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BRASÍLIA – O governo precisa conversar mais e dialogar com os aliados para “tocar a mesma música”, disse o vice-presidente Michel Temer nesta segunda-feira, pouco antes de receber a equipe econômica para um jantar com a cúpula do PMDB, em que serão defendidas as mudanças no acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários.
“É preciso conversar mais para sensibilizar os aliados. Para tocar a mesma música”, disse à Reuters o vice-presidente, que realiza o jantar na noite desta segunda-feira, no Palácio do Jaburu.
Os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, do Planejamento, Nelson Barbosa, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, vão participar do encontro em que apresentarão à cúpula do PMDB um panorama da economia e farão uma defesa da necessidade das mudanças no acesso de benefícios previdenciários e trabalhistas. O governo avalia que essas medidas podem representar uma economia de até 18 bilhões por ano, num momento de forte ajuste fiscal.
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As medidas precisam ser aprovadas pelo Congresso, por isso o governo pretende sensibilizar o maior aliado a aprová-las sem alterações drásticas.
As mudanças para tornar mais rígido o acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários foram feitas por duas medidas provisórias, editadas no final do ano passado. Desde então, ministros fizeram algumas reuniões com as centrais sindicais, que resistem às mudanças, mas o governo ainda não conseguiu mobilizar os partidos aliados para sua aprovação no Congresso.
Essa falta de articulação tem aumentado a resistência, até mesmo entre petistas, às mudanças propostas pela presidente Dilma Rousseff e que são fundamentais para o ajuste fiscal desse ano.
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“É a primeira vez que o Levy está se reunindo com um grupo para falar sobre o ajuste fiscal”, disse Temer, que também preside o PMDB, em relação ao diálogo com parlamentares sobre as medidas.
“E veja que é sempre o PMDB que tenta ajudar nessa articulação. Foi assim também durante a aprovação do projeto que alterava a meta de superávit do ano passado”, afirmou o vice-presidente.
No final do ano passado, Temer liderou as difíceis articulações com aliados para aprovar um projeto de lei que alterava a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, permitindo que o governo abatesse da meta de superávit todos os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as desonerações tributárias para atingir a meta de superávit, tornando menor o esforço fiscal.
Mesmo assim, o governo fechou o ano com déficit.
Temer referiu-se à importância do partido, que é o maior aliado do governo no Congresso, num momento em que a relação entre o PMDB e o Executivo está estremecida e crescem as incertezas dentro com o comportamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que sempre foi apontado como desafeto no Palácio do Planalto.
O vice-presidente também tentou dissipar essa tensão entre o PMDB e o governo e disse que ele tem proximidade com a presidente e conversou ela nos últimos dias sobre os comentários recentes de que o partido não está comprometido com o sucesso do governo.
“Eu falei com a presidente no sábado (após a veiculação de notícias de que o vice-presidente se sentia isolado no governo) e disse a ela que se ela quisesse poderia desmentir o noticiário, porque nós temos proximidade e sempre conversamos”, disse Temer, acrescentando que ela teria desmentido as notícias.
Participam do jantar nesta segunda todos os ministros do PMDB, os líderes do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (CE), e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
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