Ao invés de ser solução, Brasil virou epicentro do problema do zika vírus, diz FT

O FT destaca a crítica de muitos sobre a incapacidade das autoridades do País em responder rapidamente com medidas simples para combater o vírus expõe ainda mais a paralisia da política e da economia

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O zika vírus ultrapassou fronteiras e agora é uma preocupação internacional, como destacado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que prevê uma propagação explosiva levando a 4 milhões de casos da doença. 

Em meio ao grande destaque na imprensa internacional, o jornal britânico Financial Times ressaltou que esta é mais uma crise para a América Latina, que já sofre com problemas econômicos e é um dos principais lugares afetados pelo zika. “A epidemia emergente, que se espalhou para 23 países da América, não poderia ter vindo em pior hora para a região”, afirma o FT. “Recuperando-se do fim do boom das commodities, a América Latina é acusada de lentidão em combater o vírus”, afirma.

O FT destaca que no Brasil – lugar de origem do surto e o País mais atingido -, muitos críticos destacam que a incapacidade das autoridades em responder rapidamente com medidas simples para combater o vírus expõe ainda mais a paralisia da política e da economia.

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O diretor do Instituto Brasil Paulo Sotero diz ao jornal que alguns anos atrás, a maior economia da América Latina foi considerada parte da solução para os males financeiros globais e um modelo ao lutar de forma bem-sucedida contra o HIV/Aids na década de 1990. Mas em ambos os casos é agora é parte do problema, diz ele.

“Diante de uma calamidade econômica auto-imposta que, obviamente, reduz o financiamento para saúde, o país está implantando recursos disponíveis, incluindo as forças armadas, mas enfrenta dificuldades em usar a sua capacidade para responder a uma emergência de saúde”, diz Sotero. Assim, ao invés de ser solução, o Brasil virou o epicentro do problema, que poderia ser evitado através de medidas preventivas básicas em coordenação com órgãos municipais, estaduais e federais. Só na última quarta-feira, o Brasil anunciou um plano para combater o vírus. 

Porém, o jornal destaca que não é só o Brasil que está impotente diante da crise. Outros países adotam medidas até um pouco “ridículas”, como falar para as pessoas não terem filhos. Em El Salvador, o governo instou as mulheres a adiar a gravidez até 2018. Na Colômbia, o Ministério da Saúde sugeriu aos casais que não tenham filhos por seis meses. A Jamaica emitiu parecer semelhante. Porém, na América Latina, um continente predominantemente católico onde o aborto é proibido em grande parte e a contracepção nem sempre está prontamente disponível, esta é uma estratégia ingênua na melhor das hipóteses, dizem os ativistas. 

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A preocupação se amplia em meio à proximidade dos Jogos Olímpicos deste ano, no Rio de Janeiro. O FT destaca que os políticos estão depositando sua fé nos deuses meteorológicos, esperando que o tempo mais frio e seco do meio do ano ajude a doença a não se propagar. Neste meio tempo, pesquisadores buscam uma vacina contra o vírus. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.