A estratégia de Temer foi uma frustração clara, diz Rio Bravo – mas ainda resta uma alternativa para ele

Do ponto de vista político, Temer sofre para aprovar as reformas em meio à alta impopularidade, apontam os gestores da Rio Bravo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em relatório de estratégia para comentar o mês de abril, a gestora Rio Bravo Investimentos traçou um cenário sobre os desafios do presidente Michel Temer para a aprovação das reformas e também para a recuperação da economia brasileira. 

Conforme destaca a Rio Bravo, tem sido “irritante” o gradualismo com que se configura a recuperação da economia, do que decorre uma frustração e um desafio.

“A presidência de Michel Temer terceirizou a administração da economia para um time de perfil ortodoxo que pôs em operação um conjunto de iniciativas que
agradou os mercados, mas que exigia uma enorme energia política para passar reformas constitucionais e resistir às tentações de gasto”, apontam eles.

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Havia um dilema implícito,diz a Rio Bravo: “o “sacrifício político traria um benefício sob a forma de uma recuperação segura que compensaria com sobras o investimento inicial”. Enquanto isso, a despreocupação com a popularidade parecia genuína, talvez porque se a tomasse como temporária e reversível tão pronto quando “brotassem” as boas notícias da economia, ressaltam os gestores.

Porém, a estratégia parece não ter dado certo. Isso porque, depois de algum tempo, a impressão é de que está sedimentado o nível de reprovação ou de impopularidade do governo e parece ser bem remota qualquer possibilidade de reversão desse cenário, diz a Rio Bravo. “Assim sendo, do ângulo político, a frustração com a estratégia de política econômica de Michel Temer está clara”.

Apesar da frustração, uma coisa ainda resta: o desafio de reafirmar o desprendimento do presidente “que desde o início estabeleceu para si o compromisso com reformas difíceis, impopulares (ainda mais quando não devidamente explicadas) e essenciais para o futuro do país”.

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Porém, em meio a esse cenário, a Rio Bravo faz três questionamentos: “o esforço vai continuar? Mesmo considerando que a recompensa política e particularmente eleitoral deixou de existir? Ainda que o presidente se mantenha firme, conseguirá sustentar uma base parlamentar igualmente despreocupada com seu futuro eleitoral?”

Essa última questão faz sentido uma vez que, mesmo com Temer buscando demonstrar que está despreocupado com a impopularidade, os seus aliados não estão. O sentimento de que o voto na reforma da Previdência traz implicações eleitorais importantes está presente em todos os casos de hesitação e dúvida entre os membros da base governista, apontam os gestores. “Todos se sentem pressionados pelas bases, e vulneráveis aos lobbies das corporações mais poderosas, dentre as quais vem se destacando a dos professores”, avaliam os gestores. 

Segundo a Rio Bravo, as perspectivas de votação bem-sucedida de uma versão robusta da reforma previdenciária não parecem boas, “a despeito da vitória importante e talvez um tanto inesperada na votação da reforma trabalhista”. Conforme aponta a Rio Bravo, o placar foi folgado no plenário em se tratando de lei ordinária, ainda que insuficiente para uma reforma constitucional, 296 a favor e 177 contrários.  Porém, no campo da opinião pública, a reforma trabalhista esteve no centro dos debates em torno da greve geral do dia 28 de abril, anterior ao feriado.

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“A segunda-feira seguinte, 1º de maio, dia o trabalho, seria uma data natural para um protesto, mas as centrais conseguiram multiplicar o impacto do debate e assustaram a classe política com manifestações de rua”.

Neste sentido, apontam os gestores, pouco importa a real motivação dos que protestaram na sexta e na segunda: “o governo mal conseguiu um sucesso de crítica com a reforma trabalhista e permanece encurralado em índices de popularidade preocupantes”.

Enquanto isso, na economia, com relação aos indicadores de atividade, há certo alento. Porém, ainda existe muita cautela para se falar em recuperação. “Mas os sinais são mais concretos após a divulgação dos dados de comércio e serviços revisados, mostrando forte crescimento nos primeiros dois meses do ano”, afirmam os gestores. As boas notícias se concentram nas expectativas de inflação e na convergência para a meta de 2017 e revisão das metas futuras para baixo, aponta a Rio Bravo. 

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“A cavalaria pode estar a caminho, e a salvação política do governo viria de sua improvável persistência em políticas econômicas e reformas corretas e populares. Mas os riscos continuam grandes, e os mercados vivendo um dia de cada vez”, ressalta a gestora.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.