Aécio aponta “maior estelionato eleitoral da história” e diz que não é de direita

Em entrevista ao jornal O Globo no último domingo, ele falou sobre o governo Dilma e destacou: "para a direita não adianta me empurrar que eu não vou'"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em entrevista ao jornal O Globo realizada no último domingo (9), o candidato derrotado à presidência no segundo turno, Aécio Neves (PSDB), falou sobre como atuará na oposição e sobre o que teria dado errado em sua campanha, principalmente em Minas Gerais, onde perdeu nos dois turnos. Aécio ainda falou sobre os primeiros dias de Dilma Rousseff como presidente reeleita. 

Ao comentar a entrevista de Dilma a jornalistas da mídia impressa no Palácio do Planalto na quinta-feira, Aécio disse que “a candidata Dilma estaria envergonhada da presidente Dilma”. Isso por ter aumentado os juros – depois de ter dito na campanha que isso era “tirar comida da mesa dos pobres” – admitido inflação e se preparar para revisar a meta do superávit fiscal, além do resultado ruim nas contas públicas.

“Estamos assistindo ao maior estelionato eleitoral da história”, afirmou, dizendo que o próximo mandato, “já começa envelhecido”. “A presidente não se acha no dever de sequer sinalizar como será a política econômica”. “O choque de gestão, que incomoda tanto o PT, nada mais é do que gastar menos com o Estado e mais com as políticas fins”, afirmou. O senador tucano conta colocar a cabeça no travesseiro e dormir com a “consciência tranquila”, depois de ter feito uma campanha “falando a verdade”. “Não sei se a candidata eleita pode fazer o mesmo”, acrescentou.

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Ao ser perguntado se a oposição também não está envelhecida, ele disse que ao contrário, “a oposição sai extremamente revigorada da eleição” e, pela primeira vez, está “conectada com a sociedade”, afirma.

“A campanha teve duas marcas muito fortes. A primeira, protagonizada pelo PT e pela candidata que venceu: a utilização sem limites da máquina pública, do terrorismo eleitoral, aterrorizando beneficiários do Bolsa Família, do Minha Casa Minha Vida. Inúmeras regiões ouviram durante meses, isso sim uma grande lorota, que, se o 45 ganhasse, seriam desfiliados dos programas. Infelizmente, essa é uma marca perversa. Mas há uma outra, extraordinária, que é um combustível para construir essa nova oposição. O Brasil acordou, foi às ruas. Minha candidatura passou a ser um movimento. Nosso e desafio é manter vivo esse sentimento de mudança, por ética”, destacou.

Aécio anuncia a criação de dez grupos, de dez áreas específicas, “para acompanhar as ações do governo. Comparar compromissos da campanha com o que acontece em cada área”. Sobre a CPI da Petrobras, garante que irá “às últimas consequências nessas investigações” e afirma que, “se alguém pensou em algum acordo, e no caso do deputado Carlos Sampaio ele foi ingenuamente levado a isso, será corrigido”.

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Ele ainda disse que chega a ser “risível ouvir o PT falar que é hora de descer do palanque. O PT, sempre que perdeu, nunca desceu. E quando venceu também não desceu. E quem paga a conta são os brasileiros”.

Quando perguntado como fazer para que o PSDB não se confunda com o movimento que pede a volta dos militares, o senador tucano disse que é com “o nosso DNA” e que “é filho da democracia” e citou o seu avô Tancredo Neves. “Teve um momento na campanha do meu avô Tancredo, em 1984, que pregaram uns cartazes em Brasília com o símbolo do comunismo. Era um movimento da direita mais radical para dizer que ele era comunista. Tancredo disse: ‘Olha, para a esquerda não adianta me empurrar que eu não vou.’ Ele era um homem de centro. E, agora, eu digo: ‘Para a direita não adianta me empurrar que eu não vou'”, ressaltou.

Questionado sobre as eleições de 2018, ressalta não ter “obsessão” em ser candidato. Após a derrota de Aécio, o nome do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, começou a ser cotado no partido como futuro presidenciável. “Antecipar uma divisão no PSDB hoje é uma bobagem. Não tenho obsessão em ser candidato a presidente (…). Lá na frente, o candidato será aquele que tiver melhores condições de vencer”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.