Após Catalunha, FT e Bloomberg destacam “ânimo renovado” do movimento separatista no Sul do Brasil

Consulta que será feita neste sábado ganhou destaque na imprensa internacional

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Um ano atrás, um plebiscito informal foi realizado no Sul do Brasil para saber se a população da região gostaria de se separar do Brasil. Desde então, pouca coisa mudou: os separatistas não entraram em conflito com a União e não há grandes ameaças de divisão do País. Uma nova consulta será feita neste sábado (7), com a seguinte pergunta:  “Você quer que Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul formem um país independente?”.

Apesar de ser um movimento ainda pouco ameaçador e que não tem entrado no topo das preocupações da União, o plebiscito vem ganhando bastante destaque na imprensa internacional, inflado pela turbulência após o plebiscito da Catalunha, que decidiu se separar da Espanha. Apenas nesta semana, a Bloomberg e o Financial Times deram destaque para o evento que acontece neste sábado no Brasil. 

“Quando Carles Puigdemont, presidente da Catalunha, declarou esta semana que os cidadãos da região ‘ganharam o direito de ter um estado independente’, as ondas de choque atravessaram o Atlântico, chegando ao Brasil”, afirma o Financial Times. 

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O movimento “O Sul é o meu País” inicia uma campanha para reunir 1 milhão de apoiadores por um país independente mais próspero. Os separatistas se queixam de pagar muito impostos para serem desperdiçados, além de se queixarem da falta de representação política. Contudo, apesar do ressentimento de longa data da região em relação ao governo federal, em Brasília, poucos brasileiros esperam que o movimento seja bem sucedido, inclusive por ser proibido pela Constituição.

Para a Bloomberg, Celso Deucher, líder do O Sul é o Meu País, diz que a região contribui com quatro vezes mais impostos do que é devolvido aos três estados por meio de investimentos e que há distorção na representação política no Congresso em comparação às demais regiões. Deucher argumenta que uma situação tão injusta supera quaisquer preocupações legais. “Sempre que o assunto do separatismo aparece, acaba refutado porque a Constituição federal não o permite”, disse ele. “Mas a lei não é imutável, que se faça uma revisão constitucional”.

Secessão e insatisfação

Na avaliação do Financial Times, enquanto os movimentos nacionalistas geram distúrbios à política na Europa, no Brasil, são os escândalos de corrupção, a pior recessão em mais de um século, a onda de violência (que dizimou o apoio à classe política dominante), alimentando o ressentimento em relação a Brasília e deixando as eleições ainda mais abertas. 

“Essa insatisfação está impulsionando Jair Bolsonaro, um deputado populista de extrema direita e ex-capitão do exército que é visto por alguns como um híbrido do presidente dos EUA, Donald Trump, e seu homólogo filipino, Rodrigo Duterte”, afirma o jornal britânico, que ressalta que o parlamentar está em segundo lugar na última pesquisa da Datafolha.

Voltando à questão da secessão, o Financial Times ressalta que a região sul está em uma situação econômica ruim e, curiosamente, muitos culpam a concentração de impostos por isso. De acordo com o IBGE, os três estados sulistas representam 16.4% eda economia do País (de US$ 1,8 trilhão), o que poderia transformar o estado independente em uma economia considerável da América do Sul.

Contudo, dada a crise fiscal que levou o estado do Rio Grande do Sul a vender sua participação nol Banrisul, Alfredo Meneghetti, economista da  PUC-RS, questionou  se esse novo país teria potencial para se sustentar. “Em termos emocionais, tem vantagens. . . mas, no final, isso vai acabar saindo muito caro “, disse ele.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.