Aliados de Dilma acreditam que carta pode reverter impeachment; governistas acham apelação

Na carta, Dilma pediu aos senadores que não façam a injustiça de condená-la por um crime que diz não ter cometido

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após a carta apresentada nesta terça-feira (16), em que a presidente afastada Dilma Rousseff defende a realização de um plebiscito a fim de antecipar as eleições de 2018 caso fique no poder, aliados da petista no Senado afirmaram que o documento pode reverter o resultado do julgamento do impeachment marcado para começar na próxima semana.

Por outro lado, a oposição da presidente afastada acredita que a manifestação dela aconteceu fora de tempo e não terá efeito prático para impedir sua condenação por crime de responsabilidade. Na carta, Dilma pediu aos senadores que não façam a injustiça de condená-la por um crime que diz não ter cometido e destacou que seu afastamento definitivo “seria um inequívoco golpe seguido de eleição indireta”.

Para Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da oposição no Senado, o fato da presidente se comprometer com um plebiscito, foi um acerto e que a população precisa ser consultada sobre os rumos do País. “Não jogamos a toalha, temos uma semana de batalha aqui”, destacou. Segundo ele, a carta não foi apresentada fora de tempo.

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Já o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou que a carta indica que Dilma ainda poderia ter capacidade de governar o País, em caso de absolvição dela e da realização de consulta popular. “Sem dúvida, após um plebiscito que definisse a continuidade do governo dela, ela passaria a ter mais legitimidade suplementar para estabelecer boa relação com Congresso”, disse.

Por outro lado, os governistas desqualificaram a carta e consideram o documento inócuo para reverter a condenação de Dilma. O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), chamou isto de um “ato de desespero político”. “Depois de ter virado as costas para o Congresso Nacional e a sociedade, ela quer agora dialogar? É uma medida intempestiva, fora do timing”, avaliou ele, ao considerar que a presidente afastada não é inocente.

O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse que a carta demonstra que Dilma está “completamente desconectada” com a realidade brasileira. “Ela trata do momento de crise que o País enfrenta como se não fosse ela a responsável por tudo isso”, criticou. O presidente do DEM, senador José Agripino (RN), considerou o gesto de Dilma “pura apelação”.

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“É inconstitucional e derrotista. Quando a Câmara dos Deputados aprovou a autorização da abertura do processo de afastamento, Dilma poderia ter anunciado essa proposta de plebiscito com compromisso de renúncia imediata. Aí, sim, haveria sinceridade por parte dela. Agora, com o impeachment praticamente aprovado, essa proposta soa apelação e não tem base constitucional. Parece atitude de quem, derrotada, joga evidentemente no ‘quanto pior, melhor'”, afirmou Agripino.

Com Agência Estado

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.