“Alarme de incêndio” foi ligado e fez Dilma mudar no 2º mandato, diz ex-ministro

Porém, projeto atual do governo é só evitar perder rating, mas já é algo, diz Maílson da Nóbrega em palestra "O futuro do Brasil"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O governo Dilma Rousseff teve o “alarme de incêndio” ligado no segundo mandato e, com isso, a presidente teve que mudar o rumo de sua política econômica, que não deu certo em seu primeiro mandato. Esta é a avaliação do ex-ministro da Fazenda no governo José Sarney e sócio-diretor da Tendências Consultoria, Maílson da Nóbrega. 

Em palestra realizada na última quinta-feira (29) realizada no CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), o ex-ministro destacou quais medidas devem ser adotadas para que a economia do Brasil volte a crescer e destacou o que já foi feito até agora. O evento marcou o lançamento do livro O acaso favorece quem se prepara, de autoria do ministro.

Mailson destacou ainda lembrou o combate à hiperinflação durante os anos de 1988 e 1990 durante o período Sarney e destacou que foi feito ” o que era possível” e que, atualmente, o cenário é muito melhor do que quando era ministro. 

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“O Brasil vivia [no final dos anos 1980] um inédito processo inflacionário. Tínhamos que garantir as eleições de 1989 nós agimos sobre a taxa de juros, a expectativa e a fé”, resaltou. 

E hoje, o cenário é muito melhor. “Apesar de dificilmente podermos fugir da recessão, fruto dos erros do primeiro mandato da presidente Dilma, nós temos as instituições necessárias para tanto”, afirmou.

Agora, ressaltou, o que é preciso é restabelecer a confiança e evitar a perda do grau de investimento pelas agências de classificação de risco. Por outro lado, há uma preocupação, já que não há um plano de voo no governo atual: “o projeto [atual do governo] é não perder o grau de investimento e evitar um colapso, só isso. Mas já é melhor do que se continuasse na mesma situação”, destaca o ex-ministro, ao falar sobre a mudança do governo Dilma. “O Brasil tem instituições sólidas e, assim, conseguirá reverter isso e evitar a perda do grau de investimento”.

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E como fazer o Brasil voltar a crescer? De acordo com o ex-ministro, é preciso restaurar a volta do aumento da produtividade, destacando três pontos para tanto. São eles: a simplificação do sistema tributário, a mudança na legislação trabalhista e a deficiência logística.

E a mudança mais óbvia, afirma, é a infraestrutura, sem que haja muitas esperanças de uma reforma tributária, já que “não há liderança política e mobilização para tanto”.

Sobre a educação para a melhora da produtividade, Maílson defendeu que ela é a chave de tudo e defende uma maior participação do governo brasileiro no ensino fundamental, “que é a base de tudo”. E ainda destacou o mau uso do dinheiro destinado à educação no Brasil, que gasta tanto ou até mais do que os países desenvolvidos, mas que gasta mal.

O Brasil tem futuro?
Durante a palestra, Maílson fez a pergunta e respondeu que o Brasil, tem sim, futuro, apesar dos problemas atuais que rondam a nação. Segundo ele, o Brasil superou certas barreiras que o candidatou a fazer parte do grupo de países ricos (apesar de não sabermos se vamos ser um deles).

E, conforme destacou, as reformas para aumentar a competitividade, a maior integração com a economia mundial, aumentar a produtividade em ritmo superior aos dos países riscos, mudar culturalmente para retirar o forte caráter antiliberal da sociedade são fatores importantes para o futuro brasileiro.

Maílson ressalta, por sua vez, que o Brasil já tem um democracia consolidada, que passou por todos os testes sólidos. As instituições são sólidas, destacou, não escolhendo os melhores, mas não permitindo que os ‘piores’ continuem”. Além disso, a base industrial complexa e diversificada (apesar das dificuldades recentes) e o agronegócio competitivo são pontos positivos para o País.

O sistema financeiro sofisticado e os “alarmes de incêndio” também são pontos positivos. E, segundo ele, o alarme foi ligado agora, levando Dilma a dar uma mudança radical ao trazer uma economia ortodoxa. “Dificilmente ela acredita no que está sendo feito”, destaca o ex-ministro, mas ressalta que a continuidade das políticas do primeiro mandato alijaria o PT no poder em 2018.

“Dilma tem uma contradição, está fazendo o que dizia que a oposição faria. Mas as mudanças são fruto das instituições e do instinto de sobrevivência”.

Os riscos para o futuro se baseiam em perdas de oportunidades que estamos vivendo, em que os desafios são grandes. “Os desafios são gigantescos, mas não como há como negar que o Brasil deu certo. Mesmo vivendo um momento difícil, não como não ser otimista com o futuro”.

Por outro lado, ressalta, não há como ser otimista no curto prazo e não só por conta do ajuste fiscal: “a sociedade tem que registrar ganhos de produtividade. E não temos isso ainda, mas só deter a marcha que nos leva ao colapso é alguma coisa”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.