Alta de juros para quê? Fracasso de Dilma é o melhor remédio contra a inflação

Pessimismo mais profundo quanto à capacidade de Dilma para reverter uma desaceleração na maior economia da América Latina está diminuindo as preocupações de que a inflação excederá a meta do governo para este ano

Bloomberg

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30 de maio – O fracasso da presidente Dilma Rousseff para reanimar a economia brasileira está conseguindo o que nem mesmo o ciclo mais longo do mundo de aumentos das taxas de juros foi capaz: convencer os investidores de bônus que a inflação irá desacelerar.

As expectativas deles para os aumentos dos preços ao consumidor caíram para 6,07 por cento, o nível mais baixo em três meses, segundo dados compilados pela Bloomberg. É menos que os 6,7 por cento de março, quando o Banco Central estava no meio da elevação dos custos de referência dos empréstimos, movimento que durou nove reuniões seguidas.

O pessimismo mais profundo quanto à capacidade de Dilma para reverter uma desaceleração na maior economia da América Latina está diminuindo as preocupações de que a inflação excederá a meta do governo para este ano, de 6,5 por cento. Os resultados da pesquisa do Banco Central com 100 analistas, na semana passada, mostraram que a média da previsão de crescimento em 2014 caiu para o nível mais baixo na história, enquanto o BNP Paribas SA disse que a economia se expandirá apenas 1 por cento, quase a metade do ritmo do ano passado.

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“O maior fator local para as expectativas de inflação é o cenário de crescimento no Brasil, que continua se deteriorando”, disse Tony Volpon, chefe de pesquisa para as Américas da Nomura Holdings Inc., em entrevista por telefone, de Nova York.

A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Medidas de crescimento
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse em 27 de maio que o governo tornará permanentes os cortes de impostos sobre as folhas de pagamento a um custo de R$ 21,6 bilhões (US$ 9,7 bilhões) ao ano, a última tentativa de estimular o crescimento. A medida vem um mês depois de Dilma, que busca a reeleição, anunciar ações para reduzir o imposto de renda, aumentar o salário mínimo e elevar a transferência de dinheiro para os pobres.

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No mês até a metade de maio, a inflação anual acelerou para 6,31 por cento, o ritmo mais rápido desde julho. Os estrategistas miram uma inflação de 4,5 por cento, com 2 pontos porcentuais para mais ou para menos.

“A inflação irá desacelerar perto do topo da faixa superior e provavelmente não a ultrapassará a menos que tenhamos outro choque”, disse Neil Shearing, estrategista de mercados emergentes da Capital Economics Ltd., que prevê que a inflação irá desacelerar para 6,1 por cento, por telefone, de Londres. “Três ou quatro anos atrás, pensávamos que o Brasil cresceria a uma média de 5 por cento nos anos seguintes, mas o novo normal é um crescimento de menos da metade disso”.

Ciclo de taxa
A taxa de equilíbrio, baseada na diferença dos rendimentos dos bônus ligados à inflação e de swaps de taxas de juros com vencimento em 2015, caiu 0,36 ponto porcentual desde 21 de março, o dia anterior ao que a Standard Poor’s rebaixou a nota soberana do Brasil em um degrau, para BBB-, citando uma perspectiva reduzida de crescimento ao longo dos dois próximos anos.

A decisão do Banco Central, em 28 de maio, de manter a taxa básica em 11 por cento fará com que a inflação acelere, segundo relatório de economistas do Banco Santander SA liderados por Fernanda Consorte enviado por e-mail. Desde abril de 2013, os estrategistas do banco elevaram as taxas em 3,75 pontos porcentuais, mais que qualquer outro banco central, exceto o da Turquia.

“Embora continuemos céticos em relação às tendências de inflação, ainda acreditamos que a Selic provavelmente terminará 2014 a 11,5 por cento”, segundo o relatório.

O crescimento econômico lento ajudará a trazer a inflação para baixo até o fim do ano, segundo Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil SA.

Neste mês, a confiança do consumidor, medida pela Fundação Getúlio Vargas, caiu ao nível mais baixo em mais de cinco anos, em mais um sinal de que o crescimento está desacelerando.

“Veremos uma desaceleração do ritmo do crescimento com o passar do ano”, disse Rostagno, em entrevista por telefone, de São Paulo.

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