A semana explosiva da presidente Dilma Rousseff em 4 atos

De isolamento político até chance real de impeachment com depoimentos de Delcídio do Amaral e nova fase da Lava Jato atingindo em Lula: Dilma está em uma situação bem complicada

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A presidente Dilma Rousseff iniciou esta semana já com muitos problemas. Em dias anteriores, o marqueteiro de suas últimas campanhas, João Santana, havia sido preso no âmbito da Operação Lava Jato, e no final de semana passada, ela enfrentou ataques do PT durante o aniversário de 36 anos do partido.

Porém, a semana apenas começara para a presidente, que viu as chances de impeachment eclodirem em meio às novas fases da Lava Jato e a delação não-homologada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que acusou diretamente Lula e Dilma de interferirem na Operação. 

Somou-se a isso às novas delações no radar, com destaque para a fala de diretores da Andrade Gutierrez de que a empresa fez pagamentos ilegais para a campanha de Dilma em 2010, além dos rumores de que eles podem falar de caixa dois na campanha de 2014. Neste quadro, está ainda o “sinal verde” que Marcelo Odebrecht deu para que os diretores façam delação premiada. Para finalizar a semana, o seu antecessor, ex-presidente Lula, foi alvo da Lava Jato na 24ª fase da Operação o que, na visão de analistas, deve aumentar ainda mais a chance da presidente cair dada a sua vinculação com o petista. 

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Com todos esses acontecimentos, diversos analistas políticos passaram a revisar as suas projeções para a queda da presidente. No caso da Eurasia, se na quarta-feira a consultoria de risco político afirmou que Dilma sobreviveria ao impeachment, nesta sexta, em meio aos últimos acontecimentos, passou a ver como mais provável (chance maior de 50%) da presidente sair do poder. A MCM ressaltou “que os eventos desta quinta e sexta- feira tornam mandatório considerar como preponderante o cenário Governo Michel Temer”.

 Porém, o cenário segue bastante incerto e o imponderável passou a dar o tom. Mas o que parece estar certo é de que a situação da presidente está cada vez mais fragilizada. E o “imponderável” deve seguir ditando o rumo da presidente. 

Veja abaixo a sequência de atos explosivos contra a presidente nesta semana:

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1. Fragilidade com o PT
Dilma não participou da festa de aniversário do PT, no Rio de Janeiro, alegando sua agenda apertada por conta da viagem ao Chile. Porém, o real motivo para a ausência da presidente foi o forte ambiente de tensão entre ela e o partido. 

O evento evidenciou as fortes diferenças que existem entre o Palácio do Planalto, que está a voltas com o ajuste fiscal e precisa retomar a credibilidade, e o PT, que está de olho nas eleições municipais de 2016 e quer uma “guinada econômica” do governo. O PT divulgou uma proposta durante o aniversário do partido defendendo a “expansão imediata dos gastos sociais”. Com isso, aumentaram-se os sinais de isolamento da presidente e, assim, a fragilidade da presidente.

2. Novas delações
Segundo informações da Folha de S. Paulo da última terça-feira, a Andrade Gutierrez afirmou ter feito pagamento ilegal para a campanha da presidente em 2010. A revelação foi feita no acordo de delação premiada de 11 executivos da Andrade e é a primeira citação direta de irregularidade apurada pela Lava Jato que envolve campanha de Dilma. 
O sócio e diretor da Arko Advice, Thiago de Aragão, ressaltou na ocasião que a presidente está em uma situação cada vez mais complicada: “a delação da Andrade vai acelerar ruptura maior de Dilma com o PT, pois o nível de radicalização do partido para se defender vai aumentar”, afirmou. 

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, destacou à Bloomberg que há uma “deterioração incontornável da presidente”. As chances de saída de Dilma via TSE parecem de maior peso, mas o processo de impeachment pode se acelerar, “dado que seria do interesse agora do PMDB que isso acontecesse”, afirma. “Diria, assim, que há 70% de chance que ela caia, ou que apareça alguma solução que lhe tire poder, não sendo claro ainda timing e modo de se fazer isso”, destaca o economista.

3. E a grande delação: a de Delcídio
Porém, foi no final da semana que os eventos mais fortes apareceram no radar. Na quinta-feira, foi divulgada pela IstoÉ a delação premiada não homologada de Delcídio do Amaral. Segundo a IstoÉ, o ex-líder do governo no Senado disse em depoimento para a Polícia Federal que a presidente Dilma Rousseff tentou barrar as investigações da Operação Lava Jato.

“Caso confirmada [a delação], trata-se de uma hecatombe política. Assim como no escândalo do mensalão, o ‘fogo amigo’ poderá selar o destino do governo Dilma. É mais combustível para a oposição fazer decolar a agenda do impeachment”, afirma o analista político da Barral M. Jorge, Gabriel PetrusEle ressalta que ainda há muitos percalços técnicos e jurídicos para se validar ou não a delação de Delcídio. Segundo a IstoÉ, o acordo da delação não foi homologado até agora pelo ministro do STF Teori Zavascki por conta de uma cláusula de confidencialidade de seis meses exigida por Delcídio. 

4. O “gran finale”: Lula na Lava Jato
Após a “bomba” da véspera com a delação não-homologada de Delcídio do Amaral, o mundo político voltou a ligar o sinal de alerta com a Operação Lava Jato tendo como alvo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As interpretações são diversas, mas muitas convergem ao indicar que Dilma deve se enfraquecer ainda mais, as chances de impeachment aumentam e a agenda propositiva do governo fica em segundo plano.

“Os eventos desta quinta e sexta-feira tornam mandatório considerar como preponderante o cenário Governo Michel Temer”, diz a MCM Consultores.  Sobre Lula, a interpretação é de que se aumenta as chances de inviabilidade da candidatura dele em 2018. O  analista político e fundador da Hold Assessoria Legislativa, Andre Cesar afirma que, para a imagem do Lula, ser levado pela PF significa o fim. No curto prazo, atenção para as manifestação, tanto pró quando contra Lula e o ex-presidente. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.