Aos 84 anos, FHC desfruta do renascimento de sua reputação, diz Economist

Revista britânica fez entrevista com o ex-presidente tucano e afirma que, agora, seu papel como pensador é mais importante do que nunca

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em matéria desta semana, a revista The Economist realizou uma entrevista com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com destaque para o lançamento de seu novo livro, “Diários da Presidência”, em que ele trata sobre os bastidores da política durante os seus dois primeiros anos de governo (mais 3 livros deverão ser lançados até 2017). A publicação britânica ressalta que, aos 84 anos, FHC está desfrutando do renascimento de sua reputação. 

A revista tece elogios ao tucano, afirmando que, como ministro da Fazenda e, posteriormente, presidente entre 1995 e 2003, ele desacelerou a inflação e modernizou a economia nacional privatizando empresa e abrindo o País para o comércio externo e investimento. Além disso, afirma, ele começou alguns dos programas sociais que foram expandidos maciçamente pelo seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

“Foi uma infelicidade que seu segundo mandato, o Brasil tenha sido fustigado pela instabilidade que varreu os mercados emergentes, da Ásia até a Argentina”. A revista afirma que ele demorou para permitir que o real, a nova moeda contra a inflação, flutuasse e saiu do cargo com uma baixa popularidade. A revista também afirma que, apesar de injustos, os ataques implacáveis de Lula ao falar que ele era “neoliberal” e chamar sua herança de “maldita” tiveram um efeito. 

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“Aos 84 anos, FHC está desfrutando de um renascimento de sua reputação”. Em entrevista a The Economist, o ex-presidente tucano “parecia relaxado” e afirmou não ter mais ambições políticas, mas ainda admite que tem influência política e intelectual. A revista o classifica como o “líder não-oficial da oposição a um governo fraco e impopular da sucessora escolhida por Lula, Dilma Rousseff”. “Enquanto as investigações sobre os esquemas de corrupção na Petrobras se voltam cada vez mais contra Lula, FHC goza de respeito como um estadista experiente. E como o Brasil afunda para o que ameaça ser sua pior recessão desde a década de 1930, a ficha econômica de seu governo parece muito melhor”, afirma.

Ao falar sobre o livro, FHC ressaltou: “as pessoas estão começando a reavaliar o que fizemos. O livro reflete esse contraste. Você tem que ter valores e mostrá-los”. Para FHC, na ânsia de se manter no poder, Lula e Dilma perderam de vista a sua agenda e fizeram alianças com partidos pequenos e retrógrados. O ex-presidente afirma que a proliferação de partidos criou um “modelo de ingovernabilidade”. “Se você tem a capacidade de falar com o país, o Congresso entra na linha. Quando você não tem, isso acontece”. A revista afirma que esse é o drama atual do Brasil: Dilma Rousseff é vaiada sempre que ela fala e não consegue apoio para as reformas que o País precisa. 

FHC também reforçou a sua ideia de que Dilma, num gesto de grandeza, deveria renunciar. Mas ela não mostra nenhum sinal de que irá concordar com isso, afirma a revista. A Economist destaca que a sua expectativa é de que o País florecesse na era da globalização com inovação, tecnologia e competitividade. Mas, segundo ele, depois de 2007, o Brasil retrocedeu para uma “utopia regressiva” de protecionismo estatal e vê dificuldades na implantação de reformas. Para isso, o Brasil precisa de um “novo ponto focal e uma nova líder”, ele argumenta.

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A Economist afirma ainda ser impressionante que, de acordo com pesquisas, a oposição não tenha conseguido angariar dividendos políticos com a fraqueza do governo e do PT. E o próprio FHC acha que o seu partido, o PSDB, deve tomar posições mais ousadas. “Seus críticos argumentam que ele falha nos incentivos para renovar o PSDB, como eleições primárias, por exemplo. Mas seu papel como pensador é mais importante do que nunca”, conclui a publicação.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.