congressistas e governo dos EUA buscam nova saída para plano

Administração Bush sofre oposição da própria base e terá de fazer concessões; eleições e pressão popular são empecilhos

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SÃO PAULO – As explicações são muitas para a inesperada rejeição no Congresso do plano para resgate do setor financeiro nos Estados Unidos. No entanto, nada altera a necessidade da adoção de medidas para prevenção de um colapso. Sabendo disto, governo e líderes congressistas já se preparam para novas negociações.

O duro golpe recebido pelo governo de George W. Bush, incapaz de mobilizar sua própria base de apoio no legislativo, foi interpretado também como uma atitude eleitoreira de boa parte dos parlamentares, preocupados em reeleger-se no pleito a ser disputado em aproximadamente um mês.

No entanto, as causas são mais profundas, e sua elucidação poderá ser crucial para a adoção dos passos certos nas próximas negociações. Congressistas, como o líder da maioria democrata na Casa dos Representantes Steny Hoyer, pretendem votar um novo projeto até o fim desta semana.

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Comunicação social

Um dos alegados “erros” da administração Bush, desde a elaboração do projeto, foi a comunicação mal-feita com os eleitores. Pesquisas, como a realizada pelo jornal USA Today, revelam que apenas cerca de um quarto dos norte-americanos apoiava a medida.

Deste modo, o governo deverá ampliar seus esforços para demonstrar à população dos EUA que o pacote pretende restabelecer a confiança dos mercados e destravar o crédito, crucial para manutenção de empregos e consumo, além de que boa parte dos US$ 700 bilhões serão recuperados com a posterior venda dos ativos.

Essa melhor comunicação reduziria a pressão do eleitorado sobre os representantes, que poderiam votar a favor do plano sem temer retaliações. Primeiro passo neste sentido, o discurso do presidente Bush em cadeia nacional, na manhã desta terça-feira (30), buscou mostrar à população a importância do resgate.

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Quanto pior, melhor

Outra aposta dos negociadores é de que a deterioração dos mercados, como visto na última sessão, leve os norte-americanos a apoiar a adoção de medidas para conter a crise. “Quando o resultado da inação de congressistas ficar clara, os norte-americanos não tolerarão aqueles que opuseram-se e deixaram a calamidade ocorrer”, afirmou membro da Câmara de Comércio dos Estados Unidos.

Uma das possíveis saídas para o plano é submetê-lo ao Senado, onde os legisladores estão menos sujeitos à pressão popular, para somente então enviá-lo à Casa dos Representantes, análoga à Câmara dos Deputados brasileira, quando então poderia sofrer novas modificações.

Retórica

Chamou a atenção o fato de o partido republicano ter votado majoritariamente contra a proposta, elaborada pelo governo que deveria sustentar. Em fim de mandato, duvida-se muito da capacidade de convencimento sobre parlamentares do impopular presidente George Bush.

Alegando motivos ideológicos – a defesa do livre mercado – ou partidários, em retaliação ao discurso da democrata Nancy Pelosi, líder da Casa, antes da votação, a ala conservadora do poder legislativo pode se tornar um problema para o governo, forçado a restringir seu plano, mas ainda assim torná-lo aceitável para a maioria oposicionista.

Num cenário de intransigência por parte dos republicanos, o governo Bush seria forçado a fazer várias concessões aos democratas, buscando o apoio maciço destes e a aprovação unilateral. Os trabalhos de bastidores devem intensificar-se neste dia, feriado norte-americano do ano novo judaico.

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