América Latina está rejeitando populismo, diz FT – mas até quando isso vai durar?

Jornal britânico ressalta que PPK, Temer e Macri no comando de Peru, Brasil e Argentina são bons exemplos disso, enquanto Europa e EUA estão flertando com o populismo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em matéria da última quarta-feira, o jornal britânico Financial Times destacou que a América Latina está rejeitando o populismo, em contraponto à Europa e aos Estados Unidos, que está flertando com esse “lado da política”. 

A desaceleração econômica e os escândalos de corrupção política explicam a mudança na região. Mauricio Macri na Argentina, o presidente interino Michel Temer no Brasil e agora Pedro Pablo Kuczynski na presidência do Peru comprovam essa sinalização, destaca o jornal, ressaltando que as novas autoridades destas nações se distanciam cada vez mais do populismo. 

Segundo o jornal, mesmo num momento em que os Estados Unidos e Europa flertam com o populismo, um romance estreito entre os latino-americanos com os líderes da esquerda que chegaram ao poder nos anos 2000 se transformou em fadiga por conta da corrupção estatal e uma mudança em direção ao centro. Outros exemplos do rechaço a líderes de esquerda, destaca o FT, ocorre em meio à aproximação entre Cuba e os EUA e os diálogos de paz entre o governo da Colômbia e as Farc. 

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E os eleitores, afirma a publicação, não estão rechaçando somente os populistas de esquerda. Eles citam o exemplo da vitória de PPK sobre Keiko Fujimori, “uma populista de direita” nas eleições presidenciais do Peru. 

Sobre o Brasil, a publicação aponta que o País enfrenta um controverso processo de impeachment que substituiu Dilma Rousseff por Temer interinamente. Apesar do peemedebista já ter perdido três ministros envolvidos em escândalos de corrupção, ele pode conseguir ter sucesso na administração através da melhora da economia, que enfrenta a pior recessão em um século.

Dentre outros fatores para a mudança profunda e rápida na América Latina, está o fantasma da Venezuela, diz o jornal, assim como a corrupção estatal, que ocorreu durante muitos governos de esquerda que tinham o discurso de defender os mais pobres. Integrante da coalizão do governo de Mauricio Macri, Elisa Carrió ressaltou ao jornal que a “intolerância com a corrupção aumenta em tempos de crise econômica”, mas ressalta que está havendo uma mudança cultural no continente com as diversas investigações que estão ocorrendo.

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Tudo parece ter mudado, mas o FT ainda questiona: em que medida o futuro da América Latina será diferente? Uma resposta “pessimista” é de que nada mude tanto assim, uma vez que os populistas sempre conseguem encontrar um solo fértil, especialmente em países com grande desigualdade social. O que talvez tenha acabado, diz o jornal, é o superpopulismo, como da Venezuela de Nicolás Maduro e de Cristina Kirchner na Argentina. Porém, o “populismo normal” pode retornar. Assim, para combater o populismo, a última geração de líderes do continente tem que buscar uma narrativa e uma visão de mundo. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.