Amec diz que incerteza sobre Petrobras é o pior ativo possível e cobra mudança radical

De acordo com associação de investidores, " é necessária uma mudança radical e de fato na companhia, na direção de uma gestão profissional, prudente e responsável"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Atuante nos últimos anos sobre a perda de valor da Petrobras (PETR3;PETR4), a Amec (Associação de Investidores no Mercado de Capitais), divulgou um manifesto sobre a atuação situação da companhia estatal, em que cobra uma gestão mais profissional através de uma mudança radical. 

E, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (11) em São Paulo, o vice-presidente da associação, André Gordon, destacou o que representa a crise de uma companhia tão grande para o universo de investimentos no Brasil. “A Petrobras era uma das bases do mercado de capitais no Brasil e o caso envolvendo a companhia teve um efeito como um todo no mercado”, disse.

A Amec destacou que a atual situação da empresa, com corte de investimentos para lidar com a situação atual, além da queda do preço do petróleo, afetará a economia brasileira.

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Gordon destacou que “é lamentável que a Petrobras não tenha suas informações financeiras divulgadas e auditadas, como as outras empresas fazem”, mas destacou que, dependendo do número que vier no balanço auditado, se ficar muito distante do aguardado pelo mercado, “poderá acabar de afugentar os investidores da Petrobras”.

Gordon destaca, por outro lado, que a divulgação desse numero poderá trazer um bom momento de curto prazo para a Petrobras, por tirar uma grande incerteza que ronda a companhia. “Incerteza é o pior ativo possível”.

Porém, engana-se quem pensa que a destruição de valor da Petrobras começou há pouco tempo. Conforme aponta Gordon, a governança da estatal teve uma inflexão negativa em 2009, quando a companhia realizou o aumento de capital de uma forma vista como inapropriada pela associação, que se manifestou contra. A Amec destacou que havia um claro conflito de interesses no aumento de capital da empresa.

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A associação destaca que a Petrobras vale hoje cerca de US$ 42 bilhões sendo que, na época da maior operação do mercado de capitais da história, ela valia cerca de US$ 230 bilhões – e captou mais de US$ 70 bilhões. “As decisões tomadas desde então erodiram o valor da companhia. Ela vale hoje pouco mais do que a metade do aumento de capital. São quase US$ 260 bilhões de destruição de valor nominal”. 

E Gordon destacou evidências sobre a forte perda de valor dos papéis da companhia, apesar dela ter conseguido realizar descobertas de petróleo bem maiores do que os seus pares. 

Sobre a política de preços, Gordon ainda destacou que ela foi prejudicial para a companhia, não pela política em si, mas porque os crescentes prejuízos com a importação cara para vender a preços mais baratos no mercado externo não foi sustentável, o que também ajudou a afastar investidores. 

O vice-presidente da Amec disse que o presidente da entidade, Mauro Cunha, por ser conselheiro da Petrobras, não participa dos assuntos referentes à petrolífera na entidade, por questões de governança corporativa.

Em relação ao balanço ainda não auditado da companhia, Gordon destacou que ” é lamentável que a Petrobras não tenha suas informações financeiras divulgadas e auditadas, como as outras empresas fazem”.

Perdas por conta de processos
Gordon ainda destacou que não é conhecido o potencial do pleito na Justiça da ação que acionistas estrangeiros estão movendo contra a estatal. “Nossa empresa foi aviltada, é uma vítima e pertence ao patrimônio público. Agora, se indenizar os lesados, a empresa perde duas vezes”. 

O vice-presidente da entidade disse ainda que não acredita que a consequência dessas ações que tramitam na Justiça nos Estados Unidos será o fim da negociação de papéis da Petrobras na Bolsa de Nova York. “Não acredito que vai chegar a esse ponto. Há bom senso”, destacou.

“A Petrobras tem ativos de boa qualidade, tem capacidade de geração de caixa”, disse Gordon, destacando, por outro lado que o tamanho da dívida da companhia deve ter sofrido um salto, também por conta do efeito cambial, com a forte desvalorização da moeda brasileira em relação ao dólar.

No manifesto, a associação destacou que é preciso uma mudança na estatal:  “respeitado o poder de controlador do governo brasileiro, é necessário uma mudança radical e de fato na companhia, na direção de uma gestão profissional, prudente e responsável. Essa gestão deve conciliar retornos aos acionistas compatíveis com o risco do negócio e o legítimo interesse público que justificou a criação da empresa, sob o risco de interromper seu futuro promissor.”

(Com Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.