Apoio a elétricas hoje pode significar mais intervencionismo amanhã, alerta Fitch

Para a agência de classificação de risco, as medidas adotadas pelo governo para socorrer as distribuidoras do setor elétrico sinalizaram a intensificação do risco regulatório

Marcos Mortari

electrical hazard

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SÃO PAULO – O heterodoxismo das políticas econômicas do governo voltou a ser alvo de críticas nesta segunda-feira (17). Depois de anunciar medidas para socorrer as distribuidoras do setor elétrico, que vive um momento difícil com o aumento de risco do Brasil ter que passar por racionamento de energia ou “apagão” ainda em 2014 devido à falta de chuvas, a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff voltou a ser criticada por um possível excesso de intervencionismo.

Para a equipe de análise da agência de classificação de risco Fitch, a manobra sinalizou a intensificação do risco regulatório do setor energético. “Se por um lado as medidas são positivas para suprir as necessidades de caixa das companhias, por outro são mais um sinal de intervencionismo estatal no setor, que aumentarão o passivo do governo e pressionarão as tarifas das distribuidoras nos próximos anos”, afirmaram os analistas da instituição em relatório.

Os esforços do governo de aliviar as pressões sobre a liquidez das distribuidoras e preocupações com em limitar o aumento dos custos das companhias do setor elétrico parecem não ser suficientes para garantir a tranquilidade do mercado. É como se os R$ 21 bilhões a serem injetados em 2014 para auxiliar as empresas elétricas não aliviassem tensões de mais longo prazo.

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Para a equipe da agência de rating, as baixas condições hidrológicas fizeram com que as medidas propostas tivessem efeito contrário, tendo em vista a forte dependência do País nesta fonte de geração de energia. Completando o panorama geral, a Fitch ainda lembra as semelhanças entre o atual momento e aquele vivido em 2001, quando o País passou por racionamento de energia. O nível dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste – que respondem por 70% de todas as reservas brasileiras – estavam levemente acima dos 34,53% registrados em março de 13 anos atrás.

As empresas mais prejudicadas
O cenário de maior risco de racionamento gera uma pressão de alta nos preços do mercado spot (à vista), o que pode trazer mais perdas a algumas das principais companhias do setor elétrico, como é o caso de Light (LIGT3), CPFL (CPFE3), Eletropaulo (ELPL4), Cemig (CMIG4) e Copel (CPLE6), taxadas pela Fitch como mais espostas à variação desta modalidade de preços.

“Em janeiro, elas tiveram valores a pagar de R$ 127 milhões, R$ 106 milhões, R$ 83 milhões, R$ 75 milhões e R$ 74 milhões, respectivamente. Para fevereiro, a Fitch projeta que esses valores sejam ao menos o dobro em cada companhia, pois o Preço de Liquidação de Diferenças médio de R$ 822,83/MWh é mais que o dobro dos R$ 383,67/MWh de janeiro”, argumentam.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.