
SÃO PAULO – A grande estrela desta semana foi a agência de classificação de risco Standard & Poor’s, que cortou o rating do Brasil para “junk”, ou seja, abaixo do grau de investimento. As reações foram bem fortes, desde a oposição até dentro do governo, suscitando uma reação curiosa – e bem diversa da quando o Brasil ganhou o grau de investimento – do ex-presidente Lula.
A presidente Dilma Rousseff também ganhou destaque nesta semana ao falar sobre os remédios amargos que terão que ser dados para a economia voltar a crescer, ideia essa rejeitada pelo seu vice-presidente. Enquanto isso, ela reitera que não irá renunciar – apesar do apoio para tanto ter aumentado após o Brasil ter virado junk.
Confira abaixo as frases que marcaram esta semana:
“Infelizmente, a perda do grau de investimento do Brasil e a perspectiva de revisão negativa nos próximos doze meses mostram que o governo da presidente Dilma acabou”
Aécio Neves, senador pelo PSDB-MG, ao comentar a perda do grau de investimento pela S&P
“Isso não significa nada. Significa que apenas a gente não pode fazer o que eles querem. A gente tem que fazer o que a gente quer”
Lula na Argentina ao comentar o Brasil sendo rebaixado pela Standard & Poor’s para “junk”, em uma fala bem diferente de 2008, quando a mesma agência elevou o rating do Brasil
“Você acha que uma agência lá no fim do mundo vai conhecer a realidade da economia brasileira? É uma percepção lá de fora. O Brasil tem lastro, o Brasil tem R$ 1 trilhão em reservas, não pode perder os investidores que acreditam e tem confiança no Brasil como um bom pagador”.
José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara dos Deputados, ao “desdenhar” do rebaixamento
“O rebaixamento é certamente um tapa na cara para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que foi para o governo justamente para evitar isso”
Economist, revista britânica, em reportagem após o rebaixamento do rating. A matéria ainda diz que grande mistério é por que corte do Brasil para junk não aconteceu antes
“Levy perdeu uma batalha, embora ele não tenha necessariamente perdido a guerra ainda”
Alberto Ramos, economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, ao falar sobre os desafios após o rebaixamento
“Acho que ela [Dilma Rousseff] vai ter de ir embora. Vai ter de renunciar. É o capítulo final”
Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro das telecomunicações, em entrevista ao Estadão sobre o pós-rating
Dilma reage
“Eu não saio daqui, não faço essa renúncia. Não devo nada, não fiz nada errado”
Dilma Rousseff, em entrevista ao Valor Econômico na quinta-feira, ao defender a sua permanência no cargo.
“Alguns remédios para essa situação, é verdade, são amargos, mas são indispensáveis”.
A presidente, em discurso de 7 de setembro, em que afirmou que, se governo cometeu erros, o que é possível, é necessário superá-los
“Temos que evitar remédios amargos e, se for possível simplesmente cortar despesas, a tendência é essa”
Michel Temer, vice-presidente, rejeitando a ideia de Dilma sobre os tais remédios amargos
“Em mais de 30 anos de vida pública, o vice-presidente da República, Michel Temer, sempre expôs suas posições políticas de forma aberta e franca. Como acadêmico, seus raciocínios têm premissa e conclusão. Não é frasista. Não se move pelos subterrâneos, pelas sombras, pela escuridão.”
assessoria de Temer, em nota no domingo em que disse trabalhar com Dilma e repudiando “conspirações” e “intrigas”
O que vai salvar o Brasil?
“O pobre ajudou a salvar o Brasil”
Lula, no Paraguai, ao defender os programas sociais e criticar as medidas de ajuste
“Talvez eu tenha que pagar um pouquinho mais de imposto, mas se isso permitir que o PIB acelere e cresça mais rápido, já ganhei o dinheiro de volta. A gente não pode ser vítima de uma miopia na questão dos impostos”
Joaquim Levy, ministro da Fazenda, em entrevista pós corte do rating
“O BC vai jogar a economia no buraco se elevar mais os juros”
Nelson Marconi, coordenador executivo do Fórum de Economia da Fundação Getulio Vargas, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Acabou a agonia?
“Acho que existem dois cenários: um é o de uma agonia curta, com impeachment. O outro de agonia longa, cumprindo três anos e meio de mandato. Mas será uma agonia que não vai mudar nada. Há uma paralisia e qualquer um dos cenários – de aumento de impostos ou de diminuição do Estado – envolve retaguarda política, que não existe”
Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, destacando um cenário pessimista sobre a economia brasileira em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo
“Pior já passou”
Eduardo Braga, ministro de Minas e Energia, ao falar sobre a retirada da nota de grau de investimento da Petrobras, na sequência do corte do rating soberano
“Eu disse que o PT havia chegado ao fundo do poço, mas parece que para eles o poço é móvel, sempre pode piorar”
Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, durante ato do PSDB
“Não sei como comunicaram a você e não me comunicaram. É uma pena”.
Lula na Argentina, ao ser abordado sobre um pedido da Polícia Federal para que ele prestasse depoimento na Operação Lava Jato.