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Horas depois da deflagração da Operação Contragolpe, pela Polícia Federal (PF), que mirou uma suposta organização criminosa que planejou um golpe de Estado no Brasil para evitar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou as revelações que vieram à tona como “extremamente graves”.
Segundo as investigações da PF, o grupo criminoso tinha o objetivo de impedir a posse de Lula e teria articulado, inclusive, um plano para assassinar o petista, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.
Foram presos, na operação deflagrada pela PF, quatro militares das Forças Especiais: o tenente-coronel Helio Ferreria Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo, o major Rafael Martins de Oliveira e o general de brigada Mario Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo Bolsonaro. Também foi detido o agente da PF Wladimir Matos Soares.
“É extremamente grave porque envolve integrantes das Forças Armadas. Tudo indica participação de militares de alta patente”, afirmou Gilmar Mendes, em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews, na tarde desta terça-feira (19).
Questionado sobre as discussões no Congresso Nacional em torno de um projeto de anistia aos condenados pelos ataques à Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), no dia 8 de janeiro de 2023, o ministro do STF disse não acreditar que a proposta avance.
“Acho incogitável falar em anistia nesse quadro. Seria irresponsável. Tenho vários interlocutores no meio político e não me parece que faça sentido”, afirmou o magistrado.
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Operação Contragolpe
As apurações que envolvem a Operação Contragolpe se relacionam a uma investigação mais ampla da PF sobre a suposta atuação de uma organização criminosa em 5 eixos:
1) Ataques virtuais a opositores;
2) Ataques às instituições (como o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral;
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3) Tentativa de Golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
4) Ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia e;
5) Uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens, com uso de suprimentos de fundos (cartões corporativos) para pagamento de despesas pessoais, inserção de dados falsos de vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, e desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras e posterior ocultação.
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A operação está relacionada ao eixo 3: “Tentativa de Golpe de Estado e de Abolição violenta do Estado Democrático de Direito”.
Segundo os investigadores, foram executadas ações operacionais ilícitas por militares com formação em Forças Especiais (FE) do Exército (os chamados “kids pretos”). Inicialmente, a ideia era monitorar as atividades do ministro Alexandre de Moraes, do STF, para posterior “execução de sua prisão ilegal e possível assassinato”.
Os relatos indicam que tal monitoramento teria começado logo após reunião, realizada em 12 de novembro de 2022, na residência de Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil na gestão Bolsonaro.
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Também estavam nos planos os homicídios de Lula e Alckmin, à época recém-eleitos, em uma tentativa de impedir a posse do novo governo.
De acordo com a PF, as movimentações para a consumação de um Golpe de Estado tiveram seu auge entre novembro e dezembro de 2022 e foram batizadas pelos envolvidos de “Copa 2022”.
Os indícios foram identificados a partir da análise de dados do celular apreendido do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e de trocas de mensagens com Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, que entrou nas investigações sobre suposto desvio de joias recebidas pelo político durante o mandato.