Alckmin e mentor de Bolsonaro na economia concordam em um ponto: privatizar é preciso

Em entrevistas publicadas nos últimos dias, governador paulista e Paulo Guedes defenderam privatizações

Lara Rizério

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SÃO PAULO – No último fim de semana, novas sinalizações sobre como será a tônica das eleições ganhou corpo no noticiário político-econômico. Em entrevistas nos últimos dias, o pré-candidato à presidência Geraldo Alckmin e o mentor do deputado Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, fizeram uma defesa bastante enfática sobre as privatizações. 

Eem entrevista à Folha de S. Paulo, Paulo Guedes, economista ligado a Bolsonaro, diz ser favorável à privatização radical. “Se privatizar tudo, você zera a dívida, tem muito recurso para saúde e educação. Ah, mas eu não quero privatizar tudo. Privatiza metade, então. Já baixa metade da dívida”, disse o economista. O presidenciável, segundo Guedes, tem aceito sua receita de privatização radical, corte de impostos e independência do BC. 

De acordo com o economista, que tem doutorado pela Universidade de Chicago, instituição que se tornou o símbolo do liberalismo”, o governo é muito grande, bebe muito combustível. Mas se você olhar para educação, saúde, ele é pequeno. Já que a democracia vai exigir a descentralização de recursos para Estados e municípios, o governo federal tem que economizar. Onde? Na dívida. Se privatizar tudo, você zera a dívida, tem muito recurso para saúde e educação. Ah, mas eu não quero privatizar tudo. Privatiza metade, então. Já baixa metade da dívida”.

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Em artigo publicado nesta segunda-feira no jornal O Globo, Guedes reiterou a sua visão e a complementou: “a reforma da Previdência, o controle de gastos do funcionalismo e a redução da dívida pública, através das privatizações e concessões, são a saída”.

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Já em entrevista para o Canal Livre, da Band, transmitida na madrugada desta segunda-feira (26), Alckmin defendeu inclusive a privatização da Petrobras, com a ressalva de que “é preciso discutir a modelagem” do negócio. O governador paulista foi questionado no programa sobre como seria sua postura diante do tema privatização durante as eleições e em um eventual mandato como presidente. Os entrevistados lembraram da campanha de 2006, em que Alckmin se posicionou contra a privatização de estatais. Em resposta, o governador de São Paulo disse que ele não se posicionou contra, mas combateu o que ele chamou de mentira de seu então adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Meu adversário naquela época, o Lula, disse que eu iria privatizar o Banco do Brasil. Não iria e nem irei. Mas apoio a privatização em alguns momentos porque o Estado não tem de ser empresário”, defendeu.

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Segundo Alckmin, tudo que puder ser feito pelo setor privado, o governo não deve interferir, dando lugar a privatizações, concessões e parcerias público-privadas (PPPs). O papel do Estado seria fundamental na fiscalização e na elaboração de um marco regulatório. Como exemplo, ele relembrou reportagens veiculadas neste ano que apontaram que concessionárias de rodovias aumentaram pedágios, mesmo sem cumprir contratos e entregar obras. “As PPPs são boas ou ruins? Depende. Se tiver um marco regulatório e fiscalização, são boas”, argumentou, reforçando que essas parcerias são formas de trazer investimentos para o País e gerar empregos.

segundo matéria da Folha, conselheiros de campanha de Alckmin sugeriram ao presidenciável que a Caixa Econômica Federal encabece a lista de privatizações em eventual governo do tucano. Pelo mesmo raciocínio, assessores de Alckmin argumentam que a entrega para a iniciativa privada de instituições consideradas mais técnicas, como o Banco do Brasil, deveria ser discutida mais adiante.

Vale destacar que, também segundo matéria do jornal Folha de S. Paulo, a escolha do ex-presidente do Banco Central Pérsio Arida para coordenação econômica de sua campanha à Presidência deu a Alckmin a esperança de trazer de volta ao seu partido nomes do meio econômico que haviam se distanciado. O racha pelo qual os tucanos passaram no último ano fizeram com que quadros tradicionais do partido debandassem, como foi o caso do ex-presidente do BC Armínio Fraga, que migrou para o movimento político Renova, ligado ao apresentador Luciano Huck; e da ex-diretora do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) Elena Landau, integrante do movimento Livres. 

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Em passagem por Brasília na última semana, o governador paulista disse não ter conversado com Armínio, mas comemorou suas declarações de apoio. “Fiquei feliz porque li uma entrevista dele no [jornal] “Valor” dizendo que vai nos ajudar, vai nos apoiar”, disse Alckmin.

(Com Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.