Apoio a Temer despenca na Câmara antes de reformas serem votadas

Se em julho de 2016 a média de apoio foi de 91% -- no maior índice de governismo já registrado desde 2003 --, em abril deste ano o número caiu para 79%

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Um dos grandes pontos de força comemorados pelo governo Michel Temer desde a efetividade no comando do Poder Executivo tem sofrido uma sensível desidratação entre o fim do ano passado e os primeiros meses de 2017. Conforme mostra levantamento do jornal O Estado de S. Paulo, a taxa de apoio ao governo em votações no parlamento vem caindo de maneira constante com o passar dos dias de mantado.

Se em julho de 2016 a média de apoio foi de 91% — no maior índice de governismo já registrado desde 2003 –, em abril deste ano o número caiu para 79%, o que mostra o fim da lua de mel do peemedebista com seu principal ponto de apoio às vésperas de votações importantes, como as reformas previdenciária e trabalhista. O apoio parlamentar tem sido um dos grandes pilares da gestão Michel Temer, que desde o início conta com baixos índices de popularidade.

De acordo com dados do Basômetro — ferramenta de monitoramento da governabilidade no parlamento, criada pelo jornal paulistano –, nas primeiras 20 votações nominais do governo Temer, 92% dos deputados seguiram a orientação do Planalto, ao passo que nas 20 mais recentes, apenas 68% fizeram o mesmo. Conforme pontua a análise do jornal, a tendência observada é de convergência entre a taxa de apoio ao peemedebista e a obtida pelos ex-presidentes Lula e Dilma. No acumulado dos primeiros 11 meses de gestão, Temer tem 84% de apoio na Câmara, o que corresponde a uma taxa ligeiramente menor do que a do mesmo período do primeiro mandato de Lula (84,2%).

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Por um lado, governistas argumentam que a redução na taxa de fidelidade de aliados da base representa uma consequência natural da agenda impopular e reformista empenhada pela atual gestão. Em tese, o governo Michel Temer conta com uma bancada apoiadora de 384 deputados, com 13 partidos. Para que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da reforma da Previdência seja aprovada nos dois turnos de votação da casa, é necessário que o governo conte, em tese, com uma taxa de apoio de 80% — caso nenhum deputado da oposição ou de partidos “indefinidos” ajude.

Alguns episódios recentes no parlamento reforçam que a situação do governo já não é mais a mesma. Um deles é a quantidade de sessões em plenário que a base aliada precisou para derrubar a obstrução da oposição e parcela rebelde dos governistas e aprovar as contrapartidas exigidas dos Estados no projeto que estabelecia o regime de recuperação fiscal. Outra situação que acendeu um sinal de alerta no Planalto sobre dificuldades no Legislativo foi quando o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) colocou para votação na Câmara um requerimento que pedia urgência para o projeto de reforma trabalhista — o que daria mais celeridade ao texto — e foi derrotado em plenário, com o placar de 230 votos favoráveis a 163 contrários, quando eram necessários no mínimo 257 votos. No dia seguinte, porém, Maia demonstrou força e manobrou para que o mesmo assunto fosse novamente deliberado e entregou vitória importante ao governo, com 287 votos favoráveis, às vésperas do feriado de Tiradentes, após um “enquadro” do Planalto a bancadas rebeldes da base aliada.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.