Aloysio Nunes quer explicações para “conta paralela” que reforçou Tesouro em maio

O senador pediu a convocação do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, para explicar a operação

Estadão Conteúdo

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O líder tucano no Senado e vice da chapa de Aécio Neves (PSDB-MG) nas eleições presidenciais, Aloysio Nunes Ferreira (SP), cobrou nesta segunda-feira, 14, informações do governo sobre a “conta paralela” que reforçou o caixa do Tesouro Nacional em R$ 4 bilhões em maio. O senador pediu a convocação do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, para explicar a operação. Ele apresentou o requerimento de convocação dos dois na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

A existência dessa conta foi revelada pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, e pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, na semana passada. “O jornal apurou que o déficit primário do setor público brasileiro consolidado – ou seja, a diferença que existe entre as receitas do governo, aquilo que o governo recebe e aquilo que o Governo paga – foi de R$ 11,1 bilhões. É o pior da história para o mês de maio, desde o início da apuração desse dado. Ora, esse déficit de R$ 11,1 bilhões poderia ter sido R$ 4 bilhões maior se não fosse uma manobra”, disse hoje Aloysio, em discurso no plenário do Senado.

Conforme revelou o Broadcast, as contas do Tesouro Nacional tiveram uma ajuda inusual de uma operação de registro contábil que reduziu o rombo do mês de maio. Um volume de R$ 4 bilhões mantido por um banco privado em uma conta que estava fora do radar do Banco Central foi encontrado pela autoridade monetária às vésperas do anúncio oficial, pelo Tesouro, do resultado fiscal da União. O Ministério da Fazenda não explicou a origem desses recursos. O BC informou que o dinheiro representava um crédito a favor da União registrado em uma conta paralela. Os R$ 4 bilhões estavam registrados em uma conta fora do rol daquelas verificadas pelo Banco Central para calcular o resultado fiscal.

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Aloysio disse que a questão é “profundamente instigante” e que diz respeito à contabilidade pública no Brasil. E lembrou “da criatividade daqueles que gerem as contas públicas em nosso País”. Segundo o senador, com base nos dados denunciados pela reportagem, “as coisas estão passando do limite da criatividade”, “entrando para o terreno do delírio”.

“São R$ 4 bilhões que estão em um banco privado. O Banco Central se apercebeu dessa situação e, ao constatar que eram receitas, que eram haveres do Tesouro, da União, incorporou ao seu patrimônio, à sua conta, e, com isso, pôde apresentar um déficit ainda alto, mas que teria sido maior não fosse essa inclusão” criticou Aloysio.

O senador reclamou que o Banco Central e o Tesouro Nacional tenham se recusado a explicar o súbito aparecimento de recursos. “E o governo não dá explicações. É preciso que se verifique quais as repercussões desse fato estranho, bizarro, sobre a higidez do sistema financeiro; que essa estranha coincidência pode ter e que dúvidas esse incidente pode suscitar sobre a eficiência do Banco Central, como entidade fiscalizadora dos bancos”, cobrou.

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