Ameaças e desrespeito à lei são inadmissíveis, diz Caiado

Para governador, o importante é garantir “a sobrevivência do regime democrático” após as manifestações marcadas para 7 de setembro

Gabriel Toueg

Ronaldo Caiado, governador de Goiás (União Brasil) (Foto: Isac Nóbrega/PR)

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SÃO PAULO – Às vésperas da mobilização em favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), disse nesta quarta-feira (25) esperar que os atos marcados para 7 de setembro fiquem dentro da legalidade e no respeito à democracia, afirmando serem inaceitáveis ameaças às instituições.

“Não podemos quebrar a ordem, achar que um movimento tem o direito de entrar e destruir o Congresso Nacional, o Itamaraty, entrar em órgãos públicos, quebrar pedágios, invadir estruturas de governos”, disse. “Isso é inaceitável, é inadmissível”.

“A presença das pessoas [nas ruas] e o clamor delas, proferindo suas vontades, tudo bem, faz parte da democracia”, disse, ao chamar o regime de “efervescente”.

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“Não podemos admitir nenhum milímetro a mais daquilo que a lei determina, […] não faço concessões [nesse sentido]”, disse o demista.

As declarações de Caiado foram feitas em painel durante a Expert XP 2021, em que também participou Wellington Dias (PT), governador do Piauí e atual coordenador do Fórum dos Governadores.

Caiado disse ainda acreditar que as manifestações previstas para o Dia da Independência deverão ter adesão de bolsonaristas “com um número dos maiores que já tivemos hoje em dia”, em referência ao período da pandemia, que manteve muita gente em casa.

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“O que precisamos entender é que, depois do dia 7 de setembro, o mais importante é a sobrevivência do regime democrático”, afirmou. Segundo ele, “a vida e a democracia são dois valores inalienáveis”.

Os protestos marcados em favor de Bolsonaro estão gerando temores de violência e de motins por parte de policiais militares que, embora comandados pelos governadores, têm demonstrado apoio ao presidente.

Nesta semana, o governador paulista João Doria (PSDB) chegou a afastar um coronel bolsonarista, dizendo que não aceita indisciplina na PM. Comandante de sete batalhões no interior de SP, Aleksander Toaldo Lacerda fez postagens nas redes sociais com convocações para o evento e críticas a Doria, ao STF e a outros políticos.

‘Ambiente de confiança’

Wellington Dias defendeu o diálogo entre Planalto, governos estaduais, órgãos públicos e privados “para criar um ambiente que dê segurança, previsibilidade, confiança” ao Brasil.

“Por isso o apelo que fizemos, de comum acordo, pelo Fórum dos Governadores, de chamar as autoridades para esse diálogo”, disse o governador do Piauí.

Nesta semana, o grupo formado pelos chefes dos executivos estaduais chegou a um acordo para propor reuniões com Bolsonaro e com os presidentes das duas casas legislativas – Arthur Lira (PP-AL), da Câmara dos Deputados, e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), do Senado Federal – e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.

Caiado e Dias alinharam discurso em favor do diálogo também para reduzir a tensão entre Bolsonaro e os tribunais superiores, que se intensificou ao longo das últimas semanas.

A crise política incluiu críticas de Bolsonaro à urna eletrônica e chegou ao ápice com o pedido que ele fez de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo. O pedido acabou sendo engavetado hoje pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). 

“É hora de podermos, com a antecedência [em relação às] eleições [de 2022], sentar à mesa e caminhar em assuntos mais imediatos, [como] a recuperação de renda, o desemprego, a ampliação da vacinação e ações concretas para que possamos, depois, defender cada um a sua bandeira”, disse Caiado.

O governador de Goiás disse, ainda, que chama a urna de “vossa excelência”. “Já ganhei e já perdi eleições, e respeito enormemente a vontade da população. Nunca me insurgirei contra a beleza do debate”, assegurou.

Pós-pandemia: olhar social

Os dois governadores defenderam, durante o debate, ações voltadas a melhorar a qualidade de vida da população mais vulnerável, que vive uma piora substancial em meio à crise sanitária. “Temos que lidar com a crise, [reforçando] protocolos, avançando com a vacinação, mas também com um olhar para o social, que não pode estar separado do econômico”, defendeu o governador do Piauí.

Wellington Dias disse ainda que é preciso “trabalhar integrado”, com as diferentes esferas de poder agindo conjuntamente também na busca de uma saída para o pós-pandemia. “O Brasil tem [no momento] um desemprego bem elevado e, junto a isso, a redução de renda, elevação de preços de combustíveis, alimentos, energias”, disse o petista. “O que estamos pedindo a [Bolsonaro] é que tenhamos uma rede de proteção social”, afirmou. 

O custo de vida tem sofrido forte alta no último ano, com efeitos sobre as áreas mencionadas pelo governador piauiense. O óleo de soja, por exemplo, subiu mais de 78% nos últimos 12 meses. O etanol passou de 52% de alta. Pressionado pela alta na energia elétrica, o IPCA-15 divulgado hoje pelo IBGE superou a marca de dois dígitos na prévia de agosto em Porto Alegre (10,37%), Goiânia (10,67%), Fortaleza (11,37%) e Curitiba (11,43%). 

O índice subiu 0,89% no mês, acima do esperado pelo mercado. Em julho, a inflação oficial acumulada em 12 meses chegou a 8,99%, taxa superior ao teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 5,25%.

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