Apesar de apoio de Lula, Haddad não ultrapassa barreira do petismo e lulistas se dispersam

Para alguns analistas, poderia ser questão de tempo para Haddad aparecer à frente de Bolsonaro nas pesquisas. Em uma semana, as apostas mudaram completamente

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O ingresso de Fernando Haddad (PT) na corrida eleitoral como substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a forte campanha petista para viabilizar sua candidatura fizeram com que o ex-prefeito paulistano saltasse de 4% das intenções de voto para 22% em um intervalo de pouco mais de um mês, sendo 13 pontos percentuais quando o movimento tornou-se oficial pelo partido.

Em duas semanas, com a intensa campanha petista, a máquina do partido e a força de Lula como cabo eleitoral, Haddad conseguiu superar alguns dos principais adversários na corrida presidencial e firmou-se na segunda posição, chegando a aparecer tecnicamente empatado com o líder Jair Bolsonaro (PSL) em alguns levantamentos.

Para alguns analistas, poderia ser questão de tempo para o petista aparecer numericamente à frente do deputado no cenário de primeiro turno, já que no segundo turno ele já caminhava para uma vitória superior à margem de erro.

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Reforçava esta aposta o novo volume de notícias negativas a Bolsonaro que ganhava destaque na imprensa: 1) o guru econômico Paulo Guedes ventilando uma nova CPMF e alíquota única de imposto de renda; 2) o vice, general Hamilton Mourão criticando o 13º salário; 3) a revelação de acusações antigas de sua ex-mulher, Ana Cristina Valle, sobre renda não declarada, roubo de cofre em banco e até ameaça de morte; 4) o avanço do movimento #EleNão, com atos em diversas cidades do país.

Apesar disso, o que se observou foi um avanço contundente de Bolsonaro nas últimas pesquisas Ibope (de 27% para 31%) e Datafolha (de 28% para 32%). O militar reformado cresceu em praticamente todas as faixas do eleitorado, até mesmo entre as mulheres e os mais pobres (públicos tidos como seus principais desafios nesta campanha), o que revela a consistência do movimento.

Por outro lado, a disparada meteórica de Haddad cessou e sua rejeição explodiu: de 32% para 41% no Datafolha, e de 27% para 38% no Ibope. Para além do crescimento expressivo na carona de Lula, o ex-prefeito também colheu o ônus da associação à imagem de seu padrinho político.

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Na última pesquisa Ibope em que era considerado candidato (20/08), Lula tinha 37%, contra 18% de Bolsonaro. O atual patamar de Haddad corresponde a 57% do que tinha seu padrinho político. A rejeição a Lula naquela época era de 30%, 8 p.p. menor que a registrada hoje por seu substituto na corrida presidencial. É claro que seria natural que, se o ex-presidente ainda fosse candidato, sua rejeição crescesse neste momento da disputa.

Mesmo assim, o que se nota é que a transferência de votos de Lula a Haddad ainda é baixa, ao passo que a rejeição ao candidato petista já se encontra em patamar elevado. Ao que parece, o ex-prefeito não conseguiu superar de forma expressiva o apoio do petismo, ficando sem fatia significativa do lulismo nos cenários de primeiro turno da disputa.

É o que mostram as tabelas abaixo. Na primeira, baseada na pesquisa Datafolha da última sexta-feira (28), uma comparação entre os percentuais de eleitores que apontam o PT como partido de preferência e as intenções de voto em Haddad por segmentação. Na segunda, as intenções de voto de Lula no último levantamento em que era considerado candidato (21/08).

1) Preferência pelo PT x intenções de voto em Fernando Haddad por segmentação*:

haddadxpt
* Como as informações ainda não foram abertas pelo instituto, foi utilizada pesquisa divulgada na última sexta-feira (28)
Fonte: Datafolha (BR-08687/2018), 26 a 28/09/2018

2) Intenções de voto em Lula por segmentação*:

luladatafolha
* Nesta pesquisa, não há dados sobre preferência partidária.
Fonte: Datafolha (BR-04023/2018), 20 a 21/09/2018

Pode ser um indício de que hoje Haddad está com o apoio do petismo, mas não com fatia expressiva do lulismo, que se dispersou, migrando também para outros candidatos. Os recentes ataques à candidatura do ex-prefeito podem ter reforçado o sentimento antipetista, que tende a dificultar ainda mais seu movimento em busca da recuperação do eleitorado que um mês atrás declarava voto em Lula. Porém, hoje não se sabe sequer quantos manteriam ou não posição neste momento se o ex-presidente pudesse participar da disputa. O que se nota é um ambiente de grandes dificuldades para Haddad.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.