A eleição acabou, e agora? Confira quais foram os maiores ganhadores e perdedores das urnas em 2016

PSDB saiu fortalecido, tendo Geraldo Alckmin como grande destaque; PT confirmou derrocada e governo Temer fortalece base, o que pode ajudar com as medidas de ajuste

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O segundo turno das eleições municipais, realizado no último domingo (30), confirmou uma tendência já observada no início do mês de outubro, quando foi realizado o primeiro turno.

O forte encolhimento do PT – que perdeu cerca de 60% da sua força em números de prefeituras e governará apenas uma cidade com mais de 200 mil habitantes (Rio Branco, capital do Acre), além de não governar nenhuma cidade do ABC Paulista – contrasta com o aumento de forças do PSDB, que governará 24% da população brasileira, recorde desde 2000. 

Contudo, há muitas nuances entre a vitória tucana e o enfraquecimento petista. Dentro dos próprios partidos, com destaque para o PSDB, há quem tenha se enfraquecido e quem tenha se fortalecido com a disputa. Confira os maiores perdedores e vencedores desta eleição municipal – e seus reflexos para 2018: 

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Maior perdedor:

PT: confirmando a derrocada
Se o baque já foi grande no primeiro turno, com o PT perdendo 60% das prefeituras no primeiro turno ao eleger 256 prefeitos em 2016 ante 630 em 2012, o segundo turno marcou a derrota fragorosa do partido. A legenda perdeu em todas as sete cidades em que disputava segundo turno e não conquistou nenhuma cidade do ABC paulista. 

O resultado é emblemático quando se leva em conta as grandes cidades. O partido terá apenas um nome entre as cidades com mais de 200 mil eleitores: Marcus Alexandre, em Rio Branco. Em 2012, o PT elegeu prefeitos em 17 municípios com mais de 200 mil habitantes: ou seja, uma queda de 94,1% no número de prefeituras na comparação com o pleito anterior. 

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Segundo levantamento do jornal O Estado de S. Pauloi, a parcela governada pela sigla desabou de 19,9% para 2,9%. 

Com a derrota fragorosa, há maior pressão das correntes minoritárias do partido, que veem mais espaço político para contestar a CNB, corrente majoritário do partido, por exemplo. Além disso, existe grande risco de continuidade de êxodo de políticos da sigla. O processo de sucessão de Rui Falcão na presidência do PT poderá ditar o ritmo desse movimento.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal figura do partido, também perde forças, em um momento em que ele é réu na Operação Lava Jato e vê seu capital político minguar. Lula era cotado para disputar a eleição presidencial em 2018, mas há indicações de que o PT pode não lançar candidato próprio. Uma das hipóteses seria apoiar o possível presidenciável Ciro Gomes (PDT). 

PSDB e a disputa Alckmin X Aécio
O PSDB se consagrou o grande vencedor das eleições municipais de 2016. Com vitória em 28 das 92 cidades do país com mais de 200 mil eleitores,os tucanos administrarão a partir do ano que vem cidades que totalizam 23,7% da população nacional. Assim, o PSDB se transformou no partido com a maior população governada no Brasil neste século.

Partido venceu em 789 cidades com 26,8 milhões de eleitores no primeiro turno. No segundo, conquistou 14 cidades a mais, com um eleitorado de 7,6 milhões em um total de 34,4 milhões.  Os tucanos passaram de 695 para 803 prefeituras, um avanço de 15,54% na comparação entre o pleito de 2012. 

Por outro lado, dentro do PSDB, o grande vencedor foi o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Se no primeiro turno, o candidato bancado por ele em São Paulo, João Doria, conseguiu vitória no primeiro turno, as vitórias de tucanos em quatro cidades do ABC (Santo André, São Bernardo, Rio Grande da Serra e São Caetano) consolidaram a presença do PSDB no estado. O governador paulista ainda tem iniciado articulação importante em outras regiões do país, caso do PSB no Nordeste. 

Soma-se a isso a derrota do candidato do PSDB, bancado por Aécio Neves, em Belo Horizonte, o que enfraqueceu a pretensão do senador mineiro para disputar a candidatura à presidência, em 2018. 

O analista político Juliano Griebeler ressalta que a candidatura de Alckmin sai fortalecida. Uma campanha presidencial é algo que exige uma grande articulação para sua oficialização e, desta forma, as campanhas municipais são muito importantes pois os eleitos funcionam como cabos eleitorais para seus partidos e aliados. Entretanto, é importante lembrar que dois fatores não podem ser desconsiderados: muita coisa pode ocorrer em dois anos (basta lembrarmos o que aconteceu desde as eleições de 2014 até agora) e o eleitor brasileiro tende a votar de forma independente, ou seja, não necessariamente vota nos mesmos partidos”, afirma ele. Aécio terá um ano e meio para reverter o enfraquecimento e muita coisa pode acontecer: pela frente, estará a disputa pela liderança da bancada de deputados tucanos em Brasília, a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados no início de 2017 e a escolha do novo presidente do PSDB, também no ano que vem.

 Cabe lembrar ainda que uma das candidaturas vitoriosas do PSDB foi a de Nelson Marchezan Jr., em Porto Alegre; a legenda governará pela primeira vez na sua história a capital gaúcha. Marchezan Jr. é um nome próximo de Aécio e teve o apoio do senador. Ou seja, Alckmin sai fortalecido dessa eleição para disputar 2018 – mas a disputa segue aberta. 

PMDB
O PMDB teve o segundo melhor desempenho na disputa: vai governar 20,5 milhões de eleitores a partir do ano que vem, número que equivale a 14,2% do total. Em número de prefeituras, o partido sai na frente, com 1.038 no total, número 1,67% maior do que no pleito anterior, quando conquistou 1.021. 

Entre as cidades com mais de 200 mil eleitores, o PMDB governará 14 cidades a partir de 2017, ante 11 disputadas no pleito de 2012. Isso apesar de ter sofrido uma forte derrota já no primeiro turno no Rio de Janeiro, onde seu candidato, Pedro Paulo, não conseguiu ir para o segundo turno. 

Mais do que o PMDB, o ganhador das eleições é o governo Michel Temer, com sua base aliada (que inclui o PSDB) governando 81% do eleitorado. “O encolhimento da esquerda e a ascensão dos partidos da base do governo, no curto prazo, ajuda a cimentar o apoio para a aprovação das pautas da agenda governista”, ressalta a Rosenberg Consultores Associados.  

Outros destaques:

– Além de PT, PSDB e PMDB, vale ressaltar outros destaques da eleição. A vitória de Roberto Cláudio (PDT) em Fortaleza consolida a força dos irmãos Ciro e Cid Gomes no Ceará, que derrotaram dois nomes também de peso: Eunício Oliveira e Tasso Jereissati. Os dois “caciques” apoiaram o nome de Capitão Wagner (PR), que ficou em segundo lugar na disputa. 

Com essa vitória, Ciro Gomes “tem uma avenida para crescer” caso continue optando por preencher os vazios deixados pela esquerda. Ciro representa um dos poucos nomes que se intitula de esquerda em algum movimento de alta e consolida candidatura para 2018.

– Por outro lado, o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) sofreu uma derrota em seu estado. O atual prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB) foi reeleito, em disputada contra Cícero Almeida, do PMDB. Almeida teve como principal cartaz da campanha a parceria com o governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), filho do senador. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.