Afastar-se das ideias liberais após eleição seria estelionato do governo Bolsonaro, diz Gustavo Franco

Ainda há uma imensa  poeira política levantada pelo pleito deste ano. Porém, não resta dúvida de que haverá novidades na economia, destaca o ex-BC em carta de estratégia de outubro da Rio Bravo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em carta de estratégias sobre o mês de outubro, a Rio Bravo Investimentos, que tem Gustavo Franco como sócio-fundador e estrategista-chefe, destacou os movimentos do mercado pós-eleições e o que esperar a partir de agora.

Conforme destaca Gustavo Franco na carta, ainda temos um bom tempo antes na posse do novo Congresso e um resto de legislatura que pode ser muito útil se o presidente eleito acolher a sugestão de Michel Temer de votar a emenda constitucional da reforma da Previdência tal como proposta e negociada no último ano.

“Em condições normais, a nova administração não teria razão para fazer esse agrado ao presidente que termina seu mandato, e junto ao qual ninguém gostaria de ser fotografado. Mas a gravidade e a urgência do problema fiscal tornam muito caro o gesto político de recusar o oferecimento”, aponta ele. Contudo, ultimamente, vê-se que há muitas dificuldades para a aprovação de alguma reforma ainda nesse mandato.

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Vale destacar que o presidente possui uma base majoritária relativamente firme, levemente maior que metade, mas inferior a dois terços.

Já a esquerda possui um terço ou menos, de tal sorte que as emendas constitucionais serão sempre difíceis, como têm sido, e requererão um grande esforço no centro do espectro. “Nenhuma novidade nesse desenho, apesar da troca de guarda nas duas casas e da não renovação dos mandatos de muitos caciques consagrados”, aponta.

O estrategista-chefe ainda ressalta que não é claro se o pleito tenha deixado ressentimentos proporcionais às paixões que despertou.

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“A crônica de divergências familiares e entre amigos de diferentes persuasões políticas tem alimentado o anedotário nacional, mas, em última instância, tudo parece indicar que a ameaça à democracia era apenas um de muitos exageros próprios do processo eleitoral. A vida continua exatamente onde parou. Na eleição anterior, ganhou a esquerda, fez uma presidência trágica; agora, ganhou a direita. É simples assim”, apontou.

De qualquer forma, ainda há uma imensa poeira política levantada pelo pleito. Porém, não resta dúvida de que haverá novidades na economia.

“O presidente eleito não possui nenhum histórico de simpatia às ideias liberais, mas, diante dos compromissos assumidos na campanha, afastar-se delas seria um ‘estelionato'”, aponta o ex-presidente do BC.

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De acordo com ele, na verdade, o eixo ideológico mais claramente discernível no Congresso e mesmo na campanha presidencial foi o anti-petismo, e na economia isso se traduz em pautas que fazem avançar o que o PT abertamente combateu destacadamente, aponta. São elas: a responsabilidade fiscal e o liberalismo.

As incertezas ainda prevalecem sobre as pessoas a ocupar os postos chave, bem como sobre as principais iniciativas de política econômica. Porém, o livre-pensar sobre possibilidades fora da caixa está encantando os mercados, afirma.

“Há grande valor simbólico nos movimentos do presidente nesses primeiros momentos, mas é tudo meio fugaz. Há falas longamente ensaiadas, como improvisos nos quais o presidente caminha sobre gelo muito fino. O fato é que, como na fábula ‘O Mágico de Oz’, não estamos mais no Kansas, uma nova experiência está começando, com muitas surpresas no horizonte”, conclui Gustavo Franco.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.