Aécio reconhece que já esteve mais confortável e volta a criticar adversárias

Em entrevista ao Jornal da Globo, ele voltou a criticar Marina Silva e Dilma Rousseff, dizendo que a petista irá perder e que as propostas de Marina são "inexequíveis"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, reconheceu em entrevista ao Jornal da Globo na madrugada de quarta para quinta-feira que já esteve em uma situação mais confortável na disputa pelo Planalto, mas falou ao jornalista William Waack que continuará mostrando por que é diferente das outras candidaturas, passando a atacar as candidatas Marina Silva (PSB) e Dilma Rousseff (PT), que estão a frente dele nas pesquisas. 

“Eu reconheço que hoje nós não temos uma situação tão confortável como tínhamos a 30 dias atrás. Mas o quadro mudou, a candidata é outra. O que eu acho que é essencial nesse momento […] O ano de 2015 e os anos vindouros serão anos difíceis para o Brasil e que não comportam improviso e mudança de posição ao sabor dos ventos. Eu tenho muita confiança que, no momento da decisão, a reflexão vai se dar em torno de duas candidaturas, porque, na minha avaliação, a atual presidente da República perderá as eleições. Perderá pelo conjunto da obra, pelos inúmeros equívocos do seu governo, pelo quadro extremamente perverso, do ponto de vista econômico, que ela deixará ao seu sucessor. E no campo oposicionista existe a nossa candidatura desde sempre na oposição a isso que está aí, e a candidatura da Marina, que terá que mostrar a consistência das suas propostas. E eu tenho dúvida exatamente sobre isso. Sobre a capacidade que ela terá de implementar, no prazo que se propõe, o conjunto de medidas ou de bondades que apresenta à população brasileira”, afirmou, destacando que as promessas de Marina são inexequíveis. .

 Aécio repetiu por diversas vezes que, se eleito, trará “previsibilidade” à economia, defendeu ser necessário soltar a “tampa da panela de pressão” dos preços represados com regras claras de reajuste, e prometeu que não será o presidente que tirará direito dos trabalhadores.

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“Reconheço que hoje nós não temos uma situação tão confortável como tínhamos 30 dias atrás”, disse o tucano ao ser questionado sobre sua posição nas mais recentes pesquisas de intenção de voto, nas quais aparece em terceiro lugar.

Pesquisas do Ibope e do Datafolha divulgadas na quarta mostraram o candidato do PSDB em uma distante terceira posição, enquanto a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, e Marina disputam a liderança em empate técnico.

Aécio voltou a dizer na entrevista que Dilma será derrotada nas eleições de outubro e, como tem feito nos últimos dias, continuou a subir o tom contra Marina, que tornou-se figura central na disputa ao assumir a cabeça de chapa do PSB com a morte de Eduardo Campos em um acidente aéreo em agosto.

   

“Temos uma nova candidata que se apresenta com um conjunto de propostas absolutamente inexequíveis do ponto de vista prático e terá de explicar isso. O custo das propostas já anunciadas até aqui, fora as que certamente ainda virão durante a campanha, significa um aumento de gastos de 150 bilhões de reais ao ano, 3 por cento do PIB”, disse Aécio.

   

“Só tem uma forma de se fazer isso: aumentando a carga tributária, que ela já disse que não vai acontecer. Então esse conjunto de propostas poderá se transformar amanhã em uma grande frustração da sociedade brasileira.”

   

“PANELA DE PRESSÃO” 

   

O tucano prometeu que, em um eventual governo seu, as regras para reajustes de preços como o dos combustíveis, da energia elétrica e dos transportes terão “regras claras”.

   

“Será um governo que sinalizará de forma muito clara para o mercado que as regras, inclusive de reajuste de preços, serão respeitadas e serão de conhecimento de todos”, garantiu.

   

“Essa receita do atual governo de conter a inflação através do represamento de determinados preços, isso deu errado desde a década de 1980. Nós temos que soltar a tampa dessa panela de pressão, mas sem sustos.”

 

Aécio lembrou ainda que “técnica ou não, o Brasil já está em recessão”, e culpou o que chamou de “equívocos” do governo Dilma pelo quadro econômico atual, que também conta com inflação elevada. Ele prometeu ainda focar o centro da meta da inflação, de 4,5 por cento ao ano, ao contrário do que, segundo ele, faz o governo atual, que mira no teto da meta, que é de 6,5 por cento ao ano.

O tucano voltou a dizer que apenas sua vitória em outubro já será o bastante para sinalizar aos investidores e melhorar as expectativas da economia, inclusive com uma “redução dos juros no longo prazo”.

Ele também classificou os direitos trabalhistas como uma “conquista da sociedade” e disse que não mexerá nesses direitos, embora tenha defendido o estímulo da negociação entre as partes.

Aécio, que afirmou que seu programa de governo será anunciado até o dia 15, disse ainda que esse conjunto de propostas incluirá medidas para corrigir “exageros” na concessão do seguro-desemprego. Ele, no entanto, não deu mais detalhes sobre como aconteceria essa correção.

(Com Reuters)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.