Alckmin se inspira em Trump e Marina rebate; Bolsonaro aplaudido e Ciro vaiado: destaques do evento da CNI

Confira abaixo os destaques da fala de cada um dos concorrentes da disputa eleitoral

Fredy Alexandrakis

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SÃO PAULO – Um debate promovido na quarta-feira (4) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) contou com a presença dos principais pré-candidatos à presidência da República, que apresentaram propostas e responderam a perguntas de empresários na platéia. Abriu o evento o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), seguido pela ex-senadora Marina Silva (Rede), pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), pelo ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB), pelo ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) e pelo senador Álvaro Dias (Podemos). Confira abaixo os destaques da fala de cada um dos presidenciáveis:

Alckmin à la Trump

Em sua fala, o tucano reiterou seu comprometimento com uma agenda de reformas econômicas, com prioridade dada à previdenciária. Sua proposta se baseia no que foi feito em São Paulo, durante sua gestão como governador, com o estabelecimento de um regime único de previdência, no qual o funcionalismo público teria fundo próprio: “Capitalização individual. Déficit zero. Fizemos em São Paulo. A reforma da Previdência é para ontem”, afirmou.

Alckmin também puxou inspiração do presidente americano Donald Trump. Ele promete reduzir o Imposto de Renda de pessoa jurídica, aos moldes do que fez o republicano nos Estados Unidos, com o intuito de fomentar os investimentos das empresas em seus negócios.

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O tucano disse, ainda, que pretende cortar impostos à indústria nacional, cuja tributação classifica como “um verdadeiro manicômio”. Ele propõe que um total de cinco impostos que recaem sobre a indústria sejam unificados na figura do IVA (Imposto de Valor Agregado).

Marina critica demagogia

Tomando a fala logo após Alckmin, a pré-candidata da Rede Marina Silva foi rápida em criticar o que enxerga como “demagogia” nas promessas do tucano, referentes a cortes no Imposto de Renda: “não vamos aumentar tributos, mas também não se vai fazer a demagogia de que, numa crise como essa, terá redução de tributos”, rebateu. Segundo ela, suas propostas para reforma tributária são mais focadas em simplificação, buscando cortar gastos com burocracia.

Ainda sobraram críticas à reforma trabalhista aprovada pelo governo do presidente Michel Temer, que, segundo ela, precisa de uma “revisão”. Para Marina, a medida ainda não cumpre a “modernização” que havia proposto à legislação trabalhista, uma vez que não atingiu todos os seus objetivos, como o do aumento de empregos.

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Em seus próprios planos para o País, promete um novo tipo de governança, diferente do presidencialismo de coalizão, que ela diz ter se tornado “de desmoralização, de degradação”. Sua proposta é de escolher suas alianças com cuidado, em meses de negociação no Congresso, dando atenção aos programas da governo de cada um.

Bolsonaro critica STF

O deputado do PSL voltou a criticar o STF (Supremo Tribunal Federal), por, segundo ele, passar à população a mensagem de que não se deve respeitar as leis. Em defesa da privatização de empresas, Bolsonaro questionou a postura do ministro Lewandowski, que concedeu liminar impedindo a venda de ações de estatais pelo governo sem aprovação no Congresso. “Isso é ideológico, para garantir o emprego de companheiros”, acusou.

No fim de semana, ele já havia dito que as decisões do Supremo “lamentavelmente têm envergonhado a todos nós nos últimos anos” e declarou intenção de apontar 10 novos ministros, caso eleito, elevando o número de magistrados para 21. Leia mais aqui.

Quando questionado sobre propostas para a reforma da Previdência e para a educação, Bolsonaro repetidamente limitou-se a dizer que “aceita sugestões”: “quem tem competência pra tudo? Se temos de nos socorrer da esposa e dos filhos para administrar uma casa, quanto mais para administrar um país, não faremos nada da nossa cabeça”, argumentou. 

O pré-candidato agradou aos empresários do evento ao criticar a atual legislação trabalhista e apontou para maior flexibilização: “O trabalhador vai ter que decidir se quer menos direitos e emprego, ou todos os direitos e desemprego”.

Ciro contraria empresariado

Se Bolsonaro tirou aplausos da plateia ao falar em corte de direitos trabalhistas, Ciro inspirou um coro de vaias ao propor uma discussão sobre a reforma do governo Temer, que definiu como “selvageria” que precisa ser substituída por “outra reforma trabalhista”. Frente à reação negativa, apenas reiterou sua posição: “É assim que vai ser mesmo. Se quiserem presidente fraco, escolham um desses que vêm aqui com conversa fiada para vocês”.

O pedetista ainda se posicionou contra as privatizações, em especial à da Eletrobras, que prometeu impedir ou reverter se assumir a presidência, já alertando o mercado: “não compre. Porque eu vou expropriar, com as devidas indenizações”.

Meirelles exalta experiência

O pré-candidato do MDB, Henrique Meirelles, debruçou-se sobre a própria carreira enquanto presidente do Banco Central (na gestão Lula) e ministro da Fazenda (na gestão Temer) para tentar conquistar a confiança dos empresários que assistiam ao evento. “Sirvo o País. Trabalhei com Lula e com Temer, sendo bem sucedido em ambos os casos”, argumentou. 

O emedebista ainda julga ser capaz de receber boa parcela dos votos que iriam ao ex-presidente Lula (cuja candidatura é ameaçada pela Lei da Ficha Limpa), devido ao trabalho desempenhado em sua gestão. Embora tenha registrado desempenho tímido nas pesquisas de intenção de voto até agora, Meirelles não duvida que conseguirá mudar esse cenário quando começar o período de campanha em rádio e televisão, devido ao tempo vantajoso de exposição que terá sua sigla. 

Álvaro Dias reforma as reformas

Fechando o ciclo de discursos, o senador Álvaro Dias reconheceu a importância de que o presidente eleito toque reformas, mas apresentou críticas tanto à alteração na legislação trabalhista da gestão Temer, quanto à proposta de reforma previdenciária em tramitação na Câmara dos Deputados: “há necessidade de reestudar a proposta de reforma da Previdência”, afirmou, “não há como evitar a idade mínima e não há como não convergir os sistemas público e privado. Não se fará reforma da Previdência sem eliminar privilégios de autoridades”.

O pré-candidato também bateu de frente com a política de preços da Petrobras, que atualmente busca paridade aos valores internacionais através de reajustes diários. Segundo Dias, os preços dos combustíveis devem levar em conta a situação econômica do País: “a Petrobras é estatal, sua prioridade é a nação e o consumidor e, em segundo plano, os acionistas”, concluiu. 

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