Análise de pedido de impeachment de Bicudo deve ficar para amanhã, diz Cunha

"O pedido de Bicudo vai ter aditamento, mas não deve ser hoje", afirmou o presidente da Câmara; ele ainda falou que não tem conhecimento sobre liminar do STF suspendendo rito do impeachment

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em entrevista em Brasília, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou que pretender despachar hoje alguns pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, mas que o pedido de impeachment mais célebre, elaborado por Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal vai ter a análise suspensa temporariamente. “O pedido de Bicudo vai ter aditamento, mas não deve ser hoje”, afirmou. Segundo ele, todos os pedidos de impeachment devem ser despachados até amanhã. 

“Eles farão um aditamento e, em função disso, vou respeitar. Não deverei despachar hoje, mas o aditamento pode acontecer a qualquer momento”, explicou Cunha, ao esclarecer que esse acréscimo poderia ser feito mesmo depois do despacho da Presidência da Casa.

Vale ressaltar que Cunha teria aconselhado a deixar para quinta a análise do pedido de abertura. Isso porque a oposição ampliará as justificativas para o pedido de impeachment, incluindo as considerações do procurador do Ministério Público junto ao TCU Júlio Marcelo Oliveira, acusando o governo de repetir as “pedaladas fiscais” em 2015. Apenas neste ano, as pedaladas já teriam somado R$ 40,2 bilhões.  E hoje, as novas informações devem ser anexadas. Assim, na quarta-feira, o aditamento seria analisado pelo corpo técnico da Câmara e, na quinta, Cunha despacharia.

O parlamentar ainda afirmou que não tem conhecimento sobre a liminar do STF que suspendeu o rito do impeachment realizado pelo parlamentar. “Não afeta o meu trabalho, penso no rito presente”, afirmou. Ele destacou que vai verificar se a decisão possui aplicabilidade. O parlamentar afirmou que seguiu as questões de ordem definidas pelo ex-presidente da Câmara Michel Temer (PMDB-SP) sobre os pedidos de impeachment do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. 

STF
Enquanto Cunha decide sobre os pedidos que estão sob sua mesa, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki acatou nesta terça-feira liminar que suspende os efeitos de uma questão de ordem apresentada pela oposição no início de setembro. Os parlamentares pediram informações sobre como deveria ocorrer o rito de decisões sobre pedidos deimpeachment. Cunha respondeu, semanas depois, apontando caminhos indicados pelo Regimento Interno da Casa, em que a competência para processar ou julgar o presidente da República por crimes de responsabilidade é do Senado, e a Câmara fica restrita a analisar a admissibilidade da denúncia.

Nesta análise, se Cunha decidir por indeferir o pedido, a decisão fica sob responsabilidade do plenário da Câmara que pode recorrer, fazendo com que o pedido passe a ser analisado por uma comissão especial para depois voltar ao plenário. “Isso não vai interferir no trabalho. Ao meu papel, cabe deferir ou indeferir. Este papel não está em questão. O que está tratando ali é de rito futuro. Tenho que pensar no rito presente. A prerrogativa da minha decisão é constitucional”, afirmou o peemedebista. Para ele, quem precisa recorrer à decisão do Supremo é “quem teve o direito impedido”, referindo-se à oposição que quer ter o direito de votar no caso de o pedido de Bicudo ser indeferido pela Casa.

Eduardo Cunha voltou a afirmar que seguiu “estritamente” a decisão adotada, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, quando o então presidente da Câmara era o atual vice-presidente da República Michel Temer. Quando houve pedido de impeachment apresentado pelo PT com relação ao então presidente Fernando Henrique, Temer indeferiu o pedido e, por decisão em plenário, o indeferimento acabou sendo confirmado.

Da oposição, o deputado Mendonça Filho (DEM-PE) adiantou que está mobilizando a assessoria jurídica das legendas para que analisem uma saída, mas ainda vão buscar mais informações sobre os efeitos da decisão do STF. Mendonça reafirmou a posição dos partidos que defendem, na hipótese de indeferimento feito por Cunha, que o plenário da Câmara, por maioria de votos, derrube a decisão. “Evidente, que a posição dos partidos é no sentido de que o próprio presidente da Câmara defira o pedido de impeachment, ainda mais que estamos adicionando ilegalidades praticadas durante o exercício de 2015, com extensão das ilegalidades que reforçam o impedimento da presidente Dilma”, afirmou.

(Com Agência Brasil)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.