Analista alerta: rali recente da Bolsa é momento, e não fundamento

Cenário interno e externo ainda oferecem muitos desafios e único fator que justifica a alta das ações são as pesquisas eleitorais, diz analista da Inva Capital

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Desde março, o fator eleições ganhou um grande peso na Bolsa, com diversas ações disparando enquanto Dilma Rousseff perde espaço nas pesquisas eleitorais. Porém é preciso ter em mente que desempenho do mercado ocorreu muito em função de uma expectativa gerada pelo mercado, sem um fundamento econômico que sustentasse tal reversão de tendência da Bovespa, que vem amargando anos difícies desde 2010. É o que explica o analista Raphael Cordeiro, da Inva Capital.

Em relatório mensal divulgado pela boutique de investimentos, Cordeiro afirma que o cenário econômico não mudou e ainda temos muitos fatores para preocupação – tanto no ambiente doméstico quanto no exterior. “Estamos em um cenário para investir em momento (momentum investing) e não em valor. O cenário econômico continua bastante complicado, e sem sinal de melhoras”, escreveu em relatório enviado aos clientes.

No Brasil, ele destaca a inflação, que segue como uma grande preocupação e não tem dado sinais de melhoras em projeções de curto prazo. “Depois que o governo passou a acreditar que a meta para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) era entre 2,5% e 6,5%, e não os 4,5% que o CMN (Conselho Monetário Nacional) deixou, os preços parecem ter entrado em uma bola de neve e mostram que não arrefecerão tão cedo”, alerta o analista.

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Isso, segundo ele, tem certo impacto no cenário das eleições. De acordo com as expectativas, a inflação para este e os próximos anos deve se manter próximo do limite máximo estabelecido pelo governo, enquanto a Selic devem ficar estável em 11,25% ao ano, o que indica que o governo não deve mais alterar os juros, “empurrando o problema para o próximo presidente, mesmo que seja a Dilma”.

Enquanto isso, no cenário externo, as atenções permanecem com os acontecimentos na Ucrânia, onde ainda existem muitas questões que podem levar a uma crise. De acordo com Cordeiro, é preciso estar preparado para o pior cenário, com possível redução em investimentos de renda fixa, com a compra de opções de venda se tornando uma boa alternativa. Além disso, é preciso ficar de olho nas decisões do Fomc, com o programa de estímulos devendo terminar em outubro e os investidores atentos às informações sobre alta de juros nos EUA.

Espere pela oportunidade
Por fim, Cordeiro ressalta que o cenário continua desafiador, com tensões no noticiário interno e externo. “Devemos ter em mente que, às vezes, o melhor investimento é não fazer nada e aguardar o momento certo para investir”, destaca. “Ele [investidor] pode ter retorno nulo em um portfólio, mas deixa aberta a oportunidade de investir em momentos de crise”, complementa o analista.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.