Aécio fala sobre impostos, novo ministério e afirma: “Lula não seria possível sem FHC”

Sobre política externa, ele afirmou que irá mudar o nível da relação internacional, que está deteriorado devido ao alinhamento ideológico

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O candidato ao PSDB à presidência da república, Aécio Neves, participou hoje de sabatina organizada pelo G1, em São Paulo. Na sabatina, o candidato tucano falou sobre o caso do aeroporto, os “mensalões tucano e petista”, segurança pública e impostos.

Aécio destacou que em 30 anos de vida pública, “sempre honrou a palavra e que governará olhando para o futuro. Vamos dar uma sinalização reduzindo os números de ministérios, apresentar uma proposta de simplificação tributária e resgatar os investimentos privados. Pode ter certeza que os próximos quatro anos que será feito o que não foi feito nos últimos doze anos”, afirmou.

Sobre política externa, ele afirmou que irá mudar o nível da relação internacional, que está deteriorado devido ao alinhamento ideológico. Segundo Aécio, “esta política não trouxe nenhum benefício para nós, com só três acordos bilaterais, sendo um exemplo do equívoco da política externa”, afirmou. Para ele, o sistema de equilíbrio que conduzirá a política externa. 

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Perguntado sobre os altos impostos no Brasil, Aécio ressaltou que a simplificação do sistema tributário já pode ser proposta nos primeiros dias de governo. 

Sobre a redução de ministérios propostos por ele, Aécio informou que o número pode ser reduzido de 39 ministérios atuais para 23 ou 24 ministérios. Para dar um exemplo, ele citou o Ministério da Pesca, que não se justificaria segundo ele. Ele afirmou que está estudando criar um Ministério da Infraestrutura, algo que está sendo visto com muito cuidado e muito critério. “Quero ministérios que funcionem, de qualidade, de superação dos gargalos da infraestrutura. Precisamos de um ambiente diferente do de hoje para superar os gargalos atuais”.  

O jornalista Tonico Ferreira, do G1, questiona se é mesmo possível fazer o Ministério de Infraestrutura, como já foi tentado no governo Fernando Collor: “o tempo dirá”, diz Aécio. 

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Quando questionado sobre a sua posição em relação a uma possível redução de salários no Congresso Nacional, o candidato do PSDB afirmou que esta não é a principal questão, afirmando que o trabalho é que deve estar em foco. “Defendo uma profunda reforma política, de forma a aumentar a conexão entre os parlamentares e a população”, afirmou. 

Liberação de maconha, aborto e casamento gay
Aécio diz que não é a favor da legalização das drogas, apesar de respeitar as alternativasfeitas por outros governos. Sobre a legalização do aborto, o candidato afirmou que em linha com a legislação atual sobre o aborto.

Caso do aeroporto
No segundo bloco, o candidato respondeu questões preparadas pelos jornalistas do G1. Sobre a polêmica sobre o uso do aeroporto de Cláudio, em Minas Gerais, Aécio afirmou que a acusação fosse esclarecida. “Obra foi feita com absoluta transparência”, disse, destacando que houve prioridade para a pista uma vez que a área na cidade era tida como a mais adequada. 

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“Isso não é um improviso. Foi feita à luz do dia, uma dessas obras foi na cidade de Cláudio, uma demanda antiga de asfaltamento de terra. A terra mais disponível era de um tio-avô meu. Houve desapropriação e ele está na Justiça até hoje. Tem quase 90 anos, está na Justiça e não recebeu um tostão. Quem levou vantagem nisso? O interesse do Estado foi preservado.”

Rejeição ao governo
Perguntado porque ele acha que é a hora do PSDB voltar para a presidência, Aécio diz que já achava antes e que “agora, boa parte da população está achando isso também”. “O conjunto da obra do governo levou ao sentimento crescente de rejeição”. 

Mensalões
Questionado sobre a fala de Dilma de que haveria “dois pesos e duas medidas” no julgamento do mensalão mineiro, que envolve membros do PSDB, em relação ao mensalão petista, Aécio Neves afirmou crer “que são coisas tão distintas” e que o PT tem uma dificuldade muito grande de reconhecer equívocos.

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Para Aécio, o mensalão do PT “foi um grupo dentro do poder que pagava mesada a parlamentares” enquanto, no mensalão tucano, as suspeitas recaem sobre “uma campanha eleitoral”.

“Eu não sou o juiz, eu apenas acato as decisões”, referindo-se à fala do ex-presidente Lula em abril em que disse acreditar “que não houve mensalão”. “O que eu posso garantir é que se houver algum companheiro em partido que for condenado nós não o transformaremos em herói nacional”, ressaltou. 

Segurança no Brasil
“O Brasil não tem uma política nacional de segurança, que vamos estabelecer o Ministério da Justiça será o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Nós vamos fortalecer a polícia federal”, afirmou. 

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Choque de gestão
Perguntado sobre se houve mesmo um “choque de gestão” em seu governo em Minas Gerais, o tucano afirmou que baixou os impostos de mais de 200 produtos no estado mas, por outro lado, “um fato correto foi que a dívida do estado para a União aumentou mesmo pagando religiosamente. “Todas as dívidas estão subindo por causa do indexador, participei intensamente das renegociações”.

Sobre um ajuste fiscal, Aécio evitou falar em corte de gastos. “Não falei em corte de gastos, nós precisamos de crescimento. Mas, onde tem política de má qualidade de gastos, vamos avaliar e cortar”, afirmou. Aécio destacou ainda que, “ao contrário de 2002, a nossa eleição vai trazer um ambiente de segurança jurídica que vai aumentar investimentos e assim, crescimento. O atual governo perdeu a capacidade de gerar confiança”, ressaltou. 

Sobre ferrovias e hidrovias, Aécio destacou os problemas nos setores de transportes e ressaltou: “o Brasil da porteira para dentro é o mais produtivo do mundo, ao contrário da porteira para fora”.

Lula não seria possível sem FHC
Sobre concursos públicos, em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teria cortado o número de vagas enquanto Lula ampliou, Aécio Neves afirmou que não haveria o governo Lula sem a atuação do ex-presidente do FHC, com reformas, privatizações de alguns setores, PROER, entre outros. Agora, contudo, “o ambiente é outro”. Porém, ele ressaltou, os concursos públicos são essenciais, mas pretende reduzir o número de cargos comissionados em cerca de um terço. 

Em suas considerações finais, o candidato afirmou que reestatizará as estatais, como já mencionado em outras falas do tucano, “tirando-a das garras do PT e devolvendo aos brasileiros”.

O candidato do PSDB abriu nesta segunda-feira a possibilidade de discutir a taxação sobre grandes fortunas ao mesmo tempo que defendeu que parte da dívida dos Estados com a União possa ser revertida em investimentos.“Acho que pode haver uma revisão da taxação atual”, disse Aécio ao ser questionado se é favorável a um imposto sobre grandes fortunas, durante sabatina.

Aécio também falou que irá propor o fim da reeleição para presidente, com um único mandato de cinco anos. Sobre os impostos, Aécio afirmou que pode considerar uma taxação de impostos sobre grandes fortunas: “sou a favor de rever a taxa atual”. 

E concluiu: “estou muito determinado a vencer as eleições e fazer um mandato em que todos vão se orgulhar”.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.