“Acabar com a fome é a prioridade zero”, diz Lula ao assinar decreto da nova cesta básica

Presidente discursou em tom de cobrança em evento: "Não temos o direito de desrespeitar as pessoas que passam fome"

Fábio Matos

Lula participa da abertura da 1ª Reunião Plenária Ordinária de 2024 do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), em Brasília (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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Em tom de cobrança aos ministros de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (5) que o principal objetivo de seu terceiro mandato à frente do Palácio do Planalto é erradicar a fome no Brasil.

Lula participou da abertura da 1ª Reunião Plenária Ordinária de 2024 do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), em Brasília. A presidente do órgão, Elisabetta Recine, entregou ao chefe do Executivo um documento com 248 propostas já aprovadas para subsidiar o governo na elaboração do 3º Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional para o período de 2024 a 2027.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), segurança alimentar é o acesso permanente, e em quantidade suficiente, a alimentos saudáveis e nutritivos.

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Um dos decretos assinados por Lula nesta terça regulamenta o Programa Cozinha Solidária, criado no ano passado para custear iniciativas da sociedade civil que ofereçam comida gratuitamente ou a preços populares. Outro altera a composição da cesta básica de alimentos – tema que também deve ser debatido pelo Congresso Nacional durante a regulamentação da reforma tributária.

A aplicação dos dois decretos será coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

Cobrança contra “burocratas”

“Nosso programa só não dará certo se a gente virar burocrata, preguiçoso e não trabalhar. Nós temos todos os instrumentos para acabar com a fome neste país. Temos o presidente da República, o ministro da Fazenda, do Planejamento, do Meio Ambiente, da Agricultura… Nós temos tudo”, afirmou Lula.

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“É importante que a gente não permita que nenhuma questão burocrática de qualquer instância do governo crie problema”, prosseguiu o presidente, em tom de cobrança. “Acabar com a fome é prioridade zero deste país. E, portanto, é trabalhar. É cada um de nós exigirmos, a começar de nós mesmos, que a gente esteja fazendo a coisa correta.”

Em seu discurso, Lula lembrou que o atual governo já tem mais de um ano e precisa intensificar a entrega de resultados, principalmente na área social. “Nós já estamos há um ano no governo. Até agora, foi arrumar a casa. Mas a casa já está arrumada. Depende de nós. Nós temos essa obrigação”, disse. “Não temos o direito de desrespeitar as pessoas que passam fome neste país. Crianças desnutridas não podem esperar. Pessoas que não tomam café da manhã ou não almoçam não podem esperar.”

Segundo o presidente, o principal compromisso do governo tem de ser acabar “com essa maldita doença chamada fome, que não deveria existir em um país agrícola como o Brasil”. “[Estamos] assumindo publicamente o compromisso de que, ao terminar o meu mandato, a gente não vai ter mais ninguém passando fome por falta de comida neste país. Este é um compromisso que nós temos de cumprir”, afirmou Lula. “A gente pode errar em qualquer coisa. Mas, no combate à fome, a gente não pode errar.”

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Ainda de acordo com Lula, o governo federal tem “todas as condições” para cumprir essa meta. “Teremos condições de garantir e de fazer as cestas básicas saudáveis. Não precisamos pedir para ninguém. Temos todos os instrumentos na mão para fazer”, afirmou. “O mundo não poderia ter fome porque já produz alimento suficiente. O problema da fome é a falta de dinheiro”, prosseguiu Lula. “Nós precisamos ter consciência de que o problema não é falta de alimento. É falta de recurso para as pessoas terem acesso ao alimento.”

Cesta básica

O decreto assinado por Lula que trata da cesta básica faz uma alteração no Guia Alimentar para a População Brasileira e no Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos. O texto prevê que a alimentação “pode ser adaptada de acordo com a cultura alimentar, acessibilidade do ponto de vista físico e financeiro e baseada em práticas produtivas adequadas e sustentáveis”.

O último decreto que tratou da composição da cesta básica era de 1938, assinado pelo então presidente Getúlio Vargas (1882-1954).

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Caberá ao Ministério do Desenvolvimento Social a publicação de guias orientadores e manuais informativos que orientem a composição da cesta básica em relação à quantidade e à combinação de alimentos, de acordo com o que determina a legislação. Ela também deverá ser composta por alimentos in natura ou minimamente processados e ingredientes culinários.

Segundo a pasta, a adaptação da cesta básica “deverá considerar seu impacto fiscal e distributivo, visando a ampliar a progressividade das políticas públicas e reduzir as desigualdades de renda”.

De acordo com o decreto, a cesta básica deverá ser composta por:

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.