Publicidade
SÃO PAULO – Se tantos problemas estão na mesa, o que justifica tamanho otimismo do mercado? Após uma semana tensa, o Ibovespa volta a ter uma sessão de euforia, operando acima de 68 mil pontos após o maior alívio com relação às tensões geopolíticas entre Coreia do Norte e Estados Unidos.
Se a euforia do mercado nesta segunda reside no cenário externo, na semana passada o ânimo ocorreria em meio às perspectivas de que as reformas econômicas tivessem mais espaço para serem votadas após Michel Temer ter a denúncia barrada na Câmara dos Deputados.
Destacando o ânimo do mercado em relatório de estratégia para comentar o mês de julho, a equipe de gestão da Rio Bravo apontou o cenário pós-votação da denúncia contra Temer e ressaltou que, com a demanda por otimismo imensa, “bastam dois tostões de esperança para produzir mercados felizes”. O otimismo exagerado acabou se revelando dias depois, com o Centrão passando a cobrar cargos e ameaçando não votar a reforma (veja mais clicando aqui) e até mesmo barrar a revisão da meta fiscal, mas a euforia voltou a predominar nesta segunda com o cenário mais benigno.
Oferta Exclusiva para Novos Clientes
Jaqueta XP NFL
Garanta em 3 passos a sua jaqueta e vista a emoção do futebol americano
Ao comentar a votação da denúncia, a Rio Bravo destaca que o resultado favorável para o presidente Temer, pelo placar de 263 a 227, é revelador, como reza o clichê, mas a matéria revelada depende de como se faz a conta. Foram 91 votos a mais que o necessário para alcançar os 172 que seriam suficientes para barrar a denúncia, mas apenas 36 de diferença na contagem absoluta, e 45 votos a menos que o requerido para a aprovação de reformas através de emendas constitucionais (308). Assim, levando em conta os “anabolizantes” sobre o voto indeciso, os números não dão muito conforto para o futuro, sugerindo uma vitória que revela muita fraqueza. “Aumentou a entropia do sistema político”, apontam os gestores.
Eles ressaltam ainda que, mais ambígua que a contabilização da vitória foi o conjunto de justificativas exibidas na votação nominal, ao apontar que o voto governista evocava a economia e a continuidade da recuperação, ao passo que a oposição à esquerda desancava as reformas. Contudo, ressaltam, “não era a agenda econômica que estava em questão, mas os mercados financeiros, em seu desavergonhado pragmatismo, haviam encerrado em alta antecipando a vitória governista e, em consequência, um impulso renovado para as reformas. A demanda por otimismo é imensa, basta dois tostões de esperança para produzir mercados felizes”. Além disso, os gestores destacaram que “a apatia da população é compreensível” dado ao atual cenário.
A Rio Bravo destaca que um fator que vem ajudando Michel Temer é a economia. Segundo os gestores, a boia de salvação do presidente, mais do que nunca, foi o casamento de conveniência entre o clientelismo pemedebista e a pauta econômica ortodoxo-reformista. “Não há vestígio de amor nessa união, nem mesmo afinidade, conforme observado em muitas ocasiões neste informativo, pois em muitas situações a disciplina fiscal atrapalha a ‘coesão da base’”. Neste sentido, apontam, a pauta econômica tem sido pouco ambiciosa e seus resultados menores do que poderiam ser e, de forma sintomática, “nos últimos meses, os resultados da política econômica são muito melhores no terreno monetário que no fiscal”, ressaltando a queda dos juros.
Continua depois da publicidade
Segundo eles, não há contribuição relevante vinda dos dados relativos à atividade econômica para essa pequena primavera em pleno inverno, pois o panorama é misto: IBC-Br caiu 0,5% no mês, mas os dados de emprego do segundo trimestre foram melhores do que o esperado e já mostram queda na taxa de desemprego (para 12,7%), apesar do nível ainda muito elevado.
“Ou seja, não é de todo despropositada a teoria segundo a qual a economia descolou da política. A fadiga é imensa, é preciso retomar a vida e fazer o noticiário policial retornar aos espaços especializados. Mas é preciso terminar o que foi começado, sem dúvida, e o problema era maior do que se imaginava”. Os gestores apontam que as notícias mais desagradáveis vieram da frente fiscal, pois o anúncio de aumento de imposto sobre a gasolina, e mais a conversa sobre a redução na meta de superávit fiscal para o ano, produziu grande contrariedade e mesmo certa especulação sobre a “fritura” do ministro da Fazenda. “Na verdade, parece que já estamos no território dos ‘últimos recursos’ para resolver o problema fiscal que teimosamente permanece do mesmo tamanho que tinha conforme o próprio governo o avaliou ao herdar o acervo de Dilma Rousseff”, afirmam.
Os gestores apontam que já faz mais de um ano que Michel Temer assumiu a Presidência como interino (12 de maio de 2016). Depois de todo o debate sobre a “PEC do Teto” e sobre os programas de ajuste nos estados, os resultados ainda não se revelam nos números e, com isso, a sensação de fracasso no trabalho de reduzir despesa parece evidente e perturbadora.
“O fato é que, mais do que nunca, no dia seguinte da batalha parlamentar todos os olhos se voltam para as autoridades econômicas. A energia política é significativamente menor, mas as pautas econômicas pró-mercado são em grande número e não necessariamente dependentes de reforma constitucional. A reforma trabalhista foi um exemplo magnífico do que é possível fazer com maioria simples”, concluem os gestores.
Newsletter
Infomorning
Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia
Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.