Aécio foi o melhor do debate dentre os “favoritos”; Luciana e Eduardo Jorge se destacam

Enquanto isso, Marina teve atuação um pouco apagada, já Dilma foi consistente, mas não animou; confira a análise

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O debate realizado pela TV Globo na última quinta-feira (3) foi tido como bastante tenso, com os candidatos à presidência buscando destacar os seus pontos fortes e apontarem para os pontos fracos dos candidatos.

Enquanto os “nanicos” se destacaram defendendo bandeiras polêmicas, os presidenciáveis buscaram mostrar maior segurança e consistência de suas candidaturas. Os candidatos Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB), Eduardo Jorge (PV), Luciana Genro (PSOL), Pastor Everaldo (PSC) e Levy Fidelix (PRTB). Mas, afinal, quem foi o melhor do debate?

O professor de mídias sociais da Universidade Mackenzie, Celso Figueiredo, fez uma análise da retórica dos três candidatos, com base em três pontos: ethos, pathos e logos. A dimensão do ethos é a da credibilidade, onde o candidato reforça elementos que garantem que as propostas são factíveis e que a sua equipe é competente. Já o pathos é a dimensão da empatia, ou “conquistar o coração do eleitor”, enquanto o logos é a dimensão racional, argumentativa e demonstrativa de cada um dos proponentes.

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Para ele, dentro de uma perspectiva retórica, quem se saiu melhor no debate foi o candidato Aécio Neves, pois ele conseguiu usar com eficiência as três dimensões da elocução, o Ethos (credibilidade) o Pathos (emoção) e o logos (razão). “Seus oponentes não foram tão eficazes nas três dimensões. Dilma foi muito forte em Logos e Ethos mas falhou em pathos. Marina foi forte em Ethos e razoável em logos mas se distanciou do púbico, foi fria e perdeu o pathos”.

Quanto aos outros candidatos, quem se saiu melhor para ele foi Eduardo Jorge, conseguindo manter  coerência em seu discurso (logos) e cativar a audiência (pathos). “Já Luciana Genro que vinha bem em outros debates extrapolou na agressividade e posicionou-se como franco-atiradora, perdendo o ethos necessário para garantir a credibilidade. Everaldo esteve apagado e Levy, bem, Levy é melhor não comentar”, ressaltou o professor. Confira a análise completa dos três candidatos com maior intenção de voto:

Dilma Rousseff. Ao analisar estes três pontos, Figueiredo analisa que a credibilidade de Dilma está assentada nas realizações passadas, de seu governo e de seu antecessor, Lula. Por outro lado, seu olhar desviado da câmera e sua impaciência quando desmentida tendem a perder a credibilidade.

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Do lado Pathos, por outro lado, ela não tem tanta empatia com o público, concentrando as suas falas nos fatos e deixando a emoção para segundo plano. Em relação ao último fator, o Logos, desde o início a presidente anunciou que faria um “debate propositivo”, reforçando seu discurso acerca dos seus feitos no governo. “Seu discurso rico em números aumenta a credibilidade das suas falas e empresta a ideia de competência e conhecimento dos fatos e assuntos próprios da presidência da república”, afirma o professor.

Aécio Neves. Do lado “ethos”, o tucano mostrou que, quando conhecia o assunto, “crescia” e obtinha bom desempenho; já quando “encurralado”, não soube demonstrar flexibilidade. Do lado pathos, sua abordagem é mais calorosa, com olhar direto para a câmera e com vocativos gentis ainda que formais e também expressa indignação, o que mostra uma postura generosa que é positiva.

Em termos logos, ele não apoia o seu discurso em dados,  mas demonstra conhecer os assuntos. “Ao não oferecer dados diminui a credibilidade de sua falar. Ainda assim, por apresentar um discurso articulado, a dimensão de logos é bastante consistente”, afirma o professor.

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Marina Silva. Por fim, a candidata do PSB investiu, do lado ethos, na defesa de sua história, mas balançou diante do ataque incisivo de seus opositores. Seu principal desafio é demonstrar que tem consistência para sustentar as pressões da presidência talvez não tenha sido alcançado.

Do lado pathos, a lentidão na elaboração da frase prejudica a candidata, fala generalidades e perde o pacto com o público. “Manteve distanciamento e frieza, com essa postura não houve a necessária aproximação do eleitor”, ressalta o professor. Em relação ao loghos, foi mais objetiva que em debates anteriores. “Conseguiu articular respostas com direcionamento pontual e reiterou o fato de ter um programa de governo, diferente de seus oponentes, o que em termos de argumentação não muito forte”. 

Debate foi importante para decidir quem vai ao 2º turno
Mario Ernesto Humberg, coordenador do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), destacou que um dos pontos positivos foi o embate direto sobre os mais variados assuntos, com os candidatos frente e a frente, sendo possível assim analisar a expressão facial. 

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Para ele, os nanicos tiveram bons momentos. Humberg destaca Luciana Genro que. para ele, conseguiu mostrar as suas ideias e ter bastante repercussão em suas falas, assim como Eduardo Jorge.

Ao mesmo tempo, os três presidenciáveis “favoritos” para ganhar as eleições, Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves, fugiram dos debates mais polêmicos.

E, dentre eles, quem se saiu melhor foi Aécio, na opinião de Humberg. “Aécio mostrou mais firmeza em suas colocações. Já Marina Silva não estava tranquila, pode ser tanto por conta da queda das pesquisas, da voz falha ou de já demonstrar cansaço por causa da agenda intensa nas eleições”, afirma. Enquanto isso, ressalta Humberg, Dilma não é espontânea, mas está bastante preparada até mesmo para responder a questões polêmicas, como de corrupção.  

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Para ele, o debate dificilmente mudou a opinião do eleitor sobre Dilma, mas pode mudar a percepção sobre quem estava indeciso entre Marina e Aécio. “Marina tem dois tipo de eleitores: aqueles que são contra o governo e que podem migrar para a candidatura tucana, e os que querem mudança”. Este último grupo tem resistência em votar no candidato do PSDB mas, ao mesmo tempo, também pode “fugir” da candidatura da Marina e se absterem ou irem para os “nanicos”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.