Após manifestações, Bolsonaro vê rejeição superar aprovação pela primeira vez, mostra XP/Ipespe

Segundo levantamento, grupo de entrevistados que classifica a atuação do governo como ruim ou péssima chegou a 36% – alta de 5 pontos percentuais em duas semanas

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Uma semana após milhares de brasileiros irem às ruas para protestar contra contingenciamento na educação, o governo Jair Bolsonaro (PSL) tem, pela primeira vez desde o início do mandato, uma avaliação negativa numericamente superior às opiniões positivas. É o que mostra edição especial da pesquisa XP/Ipespe, realizada entre os dias 20 e 21 de maio. Foram feitas 1.000 entrevistas telefônicas com eleitores de todas as regiões do País.

Segundo o levantamento, o grupo de entrevistados que classifica a atuação do governo como ruim ou péssima chegou a 36%, uma alta de 5 pontos percentuais em comparação com o resultado observado na primeira semana de maio. Já o nível de ótimo ou bom oscilou 1 p.p. para baixo no mesmo intervalo, passando a 34%. Apesar do viés negativo, o saldo de avaliação está dentro da margem de erro da pesquisa, de 3,2 p.p. para cima ou para baixo.

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A série da pesquisa indica um recuo de 6 p.p. nas avaliações positivas de Bolsonaro em relação a fevereiro, seu melhor momento desde que assumiu a presidência. Já as classificações negativas sobre a gestão do pesselista saltaram 19 p.p. desde então.

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Considerando a redução de 6 p.p. observada entre os entrevistados que avaliam o governo como regular, é possível que parte significativa deste grupo tenha migrado para a ala dos descontentes. Outra fatia veio daqueles que preferiam não opinar a respeito em outras pesquisas, grupo que minguou de 11% para 4% entre fevereiro e maio.

Movimento descendente também foi observado nas expectativas da população para o restante do mandato de Bolsonaro. De acordo com a pesquisa, o grupo de eleitores que esperam uma gestão ótima ou boa caiu de 51% para 47% entre a primeira e a terceira semanas de maio. Em janeiro, os otimistas somavam 63%.

No sentido contrário, oscilou positivamente 4 p.p. o grupo dos que esperam que o restante do mandato do pesselista seja ruim ou péssimo, chegando à marca de 31%. Há pouco mais de quatro meses, os pessimistas com o governo eram 15% do eleitorado.

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O salto na desaprovação ao governo Bolsonaro coincide com as manifestações que levaram milhares às ruas em cidades de todas as unidades da federação contra o contingenciamento de cerca de 30% sobre o orçamento discricionário do Ministério da Educação.

Segundo o levantamento, 57% disseram que os atos de 15 de maio foram importantes, contra 38% que não viram relevância nos movimentos. Para 86%, provavelmente as manifestações se repetirão. Outros 11% discordam.

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A piora na avaliação da atual administração também coincidiu com o auge da crise nas relações entre Executivo e Legislativo. As dificuldades enfrentadas por Bolsonaro para fazer avançar uma agenda legislativa, decorrentes deste mau relacionamento com os parlamentares, também podem ter pesado sobre a avaliação dos eleitores sobre sua gestão.

De acordo com a pesquisa, a percepção de que as notícias veiculadas na imprensa sobre o governo são majoritariamente negativas saltaram de 45% para 56% entre os eleitores em duas semanas. No sentido oposto, apenas 14% hoje veem a disseminação de conteúdo mais favorável à atual gestão, o que corresponde a uma queda de 8 p.p. no mesmo período.

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A piora na percepção sobre o governo também se reflete em um movimento ainda tímido de crescente responsabilização de Bolsonaro sobre a atual situação econômica, a despeito de o pesselista estar há apenas 144 dias no poder.

Em duas semanas, o grupo dos que apontam o atual presidente como culpado pela crise dobrou de tamanho, chegando a 10%, e passou a equiparar-se a fatores externos, 13%, e ao antecessor Michel Temer (MDB), 14%. Esta é uma das variáveis usadas para medir o efeito “lua de mel” de um governo com os eleitores.

Apesar da má notícia para o pesselista, os vilões na ótica da maioria continuam sendo os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 31%, e Dilma Rousseff (PT), 18%. Um alento para o bolsonarismo e uma indicação de que a aposta no antagonismo com o petismo, embora insuficiente para construir maioria para governar, pode ao menos mitigar danos presentes.

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Clique aqui para ver a íntegra da pesquisa

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.