Após escolha de relator da denúncia, alguns aliados de Temer dizem em tom fúnebre: “agora acabou”

Sérgio Zveiter é visto como independente e escolha teria desanimado base aliada do presidente - por outro lado, Planalto relativiza escolha do relator

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A escolha de Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) como relator do pedido de denúncia de Michel Temer na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara foi vista com apreensão pelo Palácio do Planalto. Apesar de ser do partido do presidente, o deputado é da ala independente e novo na legenda. Assim, sua escolha frustrou o governo.

Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, a escolha de Zveiter é um aceno para o grupo que pode se beneficiar com a queda de Temer, já que o parlamentar é aliado do presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), principal cotado para assumir a presidência caso o peemedebista saia do poder. 

Neste cenário, após a escolha de Zveiter ser formalizada, parte importante da base aliada na Câmara demonstrou abatimento, informa a coluna. Deputados próximos ao presidente Temer que, até então, mostravam otimismo disseram, em tom fúnebre, que “agora acabou”. 

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Por outro lado, o Palácio do Planalto tentou minimizar a sensação de derrota iminente, diz o jornal. O ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, afirmou que Zveiter vem de uma “família forjada no Direito”. “Tenho certeza de que ele fará uma análise técnica para honrar essa tradição”, disse. Já o advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira reforçará o discurso de que a denúncia “é uma peça de ficção”.

Já de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a escolha de Zveiter como relator foi vista tanto pela oposição quanto pela base aliada como a menos prejudicial entre as opções do presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG).  “Ainda que Zveiter não seja 100% alinhado com o Palácio do Planalto, há um discurso oficial entre os governistas de que o peemedebista é sereno e técnico em sua atuação na CCJ. Nos bastidores, os aliados do Planalto avaliam que haveria com o deputado fluminense margem de negociação para apresentação de um parecer pela inadmissibilidade da denúncia”, afirma a publicação.

Vale destacar que, com a indicação de Zveiter para a relatoria da denúncia, a defesa do presidente será entregue hoje (5), às 15h, na CCJ, pelo advogado de Temer, Antônio Mariz.  Já o relator disse que vai estudar a matéria a partir de agora e que agirá com independência. “Eu tenho total independência, tranquilidade e me considero com capacidade de estudar essa matéria. Pretendo cumprir estritamente o que prevê a Constituição e o regimento interno da Câmara”.

Em entrevista à Folha, Zveiter ainda falou que não teme reação do Planalto caso apresente parecer favorável à aceitação. “Não tem como o governo me escantear. Sou deputado federal titular e não tenho cargo”. Ele se disse ainda “tranquilo” quanto ao fato de seu nome não ter sido muito bem recebido pelo Planalto. “É uma denúncia contra o presidente apresentada pelo procurador-geral da República [Rodrigo Janot], não tem como agradar os os dois”, disse.

Tendo em vista esse cenário, a LCA Consultores aponta que, se não há motivo para Temer comemorar efusivamente a escolha feita, tampouco há razão para ficar de fato preocupado.  “Não era, tudo indica, o preferido do Planalto, que tentou emplacar na relatoria o deputado gaúcho Alceu Moreira (PMDB), muito próximo a Eliseu Padilha. Zveiter, contudo, está longe de ser um oposicionista”. Em geral, ele tem votado de acordo com os interesses do governo na Câmara dos Deputados e foi cotado para relatar a Reforma da Previdência Social na Comissão Especial da Câmara Federal.

 

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.