Ao lado de Orbán, Bolsonaro ressalta afinidades com líder de extrema-direita

Bolsonaro chegou a Budapeste na manhã desta quinta-feira -- madrugada em Brasília, e deve partir no final da tarde

Reuters

Presidente Jair Bolsonaro encontra primeiro-ministro da Hungria Viktor Orbán (Reprodução/Twitter @govbrazil)

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BRASÍLIA (Reuters) – Em visita oficial à Hungria, o presidente Jair Bolsonaro mostrou afinidade com o primeiro-ministro do país, Viktor Orbán, e fez questão de ressaltar a proximidade com líder húngaro de extrema-direita.

Mais relaxado do que durante sua visita à Rússia, ao lado de Orbán Bolsonaro aproveitou para repetir que as informações sobre o desmatamento da Amazônia seriam “distorcidas”, mesmo com dados oficiais mostrando, por exemplo, desmatamento recorde em janeiro.

“Muitas vezes, as informações sobre essa região chegam para fora do Brasil de forma bastante distorcida, como se nós fôssemos os grandes vilões no que se leva em conta a preservação da floresta e sua destruição, coisa que não existe”, afirmou. “Nós nos preocupamos inclusive com o reflorestamento, coisa que não vejo nos países da Europa como um todo. Essa informação passa para um lado de um ataque a nossa economia que vem em grande parte do agronegócio.”

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Bolsonaro chegou a Budapeste na manhã desta quinta-feira — madrugada em Brasília, e deve partir no final da tarde. Na agenda, teve encontros com o presidente do país, János Áder, além de Orbán. Antes de partir ainda será recebido pelo presidente da Assembleia Nacional da Hungria, László Kövér.

Ao lado de Orbán, em declaração à imprensa, Bolsonaro fez questão de ressaltar a proximidade ideológica com o líder de extrema-direita.

“Considero seu país nosso pequeno grande irmão. Pequeno se levarmos em conta as nossas diferenças na extensão territorial. E grande pelos valores que nós representamos, que podem ser resumidos em quatro palavras: Deus, pátria, família e liberdade”, disse Bolsonaro, acrescentando “liberdade” a um lema que era usado pelos fascistas italianos e pelos integralistas brasileiros da década de 1930, que se inspiravam no movimento italiano.

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Em seguida, ressaltou a afinidade que teria com Orbán, a quem disse ser “quase como um irmão”, por se “afinarem em quase todos os aspectos”.

“Comungamos também na defesa da família com muita ênfase. Uma família bem estruturada ela faz com que sua respectiva sociedade seja sadia, e não devemos perder esse foco”, disse Bolsonaro.

Em 2011, já com o governo sob o comando de Orbán, a Constituição húngara foi alterada para definir que o casamento é apenas entre um homem e uma mulher. Desde então, outras mudanças legais foram feitas para restringir os direitos da comunidade LGBT+.

Já no Brasil, por decisão do Supremo Tribunal Federal, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é permitido e a homofobia, considerada crime. Tentativas de alterar essa decisão não prosperaram no Congresso.

Durante sua fala, Orbán voltou a criticar as políticas de imigração da União Europeia, inclusive o pacto global sobre imigrações das Nações Unidas, que o Brasil também deixou quando Bolsonaro assumiu o governo.

“Sobre os valores cristãos, gostaríamos muito de preservar nossas raízes, e a imigração não colabora muito para essa questão”, disse o primeiro-ministro húngaro, conhecido por suas posições xenófobas.

A visita à Rússia e à Hungria, atendendo a convites, serviu para Bolsonaro mostrar que não estaria isolado no cenário internacional depois da derrota de Donald Trump nas eleições norte-americanas. O presidente brasileiro, no entanto, não tem muitos convites, especialmente na Europa.

A viagem previa inicialmente uma visita à Polônia, outro remanescente de extrema-direita na região, mas terminou não se confirmando depois por problemas internos poloneses.

Ucrânia

Durante a visita, Bolsonaro ainda tratou sobre a possibilidade de uma invasão da Ucrânia pela Rússia, e afirmou que a retirada de tropas russas da fronteira ucraniana seria “um gesto” do presidente russo, Vladimir Putin.

“A guerra não interessa a ninguém”, disse.

Bolsonaro tentou, mais uma vez, relacionar a alegação russa de retirada de tropas com sua presença na região –como foi feito por uma série de publicações falsas distribuídas por ministros, ex-ministros e aliados do presidente.

“Até mesmo pela coincidência de ainda estarmos em voo para Moscou e parte das tropas russas serem desmobilizadas das fronteiras. Entendo, sendo coincidência ou não, como um gesto de que a guerra não interessa a ninguém. Não interessa ao mundo que dois países entrem em guerra”, disse.

Os países da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), como Estados Unidos e Reino Unido, negam que a Rússia tenha retirado tropas da região de fronteira com a Ucrânia e que, na realidade, mais soldados foram mobilizados para a região.

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